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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/AFP Photo
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Pretendo usar este espaço, pelas próximas semanas, para registrar minha opinião sobre cada um dos principais candidatos à presidência da República. Começarei pelo candidato do PDT.

Mais de 20 anos atrás, Ciro Gomes disse a única coisa que considero admirável em sua carreira pública: “Nem que seja para ganhar eleição, não como buchada” Todo homem tem o seu limite, o seu ponto de ruptura, e eu compartilho o de Ciro. Buchada, nunca. Mas o ex-governador do Ceará não é do tipo de político para se fazer brincadeiras. Ele é, sem sombra de dúvida, o candidato mais perigoso das eleições deste ano – entre todos os que têm alguma chance de chegar ao segundo turno, Ciro não tem adversários à altura de sua torpeza.

O Brasil saiu de uma época bem recente em que a maior preocupação das pessoas providas de um cérebro funcional e de princípios morais era evitar que o PT ganhasse as disputas eleitorais. Eu mesmo, quatro anos atrás, declarei voto em Aécio Neves, que considero um péssimo político, na tentativa de evitar a reeleição de Dilma Rousseff. Foram mais de duas décadas em que muita gente votaria em um chimpanzé para evitar colocar um petista no comando do Executivo, tanto no âmbito municipal como no estadual e federal.

Os tempos mudaram. Lula está preso (pelo menos por enquanto) e o PT foi diminuído, humilhado e rebaixado à segunda divisão da política brasileira. Os candidatos à Presidência começam a se alinhar oficialmente – diversas convenções partidárias aconteceram nos últimos dias – e o PT já não mete medo em ninguém, exceto na hipótese cada vez mais rara de termos Lula solto e fazendo campanha pelo Brasil. Infelizmente, isso não significa que o perigo tenha se dissipado. Lula na cadeia é bom, mas temos outros demônios do mesmo quilate para exorcizar, e Ciro Gomes é hoje o mais forte deles.

O político paulista (para quem não sabe, Ciro nasceu em Pindamonhangaba) tem se envolvido em situações que só fazem por comprovar sua tendência autoritária, seu desprezo pela moral judaico-cristã e seu desrespeito pela tripartição dos poderes. Alguns exemplos:

No último dia 18, Ciro disse: “Agora um promotor aqui de São Paulo resolveu me processar por injúria racial e pronto. Um filho da puta desses faz isso e pronto (…) Ele que cuide de gastar o restinho das atribuições dele, porque se eu for presidente essa mamata vai acabar”. A fala do candidato é elucidativa por si só. Não só constitui uma tremenda falta de decoro para com um membro do Ministério Público como também um indicativo de que ele não tem o menor respeito pela separação de poderes.

E por que Ciro enfrenta esse processo por injúria racial? Porque, há pouco mais de um mês, chamou o vereador Fernando Holiday, da capital de São Paulo, de “capitãozinho do mato”. A ofensa foi feita durante entrevista à rádio Jovem Pan, e o termo usado por Ciro é considerado de cunho racial justamente por fazer referência única e exclusiva ao conjunto de serviçais negros que perseguiam e castigavam outros negros, estes escravos, na época da escravatura brasileira. O processo de Holiday somou-se a mais de 100 outros processos de mesma natureza – calúnia, injúria, difamação e danos morais – ajuizados atualmente contra o candidato à Presidência.

Avançando um pouco mais ao passado, até março de 2017, encontramos mais declarações reveladoras do caráter de Ciro. Em vídeo gravado por si mesmo, o político desafia o juiz Sergio Moro a prendê-lo e diz que, caso isso aconteça, que a turma de Moro será recebida “na bala”. Em outro momento de 2017, durante uma mesa redonda, Ciro troca o seguinte diálogo com alguém que lhe faz uma pergunta:

Entrevistador: “O senhor quer a estatização das empresas?”
Ciro Gomes: “Não, não quero estatização nenhuma; quero o controle social e o fim da ilusão moralista católica. A humanidade precisa de controle.”

Eu, pessoalmente, não deixaria alguém que acredita que a humanidade precisa de controle sair do hospício. É o tipo de mentalidade psicopata que regeu os atos mais terríveis de diversos ditadores ao redor do mundo, especialmente no século passado.

Sobre o aborto, tema tão importante ao eleitorado conservador brasileiro, Ciro faz a defesa clássica da esquerda, utilizando a falácia do aborto como problema de saúde pública e defendendo sua descriminalização e sua realização na rede pública de saúde a fim de “salvar a mulher pobre, preta e cabocla, que faz aborto em casa com agulha de tricô e morre.”

Enfim, eu poderia encher muitas páginas com transcrições de falas odiosas, hediondas, autoritárias, ameaçadoras, antidemocráticas e desrespeitosas de Ciro Gomes. Poderia fazer uma série de artigos semanais sobre ele, e eu teria material para mais de um ano, tantas foram as oportunidades em que esse sujeito mostrou sua índole despótica e tirânica e seu completo desdém pelos valores mesmos que definem a civilização ocidental. Em um momento em que nosso Legislativo passa por uma crise imensa, desmoralizado por escândalos seguidos, e nosso Judiciário se encontra ocupado por alguns que compartilham desse mesmo desdém, a eleição de Ciro para a Presidência seria o pior desfecho possível para o nosso já combalido país.

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