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Foto: Brunno Covello/Arquivo Gazeta do Povo
Foto: Brunno Covello/Arquivo Gazeta do Povo| Foto:

Meu cunhado virou vegano. Na verdade, tivesse ele apenas parado de comer qualquer coisa proveniente de animais, eu não veria problema algum. Lamentaria por ele não mais se deleitar com as deliciosas proteínas animais (especialmente as vaquinhas, que nos alegram tanto nas churrascarias), mas respeitaria sua nova opção. O problema é que ele resolveu ser um vegano ativista, daqueles que olham para o seu prato e dizem “esse negócio aí dá câncer” ou “você sabe quantos litros de água são necessários para se obter um quilo de carne de vaca?”

Conheço vários veganos e vegetarianos. Uma amiga, por exemplo, é vegana porque entende que esse tipo de dieta é melhor para seu corpo. Quando lhe perguntei se o amor aos animais tinha alguma coisa a ver com sua opção alimentícia, ela respondeu com muita categoria: “Não, Flavio. Se eu fosse levar isso em consideração, teria de parar de usar várias roupas e produtos que uso atualmente”. Infelizmente, nem todos pensam logicamente como ela. Tem muito vegano hipócrita que diz não comer nada animal porque respeita a vida dos bichinhos, mas capricha nos produtos de beleza com componentes animais e usa roupa de couro.

Mas, de todas as bobagens que os veganos xiitas costumam dizer, a história da água necessária para um quilo de carne é de longe a pior. De acordo com os próprios ecochatos de organizações como Greenpeace e Treehugger, são utilizados mais de 100 mil litros d’água na fabricação de um carro, mais de 100 litros d’água para produzir um litro de cerveja, 200 mil litros d’água para cada tonelada de aço e 4 mil litros d’água para fazer uma tonelada de cimento. Portanto, a não ser que o sujeito more em uma cabana feita por ele mesmo, utilizando ferramentas primitivas, não faça uso de telefone celular, não possua uma televisão, não se locomova em veículos e não se vista com nada além de saias indígenas feitas de folhas de banana, sacar a carta da água não passa de pura hipocrisia.

E o câncer, então? Se fôssemos dar ouvidos a cada pesquisa ou trabalho publicado sobre algum alimento que pode aumentar as chances de que alguém venha a desenvolver algum tipo de câncer, estaríamos certamente mortos de fome. Novamente, o vegano xiita só se lembra do câncer supostamente causado pela carne, que o homem come desde sempre.

Ainda bem que meu cunhado não é casado e não tem planos de ter filhos. Andam pipocando casos de pais veganos que matam seus bebês de fome, literalmente, porque se recusam a dar leite e alimentos de origem animal para eles comerem. Gente inimaginavelmente idiota.

Ao leitor vegano ou vegetariano do bem, aquele que não fica tentando empurrar sua opção de dieta como religião goela abaixo dos outros, peço que não fique ofendido. Como sempre, o problema não é ser isso ou aquilo; o problema é ser desinformado, ignorante e radical. Agir assim é garantia de dar com os burros n’água, como diz minha mãe. E eu, que não fico sem carne, vou comer uma picanha agora mesmo. Essa coluna me deu fome.

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