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Contagem de votos no condado de Allegheny, na Pensilvânia.
Contagem de votos no condado de Allegheny, na Pensilvânia.| Foto: Jeff Swensen/Getty Images/AFP

“Um dia, as pessoas poderiam dar-se conta de como uma guerra mundial como esta foi uma coisa insignificante comparada com a automutilação espiritual da humanidade através da sua imprensa” (Karl Kraus, Nesta Grande Época, 1915)

Não, o democrata Joe Biden ainda não é o presidente eleito dos EUA. Por enquanto – ao menos até que, em dezembro, o colégio eleitoral proclame o vencedor –, as eleições americanas estão indefinidas, e, em vários estados-chave, sub júdice. Ao contrário das colossais fake news divulgadas por grande parcela da imprensa mundial (que, definitiva e irremediavelmente, parece ter trocado o metiê da notícia pelo da propaganda política), e como têm afirmado Donald Trump e seu staff, há, sim, vários indícios de ilegalidades no processo eleitoral, e o chefe do Departamento de Justiça, o procurador-geral William Barr, já autorizou a abertura de investigações sobre possíveis fraudes em todo o país.

Como disse, os indícios são muitos. No condado de Antrim (Michigan), uma pretensa “pane” num software de contagem de votos transferiu milhares de votos de Donald Trump e John James (candidato republicano ao Senado) para Joe Biden e Gary Peters (candidato democrata ao Senado). A contagem oficial, que dava uma excêntrica vitória a Biden por 62% contra 38% (tendo em vista o histórico pró-republicano do condado), foi corrigida manualmente, resultando em 57,3% para Trump e 42,7% para Biden, de um total de aproximadamente 17 mil votos – o que representa algo em torno de 5 mil votos a mais para Trump do que havia sido divulgado anteriormente. O referido software (desenvolvido pela Dominion Voting Systems) é utilizado em dezenas de outros condados do Michigan, bem como em outros estados americanos.

Há vários indícios alarmantes de irregularidades. Conquanto não constituam, ainda, provas definitivas de fraude, estão sendo investigados e deverão parar nos tribunais

Na Califórnia, um estudo da ONG Election Integrity Project descobriu, ainda em outubro, que aproximadamente 400 mil cédulas eleitorais foram enviadas para pessoas que se mudaram do estado ou morreram. “O risco é que gente desonesta vote com essas cédulas e tente contabilizá-las”, disse Evelyn Swenson, representante da organização. “Que tipo de confiança a população da Califórnia pode ter no sistema quando recebem cédulas de parentes mortos há dez anos ou indivíduos não mais residentes no estado? Isso abala a confiança na eleição”.

Em Detroit (Michigan), fiscais de votação e escriturários deram testemunhos juramentados (que, no caso de serem falsos, podem resultar em cinco anos de cadeia) relatando obstrução da fiscalização, cédulas com data adulterada e assinaturas de votantes que não contavam no registro de eleitores. Nas palavras de uma das testemunhas: “Fui instruída por meu supervisor a adulterar a data de postagem dos pacotes de cédulas de voto por correio, fazendo com que as cédulas parecessem ter sido postadas antes do que realmente foram. O supervisor deu essa ordem para todos... Presenciei diretamente funcionários eleitorais induzindo ou tentando induzir eleitores a votar em Joe Biden e no Partido Democrata… Vi-os conduzindo eleitores até as urnas, de modo a ver em quem votavam e instruí-los a votar corretamente. Fui especificamente orientada por meu supervisor a não exigir documentos de identidade aos eleitores. Vi um grande número de eleitores que, apesar de haverem se inscrito para o voto por correio, compareceram pessoalmente ao local de votação para votar novamente”.

No condado de Clerk (Nevada), um fiscal relatou em testemunho juramentado ter visto dois indivíduos entregando “inúmeros envelopes fechados com cédulas de votação por correio” para outros indivíduos, que então “abriram e preencheram as cédulas apoiados numa van da campanha Biden-Harris”, estacionada ilegalmente próxima ao centro de votação. Em seguida, os mesmos indivíduos (que não eram funcionários eleitorais) “meteram as cédulas preenchidas em envelopes oficiais, nas cores branco e rosa… Ao relatar a aparente irregularidade à minha supervisora, ouvi que isso era normal em Nevada, e que não havia nada que pudéssemos fazer”. Centenas de testemunhos juramentados com denúncias similares começam a surgir.

