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Cinco desafios da gestão escolar na atualidade
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Nossa sociedade vem atravessando um momento turbulento em função da pandemia e este movimento atingiu em cheio a educação. Mudamos o formato das aulas, num primeiro momento, imaginando ser um plano provisório. Mas, após um ano, observamos que este movimento está mais consistente e com a tendência de permanecer. Ainda assim, não estamos com o preparo necessário e num cenário cheio de incertezas. Nesta perspectiva, vamos abordar cinco grandes desafios e as estratégias para se sair bem dessas situações:

1- A comunidade escolar deposita todos os votos de esperança no gestor 

Como já sabemos, o trabalho do gestor escolar não é uma tarefa fácil em momentos de normalidade, e, com o cenário atual, essa complexidade se potencializou. Com todas as atribuições já conhecidas, o gestor também precisou buscar novos conhecimentos, principalmente na área da saúde, e estar muito alinhado com os protocolos de segurança e saúde, além de decretos estaduais e municipais.  Além disso, outro papel do gestor que tomou corpo neste período é o de “Salvador da Pátria”, como a figura que transmite segurança para as famílias, estudantes e professores. Contudo, a grande maioria das ações que a escola executa neste período são deliberações das autoridades sanitárias e do Poder Executivo; logo, o gestor é apenas um executor desses protocolos. Portanto, ele precisa saber buscar as informações corretas, nos lugares corretos e deixar claro que é seu papel cumpri-las, e não deliberar sobre elas. Outro ponto importante, é manter seu equilíbrio psicológico, tanto para não ser cobrado por questões que transcendem suas ações, como para não se cobrar demais pelo mesmo motivo.

2- Educação e tecnologia

Neste momento, as tecnologias estão em alta na educação. Mesmo entendendo que é apenas um período, tudo indica que elas vieram para ficar, mas, tanto a estrutura quanto a formação de quem atua na Educação Básica, estão sem o preparo necessário. Assim, é preciso investir em formação continuada, não apenas para sua equipe, mas também para o gestor. Conhecer novas ferramentas, como otimizá-las, custos, entre outros fatores é de suma importância para o gestor. Além disso, é importante que o gestor estimule sua equipe de professores para que busquem novos conhecimentos nessa perspectiva.

3- Comunicação assertiva

A comunicação sempre foi um ponto de atenção na gestão escolar. Agora, porém, ela está muito mais sensível. O simples fato de estarmos nos comunicando num momento de ensino híbrido, ora em momento remoto, ora presencial, em um ambiente repleto de muita tensão em virtude dos decretos e dos desafios tecnológicos, necessita de grande atenção para a efetivação da comunicação. Mas não é preciso assumir mais essa missão sozinho: aqui, o gestor pode recrutar os membros da sua equipe com habilidades nesta área para auxiliá-lo na condução do processo. Ele pode utilizar, de maneira contundente, a arte de delegar, que será abordada mais adiante.

4- Relação Família e Escola

Outro fator que já era uma importante atribuição do gestor e agora também está mais sensível. Com o desequilíbrio financeiro de muitas famílias, a tensão instaurada pelas aulas híbridas, a preocupação com a aprendizagem dos seus filhos, a organização logística quando se tem aula remota e não presencial, geraram uma tendência de ruptura nessa importante relação. Aqui é fundamental estreitar laços, incentivar as relações e manter a proximidade com as famílias. Mesmo que de maneira remota, o gestor deve buscar envolver e manter os pais ativos na dinâmica escolar. Recrutar as famílias para ações em momentos de descontração e lazer, mesmo que on-line, pode ser uma boa opção. Afinal, não se pode ter momentos com as famílias apenas quando se tem problemas com os seus filhos.

5- Evasão escolar com duplo sentido

Seja na rede pública ou privada, a evasão escolar é um movimento mais presente na realidade do gestor em tempos de pandemia, e pode ser observada sob duas perspectivas: a saída do aluno da instituição ou simplesmente o pouco movimento ou abandono das atividades escolares. A primeira perspectiva preocupa em especial o gestor da escola privada, uma vez que, sem os recursos provenientes das mensalidades, a receita diminui e os problemas aumentam, enquanto a segunda perspectiva assusta também os gestores da rede pública, pois com o grande número de matrículas entrando, os professores têm mais dificuldade de dar conta deste controle, ainda mais por grande parte das escolas pública não terem retomado as atividades nem na modalidade híbrida, permanecendo na remota. Então, busque números, resultados e o panorama geral da sua situação, para buscar estratégias específicas e condizentes com a realidade da sua comunidade escolar e seus recursos.

Permeando tudo isto, emerge a arte de delegar. É preciso aprender a delegar as questões da escola. Afinal, seria preciso o gestor se multiplicar por três para dar conta de tudo isso sozinho. Lembrando que delegar não é entregar simplesmente a execução de algo, e sim acompanhar, orientar, monitorar e corrigir estratégias, pois o gestor deve gerir os processos e acompanhá-los. É importante lembrar da metáfora da corda ao delegar uma tarefa: quando se delega uma atividade, damos a ponta da corda para outra pessoa — o que significa que ambos são responsáveis por manter a corda sem cair — e vamos esticando, aumentando a distância e, ainda que não consigamos ver a outra ponta da corda, cada um ainda mantém a sua função, o gestor ainda segurando a sua ponta. Delegar é a maior e mais importante atribuição do gestor, e somente com esta habilidade conseguiremos desenvolver com assertividade todas as outras. 

Texto escrito por Josemary Morastoni, pedagoga, especialista em formação de professores e Coaching Educacional, mestre e doutoranda em Educação e diretora pedagógica do Instituto Casagrande. A profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.


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