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Afinal, quem deve estar no centro do processo ensino-aprendizagem? Professor ou aluno?
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Nesta semana li um artigo do Professor José Pacheco que me causou algumas reflexões. Uma crítica ao que a gente lê, ouve e vê por aí no meio educacional. Algumas escolas seguindo modelos da Finlândia, Cingapura, Israel, e as que não querem ou que não podem ir tão longe, seguindo o modelo daqui mesmo, das escolas de Sobral¹ (CE).

Pacheco diz que: “Os anos passam e com eles os modismos e tendências educacionais que parecem fazer pouco ou nenhum eco no dia a dia da sala de aula, virando meras lembranças rascunhadas em um lindo PPP² de gaveta”.

Lembro-me bem quando vivi na escola um desses modismos. Nós professores éramos orientados pela direção, deveríamos ter um discurso com os pais, realizar algumas atividades e ter uma nova forma de avaliar. Mas na prática, isso serviu muito mais ao “PPP de gaveta” do que ao cotidiano escolar. E como todo modismo, passados alguns meses, ninguém mais ouvia falar do assunto e tudo voltava a ser como antes.

Pacheco tem razão ao nos provocar para esse momento delicado que vive a educação. Afinal, estamos no século XXI, mas ainda temos escolas do século XIX, com turmas, séries e disciplinas “encaixotadas” e o professor no centro da sala de aula.

Algumas pessoas e iniciativas acreditam estar em um movimento contrário, lutando para superar esse atraso e acreditando que colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem vai resolver, mas isso também é um engano. Segundo o educador português, vivemos um novo paradigma em que nem o professor, nem o aluno estão no centro.

“Nós estamos no paradigma da Comunicação, o centro é a relação, é o vínculo, a aprendizagem significativa”, afirma.

Gostei muito dessa ideia de que no centro deve estar a relação. Sair um pouco do oito OU oitenta, do aluno OU professor. Por que não pensar em uma proposta em que alunos E professores estejam juntos por um mesmo objetivo?

Como diria o teórico francês Philippe Meirieu, precisamos entender que o diploma que nos dá uma profissão, não necessariamente nos habilita a ensinar, e muito menos garante que os estudantes vão aprender. Por isso, precisamos criar um momento pedagógico que faça brilhar os olhos dos estudantes, que acenda a luz da curiosidade, que os faça querer aprender para ascender a uma nova condição.

Minha provocação final vai para todos que pensam e fazem educação nesse país: que tal pararmos de discutir onde deve estar a centralidade do processo ensino-aprendizagem, e pensarmos de que forma a educação pode ser melhor contextualizada, mais atrativa, em como as aulas podem ser mais significativas, instigantes e efetivas?

¹ Sobral é um município cearense que se destacou nacionalmente pelos altos índices educacionais e bom desempenho nas avaliações nacionais.

² PPP – Projeto Político Pedagógico – documento que orienta o caminho a ser seguido pela escola. Dá as diretrizes para o processo ensino-aprendizagem.

* Ana Gabriela Simões Borges é doutoranda em Educação, Superintendente do Instituto GRPCOM e Educomunicadora. A profissional colabora voluntariamente com o Blog Educação e Mídia.

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