Na Pensilvânia (um dos estados mais decisivos da presente eleição), cédulas por correio com votos de militares em missão no exterior foram encontradas no lixo. Quase todos os votos para Trump. No condado de Butler, um funcionário local comunicou o extravio de milhares de cédulas.

No condado de Maricopa (Arizona), eleitores entraram com processo para reaver suas cédulas eleitorais depois de terem sido instruídos a preenchê-las com caneta marca-texto, razão pela qual os seus votos acabaram sendo anulados. No condado de Franklin (Ohio), quase 50 mil eleitores (quase 1/5 dos eleitores na mesma condição) receberam cédulas erradas para voto por correio. Em Greenville (Wisconsin), três pacotes com cédulas de votos por correio foram achados numa vala. No Michigan, foram registrados votos de pessoas com mais de 120 anos de idade. No dia da apuração das eleições, uma emissora de TV mostrava os resultados da Pensilvânia. No começo do vídeo, Trump tinha 1.690.589 votos e Biden, 1.252.537. Depois de menos de um minuto (sim, menos de um minuto!) mostrando os resultados em outros estados, o painel volta para a Pensilvânia e – surpresa! –, Trump já estava com 1.670.631 e Biden, com 1.272.495. Ou seja, num intervalo de menos de um minuto, 19.958 votos haviam passado magicamente de Trump para Biden…

Esses são só uns poucos exemplos dentre vários indícios alarmantes de irregularidades. Conquanto não constituam, ainda, provas definitivas de fraude, estão sendo investigados e deverão parar nos tribunais, o foro apropriado para decidir sobre essas questões. Diante disso, o mínimo que uma imprensa honesta e responsável deveria fazer era agir com cautela, noticiar os questionamentos e os indícios de irregularidades, em lugar de esconder a realidade do público e proclamar a vitória inquestionável do candidato para o qual torcem.

A postura antiprofissional dos jornalistas diz muito sobre a visão de mundo revolucionária e totalitária que domina grande parte dos estúdios e redações ao redor do mundo

Mas resta evidente que não dá para esperar responsabilidade e honestidade de jornalistas que já nem coram ao falar como integrantes da campanha Democrata. Quando uma apresentadora de telejornal, esbaforida e saltitando de empolgação, diz “Ficou azul, a gente virou” ao anunciar a súbita virada de Biden na Pensilvânia; uma jornalista exibe orgulhosa, qual uma tiete adolescente, seu casaco de corrida igual ao da socialista Kamala Harris; e uma jornalista veterana tem o desplante de tuitar “Vencemos”, é porque o que fazem já não deve ser chamado de jornalismo e, portanto, não há como esperar informação objetiva sobre a realidade de onde só podem vir efusões da subjetividade sentimental e paixão ideológica. Com efeito, se há ainda algo de útil no assim chamado jornalismo contemporâneo é o fato de que a postura antiprofissional de seus integrantes, se não diz nada sobre o mundo real, diz muito sobre a visão de mundo revolucionária e totalitária que domina grande parte dos estúdios e redações ao redor do mundo – um fenômeno, por si só, interessante do ponto de vista histórico e sociológico.

A eleição de Donald Trump em 2016 foi uma afronta à grande imprensa, a afirmação de que a elite habituada a comandar o fluxo informações já não estava totalmente no controle. É por isso que os jornalistas o odeiam tanto. É por isso que querem não apenas removê-lo da presidência dos EUA, mas destruí-lo (bem como aos “deploráveis” que o apoiam) de uma vez por todas. Não se trata mais, aqui, de um simples resultado eleitoral. Trata-se da grande imprensa mundial, e de seus sócios no Vale do Silício, tentando mostrar novamente ao público quem é que manda. Trata-se de vingança, não de notícia.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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