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Anúncio de um gun show nos EUA. Ibagli/Wikimedia Commons
Anúncio de um gun show nos EUA. Ibagli/Wikimedia Commons| Foto:

Eu pensei em falar sobre a greve dos caminhoneiros no texto de hoje. Mas, convenhamos, não há nenhuma novidade no acontecimento. Dá para resumir tudo em uma única frase: Brasil, país de um governo falido que abocanha a maior parte da riqueza gerada por seus cidadãos para custear sua máquina burocrática e corrupta. Prova disso é que o litro da gasolina custaria a mesma coisa que custa aqui nos Estados Unidos não fossem os impostos abusivos.

Falemos, então, sobre um assunto que muito me agrada e que frequentemente ocupa as páginas virtuais deste espaço: armas. No último fim de semana, fui a um evento bastante comum na América, um Gun Show. Somente em Orlando, acontece um a cada dois meses. O Gun Show nada mais é que uma exposição de armas, uma grande feira em que lojas de armamentos, munição e acessórios expõem seus produtos a preços menores que os praticados normalmente, com o intuito de baixar o estoque para a chegada de mercadoria nova. É um conceito bem conhecido por diversos setores econômicos no Brasil, mas não tem paralelo nenhum na realidade dos brasileiros quando aplicado a esse segmento específico.

Quando falo em exposição de armas, um leitor desavisado poderia imaginar um evento meio bandido, onde psicopatas e criminosos potenciais buscam os meios para executar seus planos sórdidos. Se você pensou em algo assim ou minimamente semelhante, apague tudo de sua cabeça. O Gun Show é antes de tudo um evento familiar. Sim, o que mais se vê no salão de exposição são famílias andando pelos corredores, pais experimentando a empunhadura de um fuzil na frente de suas filhinhas vestidas de rosa e de garotos adolescentes que, muito provavelmente, já frequentam o estande de tiro com seus progenitores. Vários expositores contam com mulheres na equipe de vendas, evidência do verdadeiro empoderamento feminino. Do lado de fora do pavilhão, barracas de comida e refrigerante dão apoio alimentício aos visitantes, e a enorme área de estacionamento é gratuita. Quanto a mim, fui com um amigo e sua esposa procurar uma pistola nova. Acabei descobrindo que a loja de armas próxima a minha casa estava vendendo o modelo que eu queria 30% abaixo do menor preço que encontrei no evento. Acabei comprando apenas uma mira telescópica e um novo apoio de mão para meu fuzil.

Decidi escrever sobre esse evento porque ele diz muito sobre como os americanos entendem essa questão das armas. Lembro-me muito bem de quando comprei meu AR-15 e mandei uma foto em um grupo de WhatsApp com meus amigos da época de faculdade. As reações das esposas variaram entre o “Deus me livre!” e o “Credo, que coisa assustadora”. Para uma grande parcela da população brasileira, as armas se tornaram exatamente isso: objetos assustadores. Mas, para a maioria dos americanos, armas são a única garantia de liberdade individual, seja contra o ataque de um criminoso ou contra um eventual governo que resolva se tornar autoritário. Eu sei que o pessoal da esquerda, diante da imagem de um pai levando um garoto a um evento desses, ferve de ódio e enxerga o pior dos mundos. Muito provavelmente, se lerem este texto, farão comentários jocosos, chamando os americanos de ignorantes, belicosos, loucos e psicopatas. Agirão assim porque são incapazes de entender o conceito de liberdade, um bem imaterial que só pode ser garantido em nível individual com a existência das armas. Fosse o mundo um paraíso no estilo Imagine, de John Lennon, não precisaríamos delas. Mas o mundo não é assim e nunca será, muito menos em lugares onde a ideologia de esquerda foi enfiada goela abaixo de uma população previamente desarmada e desprovida de qualquer meio de reação. Nossos vizinhos venezuelanos passam fome hoje porque entregaram suas armas ontem.

Se eu precisar pegar em armas para que meus filhos não vivam uma realidade nefasta, certamente pegarei. Só que, para pegar em armas, é preciso tê-las, e os americanos as têm. Estima-se que 350 milhões de armas de fogo e mais de 10 trilhões de balas estejam hoje nas mãos de civis. É uma quantidade consideravelmente maior que o arsenal das forças armadas combinadas. Aqui, um Chávez ou um Maduro não teriam vez. Ou, em um português mais corriqueiro, aqui o buraco é mais embaixo. E tem uma bala saindo dele.

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