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Há espaço para os games no Projeto de Vida?
| Foto: DCStudio | Freepik

Estejamos abertos a elas ou não, as mudanças acontecem o tempo todo. A datilografia, que já foi considerada uma habilidade essencial para o mercado de trabalho, hoje não faz o menor sentido! Já a linguagem de programação e a educação midiática, por exemplo, estão cada vez mais presentes da sala de aula, e têm sido essenciais para uma formação integral e cidadã.

Quando falamos sobre preparar nossos jovens estudantes para as profissões do futuro, geralmente imaginamos suas mentes aguçadas desbravando códigos, criando ferramentas inovadoras atrás de uma tela de computador, projetando modelos de construção em 3D, operando com instrumentos médicos avançados, descobrindo a cura de novas doenças. Mas será que estamos tão abertos assim à ideia de formar jovens... gamers?

Se você dá aula para adolescentes (ou convive com eles), provavelmente já ouviu falar de Free Fire, League of Legends (LOL) e outros jogos digitais populares; talvez já tenha repreendido algum desses jovens por dedicarem muito tempo aos jogos e negligenciarem os estudos. Mas você sabia que eles podem transformar essa atividade em uma profissão?

Por muito tempo, desincentivamos o contato dos adolescentes com as telas (primeiro de Televisão, hoje de computadores, tablets e smartphones), pois imaginávamos que nada havia neste mundo virtual além de alienação. Hoje, sabemos que isso não é verdade. É claro que é preciso ensinar os jovens a olharem com criticidade para o conteúdo que consomem on-line, mas também temos que estar atentos ao nosso próprio preconceito e deixar de lado concepções antiquadas como “esses joguinhos não vão te levar a lugar nenhum”, por exemplo. Pois acredite: os “joguinhos” estão levando nossos adolescentes muito longe, no melhor sentido possível.

Assim como as relações de trabalho vem mudando a cada dia, as definições de jogos e esportes também se transformaram ao longo dos últimos anos. Uma atividade que reflete muito bem todas essas mudanças são os E-Sports, ou “esportes eletrônicos”, que reúnem jogadores de jogos digitais em torneios oficiais. Os jogadores que participam dessas competições conquistaram o título de “professional players”, em português “jogadores profissionais”, e hoje detém um status muito semelhante ao de atletas profissionais, como os jogadores de futebol, vôlei ou basquete: são remunerados pela atividade que exercem, recebem prêmios e reconhecimento, podem concorrer a bolsas de estudo em universidades ao redor do mundo, etc.

Com esse novo mercado, surgem também novas empresas, como a MGA, uma plataforma sediada em Maringá (PR) que cria e divulga campeonatos gamers com foco na inclusão de diferentes nichos (campeonatos corporativos, universitários, femininos e regionais). Além de incentivar a diversidade, a MGA promove competições gratuitas, abrindo as portas do e-sports para jovens social e economicamente vulneráveis.

“Acreditamos que a prática do e-sport tanto auxilia no desenvolvimento social do jovem quanto o prepara para o futuro, ensinando valores que serão importantes em sua vida adulta, como, por exemplo, o trabalho em equipe”, afirma Jhonatan Silva, fundador da MGA*, que também enfatiza que a empresa presa pela diversidade e por criar uma comunidade respeitosa.

Segundo a MGA, a profissionalização dos times vem crescendo, uma vez que os campeonatos de E-Sports tem ganhado o interesse do público e o patrocínio de grandes. Um exemplo de campeonato bem-sucedido é o CBLOL (Campeonato Brasileiro de League of Legends), cujos competidores são profissionais e, além de prêmios, recebem um salário (que pode chegar a mais de 6 salários mínimos), patrocínios e receitas advindas de plataformas de streaming. Jhonatan também relatou à equipe de Educação do Instituto GRPCOM que, em países como os Estados Unidos, os players têm ingressado nas universidades com bolsas de estudos como às oferecidas aos atletas de esportes físicos.

O mercado de E-Sports é uma grande promessa e pode transformar a vida de muitos jovens, mas não podemos cair na armadilha de acreditar que se trata de um “dinheiro fácil”, muito menos deixar que os adolescentes pensem assim. Apesar de acreditarmos que é preciso ter mais tolerância com os jogos e incentivar o contato saudável com eles, pais e professores não estão totalmente errados ao imaginar que os jogos podem desviar a atenção e prejudicar a aprendizagem. É preciso que o jovem gamer, queira ele ou ela se profissionalizar ou não, mantenha tanto equilíbrio e disciplina quanto um atleta que precisa conciliar treino e estudo.

A jovem Nadjila Sanchez Rodrigues (conhecida como Poppins no mundo dos games), player da Black Dragons, é uma adolescente apaixonada por jogos que tem se profissionalizado desde o ano passado. Com apenas 15 anos, ela já participa de competições, mas nunca deixou os estudos de lado: “Como eu sempre fui uma aluna dedicada, meu time me compreendia porque, por mais que eu amasse o jogo, eu sempre priorizei meus estudos”. Em novembro do ano passado, para poder participar da GC Masters Feminina, campeonato exclusivo para jogadoras mulheres, Nadjila teve que estudar muito e garantir as notas nas provas do colégio para não desfalcar sua equipe. O esforço valeu a pena, já que a jovem conquistou tanto a aprovação de ano quanto o 4º lugar na competição.

Além do depoimento, a player deixou um recado para os adolescentes que se interessam pelo mundo dos jogos, mas sabem que conciliar games e vida escolar é um grande desafio: “Uma frase que eu gostaria de compartilhar, pois me ajudou muito a conciliar os estudos com os jogos, é: não importa a quantidade, mas sim a qualidade”. E isso vale tanto para os players quanto para qualquer jovem que deseja (ou precisa) manter atividades paralelas que exigem dedicação, como cursos profissionalizantes, práticas esportivas ou artísticas e etc, pois a escola não pode e não precisa ser deixada de lado.

Então, se os games fizerem parte do Projeto de Vida do seu estudante, filho(a) ou de um(a) adolescente que você conhece, que tal incentivar com consciência? Apresente plataformas como a MGA, que podem abrir as portas para aqueles que ainda não podem investir em equipamentos eletrônicos, mas também converse sobre disciplina e equilíbrio, mostrando exemplos de profissionais como a Nadjila para que eles saibam que é possível, mas para “chegar lá”, o caminho é longo e os estudos são essenciais.

*Quer saber mais sobre a MGA? Ouça a entrevista do Jhonatan na Mundo Livre FM Maringá: https://mundolivrefm.com.br/mundo-livre-negocios-mga-games/ 

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