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O brincar fora e suas mil e uma possibilidades
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Vivi, ao longo dos últimos anos, o poder transformador que a educação tem sob o mundo.

Participar da formação cognitiva e de caráter de tantas crianças transforma nossa alma.

No decorrer dessa caminhada fui moldando minhas características como educadora e me adequando às necessidades das crianças, e venho percebendo que o movimento de transformar os espaços externos em espaços de referência para todos é o que mais tem dado certo, em se tratando de dar vida  aos métodos e de se enriquecer experiências.

O fortalecimento de vínculos das crianças com a natureza traz, de forma nítida, uma conexão maior delas com o mundo ao redor.

Desemparedar uma turminha de 15/20/30 crianças é muito mais do que levá-los aos parques de areia e casinhas, que os espaços escolares oferecem.

Explorar os espaços externos, o entorno da escola. Subir em amoreiras, observar o ir e vir das formigas, o cair das folhas e o movimento das estações. Se sentir pertencente ao espaço que habitamos, mesmo que por determinado período de tempo, perceber  que a natureza nos presenteia todos os dias com brinquedos que deixaram de ser explorados, como os ingredientes para deliciosos bolos de lama.

A natureza nos permite descobrir novas cores, texturas, formatos, ciclos e milhões de brincadeiras a serem inventadas. É  um brinquedo inteligente que instiga crianças e adultos. É nela que criamos, questionamos e, principalmente, estabelecemos uma relação de afetividade e respeito com o que está ao seu redor.

Ressaltar a importância de se brincar na natureza é dar valor e reconhecer que, mesmo não estando mais tão conectados com a terra, ela está aqui e disposta a estreitar nossos laços.

O movimento brincante, quando acontece fora das paredes de uma sala, seja ele em uma praça ou até mesmo no pequeno espaço verde na frente da escola, permite que as crianças vivam a essência e capacidade de descobrirem, e serem, quem querem  ser.

Uma folha, recém caída de uma árvore, quando se encontra com a imaginação das crianças deixa de ser folha. Ela pode ser um papel, uma coroa, uma flecha, um pingo de chuva, um floco de neve e até mesmo o ingrediente que faltava para o almoço em família. A folha, junto com a terra, vira bolo de aniversário, comida para os animais do zoo, tintas para as próximas experiências, cama para os gravetos e casa para as formigas. Essa multifuncionalidade que todos os elementos da natureza tem, faz com que brincar fora seja muito mais proveitoso e inteligente do que se manter preso a cadeiras, apostilas e paredes.

O brincar fora é movimento, é ação. E quanta ação e movimento uma caminhada pelo entorno da escola pode nos proporcionar?

A natureza não foi feita por adultos e para adultos, a natureza foi feita para todos e é nela que o brincar despreocupado acontece, que a imaginação se liberta, que as tentativas não se cansam e viram acertos. Que as investigações acontecem, que as dúvidas são sanadas, que os encontros se tornam naturais, que as crianças (e adultos) são livres para experimentarem ser o que querem ser e, não menos importante, que o respeito surge de forma inconsciente.

Se, no decorrer das nossas vidas, nos forem oferecidas oportunidades para trabalhar o potencial transformador da educação , desenvolvendo nas crianças, sob a forma de sensação inconsciente, virtudes como gratidão e amor, pertencimento ao mundo e vivências naturais é certo que o nosso trabalho jamais terá sido em vão.

É no corpo que habitam essas virtudes e a natureza está aí para nos dar possibilidades de estarmos no mundo, criando cenários, imaginando, vivendo e respeitando. Desemparedar é permitir que as crianças vivam o que tem de ser vivido, dentro das possibilidades que o eu, o outro e o entorno tem a nos oferecer.

 

* Texto escrito por Mariana Antunes. Mariana trabalha com educação há 10 anos. Com as crianças aprendeu a fazer incríveis bolos de lama e bordados. Ressignificou sua conexão com a natureza e, a partir daí se tornou adepta ao movimento de brincar fora. Acredita que a educação e a afetividade, juntas, irão mudar o mundo e integra a CURTE – Curitiba em Rede para Transformação Educacional.

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