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Por uma educação de acolhimento à vida
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O relacionamento humano cada vez mais está mediado por tecnologias. São diversos Apps e gadgets que preenchem nosso cotidiano com soluções, distrações ou informações. É possível somar a isso o aumento gradativo da ocupação do tempo: horas de trabalho, projetos pessoais ou sociais, formação para carreira, trânsito e outras tantas funções. Aos adultos é um desafio manter um convívio, digamos, de qualidade com filhos, enteados ou outras crianças e jovens sob sua responsabilidade.

Neste cenário, alguém pode criar um mundo paralelo com redes de amizade, clã de seguidores ou um infinito de solidão nas mídias sociais ou nos jogos eletrônicos conectados. O detalhe é que essa construção acontece em um ambiente virtual, com possibilidades de convivência de proporções infinitas, por vezes desprovida de afeto e empatia. Com a tecnologia mediando a comunicação, os sujeitos nem sempre se sentem comprometidos ou responsáveis pelo que fazem e dizem nesse mundo digitalizado.

Como consequência, é cada vez mais comum encontrarmos adolescentes e jovens com quadro depressivo, transtornos ansiosos ou outras fragilidades socioemocionais. O SUS registrou aumento de 52% nos atendimentos ambulatoriais de depressão, de 2015 a 2018, na população entre 15 e 29 anos. E de acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, 20% a 25% da geração atual desenvolverão depressão ou ansiedade ao longo da vida. O cuidado com essa juventude é responsabilidade social, devendo ser compartilhada entre escola, família e redes de atendimento.

Mas como criar um ambiente escolar que disponibilize aos estudantes oportunidade de escuta qualificada, acolhedora e segura? De que maneira se pode preparar profissionais da educação para acolher alunos em situação de fragilidade socioemocional?

As Instituições de ensino podem responder a esses desafios em duas frentes: prevenção e acolhimento. Capacitar um time profissionais, entre os já contratados, para desenvolver um plano com ações preventivas, inserida na rotina acadêmica, envolvendo alunos e famílias, com foco em temas que sejam necessidades locais.

Na frente do acolhimento, durante o ano letivo, esse grupo já capacitado se dispõe a acolher, ouvir e orientar estudantes, famílias e até mesmo outros profissionais que são procurados com pedidos de ajuda, mas não sabem como agir. A partir da acolhida, de acordo com a necessidade de quem demandou auxílio, orientarão aluno ou família a procurar profissionais que possam realizar atendimento adequado em clínicas especializadas.

Pensar o cuidado dessa forma gera oportunidade para estudantes que sofrem em silêncio e solitariamente serem notados, acolhidos e auxiliados. Já os profissionais de educação, que muitas vezes ficam em posição de passividade, passam a atuar ativamente, reduzindo a possibilidade de um estudante em fragilidade socioemocional passar despercebido no ambiente escolar.

Um exemplo desse tipo de trabalho é o Programa de Acolhimento e Valorização da Vida, o PraVida, do Sistema Fiep. Uma organização estratégica com suporte técnico para apoiar as unidades educacionais do Sesi, Senai e IEL do Paraná. Equipes de profissionais de educação são capacitadas em cada escola e unidade de educação profissional ou superior, com preparação para identificar situações de acolhimento, ouvir de forma acolhedora e orientar para encaminhamento qualificado, com profissionais especializados externos à escola.

Ter um ambiente educacional acolhedor, orientado para a prevenção e com profissionais atentos é fundamental para o desenvolvimento dos estudantes. Contribui para uma educação de qualidade, que considera aspectos relacionais da formação humana e ampara a comunidade escolar.

*Texto escrito por Ederson Halair Hammes, formado em Filosofia com Especialização em Ética em Perspectiva (PUC-PR), é analista de Educação do Sistema Fiep. O Sistema Fiep colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no Blog Educação e Mídia.

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