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A pianista brasileira Sonia Rubinsky
A pianista brasileira Sonia Rubinsky| Foto:

Gravações de recitais de Bach, em geral, se parecem: uma ou duas Suítes ou Partitas (são palavras sinônimas), alguns Chorais (em versão de Busoni ou Siloti), mais alguma peça curta. Podemos citar exemplos bem sucedidos desta velha forma no belo CD de Nelson Freire de 2016 ou o premiadíssimo CD do pianista islandês Víkingur Ólafsson, campeão de vendas no ano passado. A inédita proposta de Sonia Rubinsky, esta pianista brasileira conhecida internacionalmente por sua gravação integral ( 8 volumes) da obra pianística de Villa-Lobos, é de expandir de forma considerável a dimensão das Suítes ou Partitas de Bach, fazendo uma criteriosa junção de diversas destas obras, criando uma Suíte longa, à imagem de Suítes de compositores contemporâneos de Bach como Hammerschmidt ou Couperin.

Uma Suíte ou Partita de Bach é normalmente estruturada em torno de quatro danças: Allemande, Corrente (às vezes chamada de Courante), Sarabanda e Giga. Em diversas Suítes ou Partitas há no início um Prelúdio (de forma italiana ou de abertura francesa) e entre a Sarabanda e a Giga são colocadas uma ou mais Galanteries (Bourrée, Gavotte, Minuet, Passepied, etc). A ideia de Sonia Rubinsky é de criar Suítes com mais de uma hora de duração seguindo este esquema mas com movimentos de diversas obras do autor. Como já disse é um agrupamento criterioso, juntando tonalidades próximas (o que em música dizemos "tons vizinhos"). Esta ideia está nos dois primeiros CDs lançados recentemente pelo selo NAXOS, batizados de Magna Sequentia. Na "Magna Sequentia I a pianista parte da Partita Nº 4, passando até mesmo por trechos das Variações Goldberg que possuem caráter de dança (Aria - Sarabande. Variação VII - Giga) e utiliza até partes de Suítes para alaúde. Mas é na Magna Sequentia II que a ideia tem um resultado ainda melhor: em torno da "Abertura em estilo francês" em si menor Sonia Rubinsky através de ornamentações de extremo bom gosto, faz com que todas as danças de diversas Suítes tenham um mesmo caráter francês. Já a Magna Sequentia III abre mão deste esquema e apresenta algumas das páginas mais populares de Bach, incluindo no entanto o magnífico e complexo Ricercare I da Ofrenda Musical.

No encarte vem escrita a frase "execuções historicamente informadas", o que alguém pode deduzir algum tipo de rigor enfadonho. Longe disso: Sonia Rubinsky apresenta um Bach vivo, expressivo e pulsante. Sim, há um rigor histórico quando, por exemplo a pianista faz todas as repetições previstas na "Ouverture" da "Abertura em estilo francês" (mais de 14 minutos de música), mas a pianista se afasta do "historicamente informado" ao executar a Giga da Partita Nº 6 exatamente como está escrita, e não adaptando-a ao ritmo ternário como faz o pianista Andras Schiff . Em resumo: nestes três CDs a obra de Bach soa muito orgânica, e nos dois primeiros CDs a fórmula é simplesmente prazerosa. Sonia Rubinsky alia o ineditismo a uma execução musicalmente convincente. Um projeto bem sucedido.

Encontrável para baixar no iTunes , por R$ 14,90 cada CD.

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