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Eu sei que o fato principal da semana foi a merecida condenação do cachaceiro de Garanhuns pelo colegiado do TRF4. Compartilho da alegria que muitos leitores desta coluna sentiram e torço para que a condenação se transforme em prisão o mais rapidamente possível. No entanto, quero destacar um outro fato ocorrido, um que talvez seja esquecido em meio à cobertura jornalística quase que exclusiva do julgamento de Lula. Faço desta coluna, portanto, mais um registro histórico do vergonhoso episódio de Márcia Tiburi. Que fique eternizado em palavras e sacramentado pelos buscadores da internet.

No dia 24 de janeiro, a “filósofa” Márcia Tiburi comentava ao vivo a sessão do TRF4, falando como convidada no programa de Juremir Machado. Durante a leitura do voto de João Pedro Gebran Neto, relator do processo, a tal filósofa fazia comentários pueris – piadinhas sem graça, para ser mais claro – sobre as motivações do relator. De repente, entra no estúdio o garoto Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, e a despreparada Márcia teve um chilique ao vivo, daqueles que meu filho de dois anos e meio costuma ter quando dizemos que é hora de dormir. Só que, em vez de gritar “não, papai, qué vê mais Umizoomi”, ela disparou um “Credo! Eu não vou sentar com este cara, Juremir. Gente, acabei de encontrar Kim Kataguiri. Estou fora, meu! Tá louco, vou embora, Juremir” e bateu em retirada, mas não sem falar mais asneiras infantiloides: “Vou chamar um psiquiatra. Desculpa, não dá para mim. Me avisa da próxima vez quem tu convida para teu programa. Tenho vergonha de estar aqui. Que as deusas me livrem. Não falo com pessoas assim que são indecentes, perigosas. Tenho até medo de estar aqui”. Aparentemente, Kataguiri é o bicho-papão de Márcia Tiburi.

O episódio fica ainda mais interessante quando levamos em consideração a recente obra da “filósofa”, o livro Como conversar com um fascista. Nas próprias palavras da autora, “o diálogo é a forma específica do ativismo filosófico”, o fascista é alguém que perdeu “a dimensão do diálogo” e “Hitler parecia uma criança que, tendo crescido, continuava abusada e mimada como todo paranoico”. Em coluna publicada um ano após o lançamento do livro, Tiburi diz que “a retórica fascista é vazia, não apresenta ideias ou argumentos, mostra-se alheia a qualquer limite ou reflexão. Ao contrário, os ideólogos fascistas se caracterizam por falarem por clichês. Poucos percebem suas contradições”. Vejamos:

“Credo, eu não vou sentar com este cara”: resistência à reflexão.

“Vou chamar um psiquiatra”: clichê.

“Tenho vergonha de estar aqui”: falta de ideias ou argumentos.

“Que as deusas me livrem”: outro clichê.

“Não falo com pessoas assim, que são indecentes, perigosas”: paranoia infantil.

“Tenho até medo de estar aqui”: mais paranoia.

Saiu da sala sem apresentar ideias ou argumentos, alheia a qualquer limite ou reflexão, e sem a menor ideia da contradição ambulante que é.

O jornalista Juremir Machado, apresentador do programa, disse em seu blog: “Recebi duas críticas: por não ter avisado (justa) e por ter convidado Kataguiri (inaceitável). (…) Nos comentários que li transpareceu uma velha tentação atribuída à esquerda, mas comum na direita que me patrulha diariamente, de controlar a mídia, dizer quem tem legitimidade para falar”. O título do texto é sugestivo – “Quem tem medo de Kim Kataguiri?” – e tem resposta: Márcia Tiburi.

Talvez a “filósofa” devesse ter aulas de debate com um mestre no assunto. Benê Barbosa, presidente do Movimento Viva Brasil e coautor, com este que vos escreve, do livro Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento, jamais se recusou a debater o tema de sua expertise com quem quer que fosse. Benê gasta boa parte do seu tempo comparecendo a painéis e mesas de discussão onde todos os outros convidados são, invariavelmente, contrários às suas posições. Jamais vi Benê Barbosa fazer comentários jocosos, xingar, caluniar, perder a calma ou a razão; seu domínio do assunto, sua serenidade e temperança, e sua habilidade de expor ideias certamente lhe dão a segurança de enfrentar qualquer oponente intelectual. Só posso concluir que Márcia Tiburi – como muitos “intelectuais” de esquerda da atualidade – não domina o assunto sobre o qual escreveu, não possui serenidade nem temperança, e não tem a menor habilidade de expor ideias, a não ser quando na posição de professora, onde não precisa temer o contraditório; pode, inclusive, puni-lo através de notas baixas e reprovações.

E assim foi a semana. Confesso que me diverti mais com esse episódio do que com a condenação de Lula. Talvez porque eu tenha aquele receio de que alguém ainda possa livrá-lo da prisão nas muitas voltas que a Justiça brasileira permite. Já no caso de Márcia Tiburi, o resultado é irrecorrível e irreversível. Obrigado, Juremir; obrigado, Kim.

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