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Foto: Jeff Vanuga/USDA Natural Resources Conservation Service
Foto: Jeff Vanuga/USDA Natural Resources Conservation Service| Foto:

Se você achou, um dia, que Lula seria preso, lembre-se do que o STF fez ontem.
Se você achou, um dia, que existia justiça no Brasil, lembre-se do que o STF fez ontem.
Se você achou, um dia, que as instituições funcionavam em nosso país, lembre-se do que o STF fez ontem.
Se você achou, um dia, que o Brasil possuía um regime democrático de direito, lembre-se do que o STF fez ontem.
Se você achou, um dia, que o Judiciário era o melhor dos três poderes, lembre-se do que o STF fez ontem.
Se você achou, um dia, que a impunidade estava finalmente acabando, lembre-se do que o STF fez ontem.
Se você achou, um dia, que Sergio Moro era suficiente para mudar nossa história, lembre-se do que o STF fez ontem.
Se você achou, um dia, que o bem sempre vencia no final, lembre-se do que o STF fez ontem.
Se você achou, um dia, que o Brasil tinha jeito, lembre-se do que o STF fez ontem.
Se você achou, um dia, que havia limites para a decadência de nossa nação, lembre-se do que o STF fez ontem.
Se você achou, um dia, que o poço tinha fundo, lembre-se do que o STF fez ontem.
Se você achou, um dia, que poderia adiar aquele projeto de se mudar para um país mais decente e civilizado, lembre-se do que o STF fez ontem.

O Brasil cansa, o Brasil desanima, o Brasil desencanta.

Nosso país é como uma construção mal cuidada por fora, com alicerces apodrecidos por dentro; não há reforma que resolva. Estamos terminalmente doentes; os remédios disponíveis mal disfarçam nossos sintomas e a cura não existe no momento.

Nossa degradação moral atingiu níveis inéditos na história do mundo. Sodoma e Gomorra ficaram para trás. Os valores e princípios que levaram a civilização ocidental a um patamar único de bem-estar e respeito à vida não encontram morada no Brasil. A vida, a beleza, a liberdade, a ordem, o respeito e a honra, entre outros, são motivo de deboche em nosso país. Tudo acaba em pizza, tudo é empurrado com a barriga, tudo é “resolvido” com jeitinhos e gambiarras.

Dizem que o melhor do Brasil são os brasileiros. Não é verdade. Nossos políticos são brasileiros, nossos juízes do STF são brasileiros, Lula é brasileiro, Renan Calheiros é brasileiro, Dilma é brasileira, José de Abreu é brasileiro, Fernandinho Beira-Mar é brasileiro. São muitos trastes e pouquíssimos virtuosos. Batemos recorde sobre recorde de corrupção, mas não somos capazes de conquistar um Prêmio Nobel sequer. Frequentamos as últimas posições nos rankings de coisas boas – educação, liberdade econômica, liberdade de imprensa, segurança etc. – e as primeiras nos rankings de coisas ruins.

Quatro anos atrás, percebi que não conseguiria mais viver no Brasil. Queria ter filhos e queria tê-los em um lugar que valorizasse a vida, a liberdade, a família e os princípios judaico-cristãos. Desde então, nunca deixei de acompanhar a situação em minha terra natal, mantive contato com muitos amigos e conhecidos, conversei com muita gente que se sente tão violentada e impotente como eu me sentia. Cheguei à conclusão de que o Brasil só piorou desde que fui embora. Pode ter melhorado em alguns aspectos, como o de não termos mais o PT no poder, mas nossa derrocada geral continua. Recebo, todas as semanas, mensagens de gente que chegou ao mesmo limite que eu. Desde os mais jovens até vovôs e vovós, cada vez mais pessoas estão olhando para os Estados Unidos, Portugal, Canadá, Austrália e Chile, entre outros países, como saída para o lamaçal brasileiro. São pessoas trabalhadoras, responsáveis e obedientes à lei; gente de princípios que sente o coração corroído cada vez que uma injustiça é cometida. E, cada vez que uma delas deixa o Brasil, a concentração de gente ruim aumenta um pouco. Resumindo, não há perspectiva de que essa espiral negativa seja revertida ou até mesmo atenuada.

Continuo escrevendo e trabalhando nesta árida seara cultural porque acredito que seja a única coisa que posso fazer pelo meu combalido país. Dizer que o Brasil jamais melhorará seria de um pessimismo ilógico; dizer que não há esperanças de melhoria no horizonte da minha vida, ou mesmo da vida de meus filhos, é de uma realidade desconcertante. Se trabalhamos de alguma forma pela salvação de nosso país, o fazemos conscientes de que jamais veremos resultados. Plantamos para a colheita mais longa e longínqua que já existiu. O Brasil é a nossa tamareira; melhor dizendo, é a tamareira de nossos filhos. Se Deus tiver muita misericórdia de nós, os bisnetos da minha geração conseguirão saborear os primeiros frutos desse esforço.

Enquanto isso não acontece, lembre-se do que o STF fez ontem.

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