• Carregando...
Escrita, Leitura e Tecnologias – Olhar de Linceu dos Profissionais da Educação
| Foto:

Há poucos dias, iniciamos o ano letivo de 2019, com a tarefa pedagógica – enquanto professores, gestores e profissionais envolvidos com a educação – de análise, reflexão e ajustes necessários em relação à aprendizagem e ao ensino da escrita e da leitura, a partir das proposições dadas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

No documento da BNCC, afirma-se que alfabetização é o foco da ação pedagógica nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental. Isto significa que professores, gestores e profissionais que atuam na educação precisam aprofundar o conhecimento sobre os elementos constitutivos da Língua Portuguesa, as características discursivas da linguagem escrita e oral, dadas nos diferentes textos que vão compor o referencial de estudo nas turmas de alfabetização.

A metodologia do processo de ensino e aprendizagem da escrita e da leitura é dada pelo desenvolvimento de práticas de linguagem: oralidade, produção de textos, leitura e escuta e análise linguística/semiótica, com atenção aos procedimentos e estratégias para estudo das diferentes relações que se estabelecem em um texto escrito, oral ou digital.

Ao mesmo tempo, é necessário refletir como se aprende a escrever e a ler, como o cérebro processa os conhecimentos sobre o sistema linguístico, considerando funções como a memória, atenção, percepção, imaginação e, sem dúvida, a compreensão do sujeito que aprende. Costumo dizer que a escrita é uma das tarefas mais complexas que o ser humano realiza, seguida da leitura compreensiva, pois ambas exigem conhecimentos, processamento de um sistema, organização (tanto oral quanto no registro impresso), dependendo da intencionalidade comunicativa que as pessoas possuem em diferentes tempos e espaços.

Ensinar e aprender a escrever e a ler é compor um referencial de conhecimentos oriundos da linguística, dos processos de aprendizagem discutidos pela Psicologia e pela Neurociência, assim como a construção histórica do ensino da escrita e os usos culturais e sociais. Portanto, o olhar dos profissionais da educação deve ser aprimorado para um “olhar de Linceu“ sobre diversos conhecimentos.

Essa expressão da nossa língua faz referência aqueles que possuem uma visão apuradíssima, “enxergando” o que está além de um determinado campo, além de uma parede, de uma situação, de um registro. O mesmo acontece na lenda de Linceu, da mitologia grega, que possuía uma visão tão apurada, capaz de fazê-lo encontrar tesouros olhando paredes de cavernas. Na verdade, a expressão se transformou ao longo do tempo, e usamos hoje “olhar de lince”.

No contexto do ensino e aprendizado da leitura e da escrita, a BNCC nos apresenta as competências relacionadas ao uso das tecnologias digitais de informação e comunicação. A exigência de saber ler e escrever recai sobre as especificidades da linguagem utilizada na produção de textos midiáticos, que consideram determinada forma de registro, expressões, símbolos, imagens.

Para o desenvolvimento das competências colocadas na BNCC, é necessário incorporar a leitura de textos em diferentes mídias e formatos, com os educadores explorando sites, blogs, redes sociais e as práticas da escrita que eles comportam como posts, memes, comentários, entre outros, tornando nossos estudantes leitores assíduos de textos, livros e documentos digitais. Isto requer uso de diferentes instrumentos na sala de aula e fora da sala de aula.

Escrita, leitura e tecnologias deverão ser retomadas e amplamente discutidas. Para que as competências colocadas na BNCC possam ser compreendidas e alcançadas, é necessário ampliar e aperfeiçoar as oportunidades para que os alunos se apropriem da língua escrita. O olhar de Linceu (ou lince), para os educadores, como eu, envolve ler e interpretar nas linhas, entrelinhas e para além das linhas, se assim posso dizer, aquilo que a BNCC coloca sobre alfabetização, práticas de letrar, práticas de cultura, práticas de linguagem.

 

 

*Texto escrito pela Profª Drª Liliamar Hoça, Doutora em educação, com pesquisas sobre desenvolvimento profissional. Pedagoga da Rede Municipal de Ensino de Curitiba e professora de Pós Graduação. A profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM, no Blog Educação e Mídia.

**Quer saber mais sobre cidadania, responsabilidade social, sustentabilidade e terceiro setor? Acesse nosso site! Acompanhe o Instituto GRPCOM também no Facebook: InstitutoGrpcom, Twitter: @InstitutoGRPCOM e Instagram: instagram.com/institutogrpcom

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]