• Carregando...
Está na hora de “dar um jeitinho” na Educação
| Foto:

Que a Educação está passando por uma fase de grande transformação – a maior da história, atrevo-me a dizer – não é nenhum segredo. Que o sistema educacional está buscando alternativas para sobreviver à essa nova era, também não é novidade. Como então, professores podem se readequar às novas demandas, que partem dos estudantes e da sociedade, e formar alunos preparados para viver e atuar como cidadãos do século XXI?

Dizer que existe uma resposta única para essa pergunta seria arrogante, mas posso afirmar que há uma característica que precisa ser mais valorizada com urgência, nas práticas docentes: a criatividade.

Comumente criatividade é definida como sinônimo de inventividade, uma inteligência ou talento, que serve para inovar, inventar, criar em qualquer campo da vida humana. Atualmente, é apontada como uma das características mais importantes dos profissionais do amanhã. Mas, gosto ainda mais da definição de Einstein: “Criatividade é a inteligência se divertindo.”

Nós, brasileiros, somos famosos mundialmente pela nossa capacidade de inventar. “Dar um jeitinho” é uma habilidade quase nata que desenvolvemos para nos adaptar às mais diversas situações a que somos impostos, e apesar de qualquer tom pejorativo que o termo “jeitinho” possa aparentar, usar todo esse potencial criativo, da maneira certa, pode nos levar muito longe. Até Dubai, por exemplo.

Esse é o caso da brasileira que aceitou o desafio de fazer muito com pouco, se tornou uma das 10 melhores professoras do mundo e embarca para os Emirados Árabes nesse mês de março, como finalista do Global Teacher Prize, considerado o Nobel da Educação.

A professora Débora Garofalo, que atua na profissão há 14 anos, sendo quase metade desse tempo na rede municipal de São Paulo, foi a inspiração para esse texto. Débora faz parte de uma realidade com a qual muitos professores se identificam, pelo menos em parte: atua na rede pública em uma escola da favela, com estudantes em situação de vulnerabilidade social e não possui as condições ideais de infraestrutura.

Nesse cenário, em que muitos alunos desistem cedo dos estudos por necessidades adversas, a professora precisou inovar e buscar novas maneiras de mantê-los interessados na escola. Foi então que a docente lançou um desafio para os estudantes: como resolver o problema do lixo na comunidade, usando robótica? A resposta veio em forma de ação!

Os alunos foram para a rua em busca de materiais alternativos, que eram levados para a escola e transformados em novas possibilidades. A prática, baseada na aprendizagem criativa, resultou em diversos produtos funcionais, como um ar condicionado produzido a partir de um pote de sorvete ou um helicóptero feito com motor de impressora. Além disso, ao desenvolver os projetos os alunos conseguiram enxergar a aplicabilidade dos conteúdos de outras disciplinas, tornando o processo de aprendizagem verdadeiramente significativo.

Os projetos desenvolvidos pela professora não foram apenas bem recebidos pelos alunos, como tiveram resultados concretos. Foram retirados das ruas 1 tonelada de lixo. O IDEB da escola aumentou, enquanto os números de evasão diminuíram. Por esse impacto, além do prêmio mundial que está concorrendo, o projeto já foi vencedor do Desafio de Aprendizagem Criativa, promovido pelo Instituto de Tecnologias de Massachussets (MIT) e do Prêmio Nacional Professores do Brasil, mensurando a capacidade que o “jeitinho brasileiro” tem de transformar a realidade.

A história da professora Débora é a representação de como investir no potencial criativo em sala de aula é necessário, assim como incorporar o uso reflexivo das tecnologias. Débora nos mostra que não é preciso esperar por uma sala pronta, repleta de instrumentos caros e tecnológicos e que é possível fazer muito com o pouco que temos nas mãos. Isso não significa que os investimentos públicos nessa área não são bem-vindos, mas prova que a verdadeira transformação da escola deve começar por meio de cada um de nós.

Que tal dar um “jeitinho” na sua escola, você também?

 

*Texto escrito por Patrícia Nalevaiko de Paula, professora, apaixonada por alfabetização, mídias e inovações na área educacional. Assessora Pedagógica dos Projetos de Educação e Gestora da Plataforma EAD do Instituto GRPCOM. A profissional colabora voluntariamente com o Blog Educação e Mídia.

**Quer saber mais sobre cidadania, responsabilidade social, sustentabilidade e terceiro setor? Acesse nosso site! Acompanhe o Instituto GRPCOM também no Facebook: InstitutoGrpcom, Twitter: @InstitutoGRPCOM e Instagram: instagram.com/institutogrpcom

 

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]