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Uma reflexão sobre o tempo
| Foto: Bigstock

É tempo de (re) conexão. É tempo de olhar para o tempo de uma nova maneira.

Tudo é relativo, parafraseando Albert Einstein. Há tempos e tempos... Para os gregos há dois tipos de tempo. Há o Chronos, relativo ao tempo cronometrado, medido, marcado. E há o Kairós, relativo à qualidade do tempo.

Na atual sociedade privilegia-se o primeiro, o tempo marcado, o tempo monetizado. Porém, a pandemia nos trouxe tempo para pensarmos sobre o tempo. Inclusive nos trouxe a consciência de que por vezes, de uma hora para outra, não temos mais tempo. O que você vem fazendo com seu tempo?

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Na esfera criativa, a qualidade do tempo é fundamental para a boa criação. Não se cria de uma hora para outra. Ao menos não se cria algo de qualidade de uma hora para outra. Analisemos a relatividade do tempo. O arquiteto espanhol Antoni Gaudí tinha 31 anos quando começou o projeto da Sagrada Família. A obra ocupou os restantes 43 anos da vida do artista. Sua conclusão é prevista para 2026. Porém, não há dúvidas de que se tornou atemporal, dada sua qualidade estética. E me pergunto: o que são 143 anos ante a eternidade?

Já o pintor francês Marcel Duchamp, que é considerado um dos três mais importantes artistas do século 20, criou sua obra mais icônica “FONTE”, que se trata da recontextualização de um mictório, em poucos minutos.

Trata-se de uma das mais icônicas e provocativas obras de arte do século 20, e viria a revolucionar PARA TODO O SEMPRE a definição de ARTE. Obviamente que antes de tal materialização, houve anos de um trabalho consistente do artista que culminaram na conceituação da criação.

Já na psicologia existe o conceito de “tempo de qualidade”, que se trata de um período em que dedicamos exclusivamente nossa atenção a alguém, com o objetivo de estreitar a relação com essa pessoa.

Para finalizar, deixo aqui de forma subliminar a resposta àqueles que me perguntam sobre o processo criativo. Tal qual ocorre na psicologia, para a criatividade são fundamentais a dedicação e a profundidade do tempo presente, a dedicação exclusiva do criador com a sua criatura. Devemos estreitar a relação daquilo que imaginamos com o que realizamos.

Porém, vale ressaltar que dedicação exclusiva nos dias atuais é utopia. Somos estimulados a sermos multitarefas. Nos fazem acreditar que é obrigatório estar conectado nas mídias sociais 24 horas ao dia, a responder mensagens de forma instantânea. Porém, para criar, é melhor se desconectar para se reconectar.

Todos os dias temos 24 horas. O que vão ser delas? Uma soma ou uma subtração em sua vida? Cabe a você definir a qualidade de seu tempo presente.

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