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Censura nas redes sociais escancara a hipocrisia dos plutocratas progressistas que adaptam valores caros à democracia às suas necessidades políticas.
Censura nas redes sociais escancara a hipocrisia dos plutocratas progressistas que adaptam valores caros à democracia às suas necessidades políticas.| Foto: Pixabay

Faz uma semana que abandonei meu perfil no Twitter e saí de todos os grupos no WhatsApp. Minha decisão foi tomada por causa da censura explícita que Twitter e Facebook impuseram a Donald Trump e diversos outros influenciadores de direita. Não vejo lugar para mim nessas redes sociais com políticas seletivas de cerceamento da liberdade de expressão em que ditadores como Kim Jong-Un tenham seus perfis intactos e o presidente dos Estados Unidos seja impedido de falar porque, na opinião dos que comandam essas plataformas, incitou o ataque ao Capitólio (ainda que, de fato, ele não o tenha feito).

Durante essa semana, o único perfil que usei foi o da rede Gab, cuja promessa desde seu início é de liberdade total de expressão, independentemente da orientação ideológica do usuário. Por ser uma rede que só funciona via navegador de internet – foi planejada assim para não se tornar refém dos donos das plataformas móveis, leia-se Apple e Google –, o acesso não é tão fácil como os tradicionais Twitter e Facebook. E, para piorar, a rede ficou sobrecarregada com a chegada de uma multidão vinda do Parler e das plataformas da censura, tornando a tarefa de postar um simples texto em uma atividade demorada e repetitiva. Resultado: fiquei uma semana sem postar um oi sequer.

Quem disse que meus pensamentos precisam ser compartilhados com o mundo, o tempo todo? Que tipo de egocentrismo é esse, que me faz achar necessário comunicar ao mundo cada pequena ideia que cruza meus neurônios?

Hoje pela manhã, enquanto fazia a barba, pensei num negócio engraçado. Na mesma hora, me veio a vontade de postar o pensamento, algo que eu faria de imediato de estivesse usando as redes sociais como sempre usei. Como não as uso mais, pensei logo em seguida: esse pensamento morrerá comigo, no máximo comigo e com minha esposa. E, em seguida, me veio o insight: ora, e quem disse que meus pensamentos precisam ser compartilhados com o mundo, o tempo todo? Que tipo de egocentrismo é esse, que me faz achar necessário comunicar ao mundo cada pequena ideia que cruza meus neurônios? Pior que isso, que necessidade é essa que temos de ver o número de curtidas e encaminhamentos crescendo, inflando nosso ego por algo banal e sem nenhum benefício real para nossas vidas?

Eu não sei se você, leitor ou leitora, concorda comigo, mas o fato é que as redes sociais, com exceção de algumas poucas utilidades – entre elas, conectar-se com amigos antigos, lançar campanhas filantrópicas, denunciar crimes, vender serviços e produtos –, fazem do mundo um lugar pior. É nelas que as polarizações de nossa era se alimentam e crescem. É nelas que as pessoas dão vazão ao seu lado mais escuro, xingando e amaldiçoando como jamais fariam pessoalmente. É nelas que a vaidade se desenrola, seja nas pequenas tiradas do Twitter, nos textões do Facebook ou nas selfies do Instagram. E é nelas que a mentira impera, desde o sujeito que inventa algo para atacar alguém até o que disfarça a tragédia de sua vida com fotos e legendas montadas para deixar qualquer um com inveja.

O meu pensamento é meu e meu apenas. Minhas ideias são minhas e minhas apenas. Até pouco tempo atrás, tornar o que se passava em nossas mentes em algo público requeria muito esforço. Era necessário galgar uma posição nos órgãos de imprensa, ou escrever um livro e conseguir alguém que o publicasse, ou ainda trabalhar para atingir o status de professor e, assim, ter uma plateia constante para difundir sua visão de mundo (de um pedaço dele, para ser mais preciso). Hoje, bastam um acesso à internet, uma conta de e-mail e um telefone celular.

Não é à toa que vivemos na era dos coaches e dos gurus, especialmente aqueles que prometem transformar nossa vida através da organização do nosso tempo e dos nossos talentos. Afinal, nós os desperdiçamos diuturnamente nas redes sociais, gastando momentos preciosos de concentração em incontáveis espiadas para ler as últimas atualizações ou ver os stories mais recentes. Quem consegue ter foco com tamanha distração? Quem consegue ser produtivo num ambiente tão poluído para a mente? Poucos. Pouquíssimos, na verdade.

Obviamente, pelo alcance que tenho nesta coluna e pelas minhas limitações, não almejo revolucionar o mundo moderno com este texto. Mas, se você me permitir, quero deixar um desafio. Tente ficar uma semana sem elas. Uma semana sem redes sociais. Apague os aplicativos do seu celular. Delicie-se com seus pensamentos, sem achar que mais alguém precisa saber deles. Leia coisas centenárias em vez de bobagens repetidas por centenas de milhares de pessoas, a ponto de serem classificadas como “Encaminhada muitas vezes”. Passe mais tempo com seus filhos e com seu cônjuge. Veja mais televisão. Medite mais. Converse mais com o Criador. E tire menos fotos, porque ninguém mais aguenta ver seu rosto ou os pratos que você come. Resumindo, como diria Voltaire, cuide do seu jardim, tanto literal como metaforicamente. Deus cuidará do que for importante, mas que você não puder cuidar. E de todo o resto não lhe cabe cuidar e nem sequer se preocupar. Se aceitar o desafio, volte aqui e deixe um comentário contando como foi.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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