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A hora de restabelecer os vínculos com a escola pública
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Após os terríveis acontecimentos na Escola Raul Brasil, em Suzano (SP), a reação de muitas secretarias de educação pode seguir pelo caminho de fechar ainda mais a escola para a comunidade, seja em relação ao regimento interno ou à estrutura física, que em nome de uma maior proteção ganha ainda mais grades e portões de ferro. Como em tudo na vida, é necessário encontrar um ponto de equilíbrio, porque o ambiente que hoje já é pouco acolhedor pode afastar ainda mais o jovem que não vê sentido na educação.

Mais do que reagir a toque de caixa, diretores escolares e tomadores de decisão que estão em secretarias precisam ser cobrados para implementar alternativas para os problemas que já conhecemos há tempos. Lógico que escola alguma está preparada para uma ação de atiradores, mas episódios de indisciplina decorrentes de um clima escolar carregado de tensão tendem a diminuir com abertura à colaboração de todos dentro da escola, algo que tem tudo a ver com uma gestão democrática.

Dar voz e permitir que todos os alunos participem e tenham a chance de conectar a educação ao seu interesse vai ao encontro de inúmeras palestras e livros que relacionam a inovação à personalização, ao uso de metodologias ativas e ao estímulo à educação mão na massa, todos conceitos que têm como maior característica o fato de colocar o aluno como protagonista de seu aprendizado. E por que a cultura escolar não muda?

O primeiro passo pode vir com a implementação de uma escuta atenta à opinião dos estudantes para identificar demandas e levar adiante a conversa do corredor. Por ser pouco comum, essa postura porventura causa desconforto em diretores e equipe pedagógica, mas de novo fica a questão: quem disse que o modelo atual funciona do começo ao fim?

A gestão precisa se permitir errar. A estrutura escolar sempre se caracterizou por uma rigidez contra tudo e contra todos, que na ponta do processo tem o aluno que copia da lousa para fazer uma prova no dia seguinte. De novo, não parece estar funcionando.

No Porvir, desde a educação infantil ao ensino médio, são muitos os casos de escolas públicas pelo país que se abriram a uma abordagem aberta à colaboração do estudante e conseguiram mudar não apenas comportamentos, mas também atrair o interesse deles para projetos em sala de aula e junto à comunidade. E é possível fazer isso logo cedo.

Em Guarulhos (SP), uma escola pública de educação infantil ao ensino médio criou um conselho formado por crianças. E mesmo as que ainda não foram alfabetizadas levam seus desenhos com demandas de seus colegas. E se alguém quiser uma montanha-russa no pátio? Cabe ao grupo explicar porque a escola não tem como arcar com a obra faraônica.

No ensino médio, acompanhamos o trabalho de educomunicação focado no dia a dia do estudante que foi preponderante para mudar o clima escolar em uma escola de ensino médio de Porto Alegre (RS). Desenvolvido pela Flacso Brasil (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) em parceria com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o programa diagnosticou e desenvolveu um planejamento participativo de prevenção à violência.

O plano de ação desenvolvido pelos estudantes tratou desde questões como a iluminação do ponto de ônibus até o funcionamento do conselho escolar. À medida que o processo avançava, crescia o sentimento de pertencimento e de corresponsabilização por tudo o que acontecia dentro e no entorno da escola de 1900 alunos.

É por isso que nos últimos dias mais do que pensar nos hábitos online e reproduzir fotos e vídeos dos atiradores de Suzano, entendo que é cada vez mais importante nos preocuparmos em melhorar e ampliar os processos que ajudam a criar vínculos entre alunos, professores, funcionários e diretores de cada escola pública.

Para conhecer mais sobre as experiências descritas ao longo do texto, visite o Guia Participação dos Estudantes na Escola (porvir.org/especiais/participacao/)

 

* Texto escrito pela equipe do Porvir, o maior portal de informações sobre inovações em Educação, na internet. O Porvir/Instituto Inspirare colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no Blog Educação e Mídia.

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