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Ensino de História, Novas Metodologias e Olimpíadas Científicas
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Aprendizagem colaborativa, resolução de desafios, foco na pesquisa, interdisciplinaridade, uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs), metodologias ativas, trabalho em equipe, professor como orientador e aluno protagonista. É bem provável que recentemente você tenha ouvido essas expressões em ambientes escolares, especialmente relacionadas ao Novo Ensino Médio que começou a ser implementado nas escolas brasileiras nesse ano de 2022. Novidade? Revolução no Ensino? Para os participantes da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) e alunos do Colégio Sesi Campo Largo, com certeza não.

Com um projeto pioneiro na área de Ciências Humanas, desde 2009 a ONHB destaca-se como uma das mais importantes olimpíadas científicas no Brasil, ultrapassando a marca de 18 mil equipes inscritas de todos os estados brasileiros na edição desse ano. Diferentemente das Olimpíadas científicas escolares mais tradicionais, como a de Matemática, a participação na ONHB não é individual, mas em equipes formadas por três alunos - de oitavo e nono anos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio - e um professor orientador.

Ao longo de seis fases, que ocorrem de forma on-line e que têm duração de uma semana cada, alunos e professores são instigados a ler, pesquisar, analisar e interpretar diferentes fontes históricas, desde documentos oficiais, propagandas, trechos de obras literárias, obras de arte e canções até publicações de redes sociais e podcasts.

Além da resolução de questões de múltipla escolha, em cada fase há uma tarefa que aproxima ainda mais os estudantes das atividades pertinentes ao método científico em História, como a transcrição de manuscritos e a produção de pesquisa científica publicada em diferentes formatos, como capítulo de livro didático, jornal, folder de turismo, exposição ou blog. Em muitas edições, as tarefas instigaram a investigação a respeito da história local, contando inclusive com a História Oral como fonte, despertando um sentimento de pertencimento e dando significado à aprendizagem da História.

Apesar de o número de inscritos ter crescido nos últimos anos, a participação do Estado do Paraná ainda é tímida, se comparada a outros estados brasileiros, sendo que das 320 equipes classificadas para a fase final, apenas 8 são do Paraná, sendo duas do Município de Campo Largo e orientadas por mim. Com a experiência de 13 edições e 7 finais, sou testemunha das transformações provocadas em meus alunos e na minha própria prática docente.

Quando em 2010 me deparei com a ONHB, no mesmo momento percebi a similaridade com a metodologia das Oficinas de Aprendizagem do Colégio Sesi no Paraná, cuja base preconizava o trabalho em equipe, a pesquisa, a interdisciplinaridade, o protagonismo e, sobretudo, a responsabilidade do aluno na construção do conhecimento, valorizando o professor como orientador/mediador desse processo. Com as mudanças pertinentes à implementação do Novo Ensino Médio, observamos a necessidade e a importância dessas metodologias e projetos que contribuem para o sucesso nesse desafio que nos foi apresentado.

A melhoria na capacidade de leitura e interpretação de textos e imagens, o desenvolvimento de competências relacionadas à produção escrita, a construção da argumentação, o raciocínio lógico e a ampliação da visão de mundo, são apenas alguns dos ganhos reais dos nossos alunos olímpicos. Não tenho dúvidas de que, ainda mais importantes, são a experiência do trabalho em equipe, a vivência da pluralidade de culturas e histórias, o respeito à diversidade e, especialmente, a conscientização da importância do jovem como sujeito histórico e conhecedor das estruturas sociais e históricas do nosso país. Essa consciência permite que nossos alunos sejam não apenas conhecedores dos seus direitos, mas cidadãos ativos e atuantes na construção de um Brasil mais justo e sem preconceitos.

Parafraseando o grande mestre Rubem Alves, o objetivo da educação é criar a alegria de pensar. Pois é isto o que ONHB proporciona a todos nós, professores: transforma-nos em provocadores de espanto ao nos propor questões e temas tão variados, de forma a nos instigar a pesquisar, a debater com nossos alunos e a aprender com eles.

Juliane Moraes é mestranda do ProfHistória na UFPR e professora de História e Sociologia, no Colégio Sesi e no Colégio Estadual Macedo Soares, em Campo Largo, além de representante da Região Sul na elaboração da prova da 1ª Olimpíada Nacional em História do Brasil Aberta para Todos (ONHB-A) em 2021.A autora colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM, no Blog Educação e Mídia. 

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