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No último dia 10 de abril começou a maior feira setorial do mundo para minha empresa. Em edições anteriores, esse evento chegou a responder por 20% do faturamento anual. Por conta disso, a preparação e o esforço que colocamos nessa época do ano fazem com que as redes sociais e até mesmo os noticiários percam completamente a importância.

Com tanta coisa para pensar, preparar, embalar, despachar e encomendar, acabei desaparecendo do Twitter, do Facebook e dos grupos de WhatsApp por mais de uma semana. Foram dias de trabalho intenso, porém com aproveitamento muito maior devido ao foco empregado em cada atividade. Por saber que o tempo de escrever um tuíte era longo demais para gastar com algo não relacionado à feira, parei de tuitar. Por conseguinte, parei de ler tuítes também. Parei também de ler as mensagens de grupos – coloquei todos em “Mudo” e só vi uma mensagem ou outra em salas de espera e aeroportos. Resumindo, fiz um detox forçado, de curto prazo.

Quais foram as conclusões que tirei depois de passar esses dias todos com um mínimo de interação nas redes sociais? Concluí que essas porcarias raramente adicionam algo positivo à vida. Uma semana sem Twitter significou uma semana sem ver pessoas destilando ódio a outras somente porque estas gostam menos ou mais de um determinado político que aquelas; significou uma semana sem ler tuítes do governo, da oposição e dos filhos do presidente. Ao final da feira, continuei sem Twitter, WhatsApp e Facebook (postei algumas fotos no Instagram, porque ninguém é de ferro), sobrou mais tempo para ler e fazer aquelas coisas que estão sempre na lista de tarefas – pintar a parede cuja mancha me irrita cada vez que olho, pendurar o quadro que está encostado no armário há meses, fazer uma limpa no guarda-roupa e doar um monte de peças que não são usadas há muito tempo etc. Acima de tudo, percebi que, ao ignorar a existência desses aplicativos em meu celular, passei a dar mais atenção à minha família. Desliguei todas as notificações, afastei-me das múltiplas consultas a portais de notícias só para conferir a fofoca política mais recente, ignorei os vídeos engraçados porém inúteis que recebo de amigos e familiares no WhatsApp. 

Hoje, depois de dez dias de experimento, não sinto vontade de voltar à escravidão digital. Sei que vou parecer um velho dizendo isso – e a verdade é que já não sou tão novo assim – mas não consigo enxergar grandes benefícios nas redes sociais. Considero que seus pontos positivos são poucos demais quando pesados contra as porcarias que trazem ou amplificam. Acho que o mundo se torna pior quando as pessoas têm uma plataforma para exercitar sua prepotência, xingar e ofender anonimamente, expressar opiniões idiotas e sem fundamento, ostentar e invejar quem ostenta. Acho que as pessoas perdem quando tiram o foco das relações imediatas com as pessoas ao seu redor e o colocam em relacionamentos virtuais e distantes, quando vivem comparando suas realizações e momentos de felicidade com o que os outros divulgam em suas postagens cheias de hashtags felizes, quando esquecem que todos passam por dificuldades e momentos de agonia mas quase ninguém fala deles em público. É sempre melhor viver a realidade, seja ela qual for.

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