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Foto: Joe Raedle/AFP/Getty Images
Foto: Joe Raedle/AFP/Getty Images| Foto:

A derrota de Hillary Clinton para Donald Trump na disputa para a presidência dos Estados Unidos nunca foi assimilada pelos democratas e pela esquerda em geral, tanto aqui como no restante do mundo. O nocaute foi tamanho que a única reação que o partido e a grande imprensa americana conseguiram ter foi inventar coisas para tentar destruir a reputação e a governabilidade do presidente eleito. Cinco meses após a posse de Trump, fica claro que a escolha feita por seus inimigos foi a de investir no assunto “a Rússia interferiu nas eleições presidenciais americanas”. Essa narrativa fantasiosa vem ocupando as manchetes da mídia esquerdista americana – CNN, NBC, New York Times, Washington Post et caterva – na tentativa de convencer as pessoas pela repetição incansável de mentiras.

Na última quarta-feira, o ex-secretário de Segurança de Fronteiras de Barack Obama, Jeh Johnson, depôs perante o Comitê de Inteligência do Congresso sobre a investigação da alegada interferência russa. Ao ser perguntado sobre a possibilidade de que alguma ação externa, russa ou não, tenha modificado algum voto do pleito de 2016, Johnson respondeu: “Eu desconheço qualquer prova de que alguma invasão cibernética tenha de alguma forma alterado ou apagado votos”. Jeh Johnson é um membro ativo do Partido Democrata, atuando na captação de doações volumosas e como conselheiro em campanhas presidenciais – ele fez parte da equipe de John Kerry em 2004 e trabalhou na campanha de Obama em 2008. Antes de ter ocupado a chefia da segurança de fronteiras, Johnson fora nomeado conselheiro-geral do Departamento de Defesa por Barack Obama, cargo que manteve durante todo o primeiro mandato do ex-presidente. Seu testemunho, ainda que tenha sido uma repetição de outros tantos até agora (do almirante Rogers, de alguns diretores da CIA e do próprio Comey), parece ter afetado os democratas profundamente. Algo como “meu Deus do céu, um dos nossos falando isso!”

Mas a dor de cabeça democrata ficaria ainda mais aguda. Em outro momento do testemunho, o deputado Trey Gowdy fez a seguinte pergunta a Johnson: “O senhor disse que os servidores e a rede do Comitê Nacional Democrata foram invadidos, mas que os democratas não deixaram o FBI examinar a rede ou os computadores. Por que isso? Se um crime aconteceu, por que vocês não queriam que autoridades tão capazes como o FBI tentassem encontrar o responsável?” Johnson respondeu, dando toda a pinta de concordar com Gowdy: “Não vou discutir isso com o senhor, deputado”. A reação mais forte ao testemunho de Johnson veio da deputada democrata Debbie Schultz, presidente do Comitê Nacional Democrata, que o chamou de mentiroso, ao vivo, na CNN. Ela e a grande maioria dos democratas continuam achando que o maior absurdo das eleições de 2016 foi o fato em si de que e-mails internos do partido tenham sido vazados ao público, e continuam ignorando o conteúdo desses e-mails. Parecem o marido que foi pego pela esposa em conversas picantes com outra mulher pelo WhatsApp. Mesmo com o casamento acabado, ele se recusa a assumir a culpa e mantém o discurso de injustiçado: “ela nunca poderia ter fuçado no meu telefone”.

Enquanto isso, o presidente vai combatendo seus adversários com maestria. Com o país atravessando um momento de crescimento econômico e otimismo geral no mercado financeiro, graças às medidas tomadas pelo novo governo desde seu primeiro dia, Trump tem mostrado aos republicanos que é melhor ficar ao seu lado que longe dele. De quatro eleições que aconteceram desde o início de seu governo, os democratas perderam quatro. A mais recente, que elegeu Karen Handel para representar o Distrito 6 da Geórgia no Congresso, parece ter deixado sequelas mais fortes. Os democratas contavam com a vitória, que lhes parecia certa por dois motivos: as pesquisas favoráveis ao candidato Jon Ossoff e o perfil demográfico do distrito, que apresenta uma porcentagem alta de pessoas com bom nível de instrução (a esquerda não se conforma quando gente intelectualmente educada vota na direita). Divulgado o resultado, vários políticos e jornalistas democratas começaram a falar de uma “vitória apesar da derrota”, tentando de alguma forma achar um consolo para a vergonha de terem feito a campanha para deputado mais cara da história americana e perdido mesmo assim. O motivo para terem despejado mais de US$ 30 milhões na campanha de um garoto que nem sequer vive no distrito: tentar dar vida à ideia de que a imagem de Trump está afetando negativamente os republicanos. Não deu certo.

A piada macabra que tem aparecido nas mídias sociais dos Estados Unidos é a de que a única disputa que os democratas conseguiram vencer desde a reeleição de Obama foi o jogo de beisebol entre deputados, e tiveram de balear o homem da segunda base para isso. Galhofas à parte, o discurso progressista do partido tem afastado cada vez mais eleitores. Vão sobrando os radicais, os lunáticos e os adoradores do Estado. Quem pega no batente e preza por suas liberdades individuais quer distância desse pessoal.

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Leia o arquivo das colunas de Flavio Quintela publicadas até maio de 2017

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