• Carregando...

Nossa vida cotidiana, de dias e tardes e iguais, é muitas vezes tão somente a lembrança trágica de que o universo inteiro é indiferente e  mal sabe da nossa existência. Daí e por causa disso inventamos eventos, marcas nesse tempo amorfo, cinza, umas pinceladas de cores para dizer para nós mesmos que alguma coisa deve existir e significar nessa sequência enorme de dias e tardes iguais. Daí vem dia disso, dia daquilo, festas e comemorações. Fora disso, é só vida. E como já disse o poeta gauche , êta vida besta!

380-200-paixao_31213

Mas como evento serve pra nos convencer que viver é uma possibilidade, daí comemoramos. E dá-lhe bolo, balão, som e fúria. Pula, pula, pula, abraça, diz que ama, que não esquece, que vai mudar. Ufa, daí o evento passa e voltamos ao nosso espaço cinza, de dias e tardes iguais.

O mesmo poeta gauche já disse que somos “homens partidos”. E nos eventos, nossos passados  soam as trombetas nos  nossos ouvidos. É o filho que ficou longe, é o pai que já nos deixou, é o irmão com quem já não se fala, são as histórias cujo fim deixou de ser escrito e que sobrevivem aos dias e às tardes. Mas aí vem os eventos… Ah, como essas datas nos lembram os fracassos de nossas escolhas, as pedras no caminhos ( poeta gauche mais uma vez), as marcas, as cicatrizes que ainda doem, e como doem.

Vivemos porque a escolha é tão somente não-viver. Por isso viver não é o desafio. O desafio é como sobreviver por não colher os frutos que derrubamos das árvores com nossa estabanada inexperiência e ignorância. Frutos que agora lamentamos ter desperdiçado com tanta rapidez e inconsequência.

Ufa que mais um evento vai passando. Lágrimas das distâncias já ficaram secas. É hora de continuar. Que 2014 nos seja leve.

 

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]