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Foto: Brendan Smialowski/AFP
Foto: Brendan Smialowski/AFP| Foto:

A esquerda americana vive atualmente um momento de desespero. A eleição de Donald Trump, em 2016, foi semelhante à goleada que tomamos da Alemanha em pleno Mineirão. A diferença é que os brasileiros seguiram com suas vidas no dia seguinte ao vexame, cientes de que futebol pode até ser uma paixão, mas não coloca comida na mesa e nem faz parte do conjunto de fatores que um cidadão comum consegue mudar com suas ações individuais. Já os democratas americanos tiveram um dia pior que o outro desde então, um verdadeiro pesadelo do qual jamais conseguem acordar. Pior que isso, concentraram seus esforços na tentativa de reverter a “catástrofe” e erraram a mão em absolutamente tudo o que fizeram sob a presidência de Trump.

Toda pessoa que já cozinhou já errou algum dia na quantidade de sal e deixou a comida intragável. Salgar demais é um daqueles erros sem solução, ou melhor, cuja única solução é jogar tudo fora e começar de novo. A metáfora culinária é muito bem aplicável à situação da esquerda americana: salgaram demais a comida, mas, em vez de começar de novo a receita, não param de colocar mais sal, achando que uma hora vai ficar gostoso. A falta de paladar traduz-se, na correspondência política, no total descompasso entre ideologia e realidade. A esquerda americana é hoje, em sua quase totalidade, um apanhado de gente que vive dentro de uma fantasia, onde ações e opiniões que soam absurdas e incabíveis ao povo americano são aplaudidas e reverberadas por uma rede fechada de políticos, jornalistas, artistas e intelectuais, todos vivendo dentro da mesma bolha e distantes cada vez mais da realidade dos cidadãos.

O caso das crianças separadas de seus pais pela imigração é um exemplo bastante ilustrativo desse modo míope de ação. Até pouco tempo atrás, a grande aposta da esquerda para minar o governo Trump era a narrativa da interferência russa no resultado das eleições. Montou-se um aparato gigante para dar corpo a essa mentira, incluindo grande parte da grande imprensa, a quase totalidade do Partido Democrata e a banda podre do Departamento de Justiça e do FBI. Durante um ano e meio, CNN, New York Times, MSNBC, Washington Post e companhia publicaram diariamente matérias a respeito do tal conluio com a Rússia. O investigador especial designado para o caso, Robert Mueller, já está há mais de um ano “coletando provas” e até o momento não foi capaz de produzir uma única peça factual e condenatória. A falência desse teatro todo foi sacramentada algumas semanas atrás, quando gravações de agentes do FBI falando abertamente em impedir Trump de ser presidente, caso ele fosse eleito, foram finalmente divulgadas ao público. Aos poucos, diversas figuras ligadas à investigação de Mueller foram sendo tragadas pelo poder destrutivo das gravações e de outras evidências claras de que o conluio com a Rússia não passou de uma tentativa desesperada de reverter o resultado da eleição presidencial de 2016.

Pois bem, diante do fracasso de seu plano principal, a esquerda americana resolveu mudar o foco e escolher uma outra arma (algo ainda mais descolado da realidade do americano médio) para atacar Trump. A opção recaiu sobre a imigração ilegal, um dos pilares da estratégia de domínio político dos democratas. O novo teatro foi montado com fotos antigas e notícias requentadas de crianças separadas de seus pais pelo departamento de imigração. Ocorre que:

As leis de imigração que regulam essas separações são da época de Bill Clinton e vêm sendo aplicadas por todos os presidentes desde então;
As separações ocorrem quando uma família tenta entrar ilegalmente nos Estados Unidos, ou seja, quando cometem um crime flagrante em território americano;
Qualquer pessoa que seja condenada por crime é separada de seus filhos enquanto cumpre pena, e milhares de crianças americanas vivem em lares adotivos justamente por conta disso;
Os imigrantes ilegais são responsáveis por parcela considerável dos crimes violentos cometidos todos os anos nos Estados Unidos, crimes que vitimam cidadãos americanos e imigrantes que vieram legalmente para o país;
O México e o Canadá, apenas para citar os dois vizinhos geográficos da América, possuem leis tão ou mais restritivas à entrada de ilegais em seus territórios.

A cada matéria que saía na grande imprensa mostrando uma foto falsificada, uma narrativa fabricada ou uma mentira camuflada, as redes sociais eram inundadas pelas versões originais e reais das fotos, pelas correções das narrativas e pela exposição das mentiras. Com a ajuda da pequena parcela decente da imprensa, a história do presidente cruel que separa criancinhas de seus papais e mamães resultou em absolutamente nada: a aprovação de Trump continua crescendo a cada dia. Mas a prova mais clara de que a preocupação da esquerda com crianças não passa de uma estratégia para tentar infernizar o presidente veio com o anúncio da aposentadoria do juiz Anthony Kennedy. O fato de Trump ter o direito de indicar mais um conservador para a Suprema Corte foi mais que suficiente para cessar toda e qualquer preocupação com as criancinhas. Bem, não toda e qualquer, pois o grande medo que paira nos tweets de políticos e ativistas esquerdistas é de que uma maioria conservadora na corte seja o prenúncio da reversão de Roe v. Wade e uma eventual proibição do aborto – quando o assunto é criancinhas no ventre, esquerdistas podem ser cruéis a ponto de defender a morte e desmembramento de bebezinhos indefesos. Mas, em questão de minutos, as histórias tristes e a chantagem emocional barata foram substituídos por um desespero profundo seguido de ataques histéricos e até mesmo propostas descabidas para acabar com a Suprema Corte.

Enfim, os americanos médios – aqueles que não vivem nas bolhas progressistas de Nova York e Los Angeles – não engolem mais essa salmoura toda que é despejada diariamente na grande imprensa. E a esquerda continua colocando sal, na esperança insana de que uma hora a comida fique boa. Que continuem assim. Como diz Sun-Tzu, jamais interrompa seu inimigo quando ele estiver cometendo um erro.

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