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Foto: Saul Loeb/AFP
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Congresso e Senado americanos aprovaram, nesta semana, o maior corte de impostos já proposto desde que o mundo é mundo. A lei de reforma tributária, que será assinada por Donald Trump nos próximos dias, mudará o destino de US$ 1,5 trilhão nos próximos dez anos: em vez de acabarem nas mãos do Estado, permanecerão movimentando a economia e gerando crescimento e riqueza.

Desde sua proposição inicial, a lei tem sido atacada por grande parte da imprensa americana e mundial, que não se cansa de caracterizá-la como uma peça legislativa criada para beneficiar os capitalistas malvadões e castigar os pobres e oprimidos. Os deputados e senadores democratas, em seus discursos, adicionaram uma pitada de catastrofismo apocalíptico, invertendo a narrativa e dizendo que a nova lei adicionará US$ 1,5 trilhão à já gigantesca dívida pública americana, como se esta fosse um subproduto direto da falta de impostos e não das irresponsabilidades do Estado na gestão de seus recursos.

Mas, no mundo real, aquele que passa longe das falácias da grande imprensa e da infantilidade dos democratas, o corte de impostos de Donald Trump tem potencial para ser um de seus maiores legados para o mundo todo. Mais do que apenas uma lei que colocará mais dinheiro produtivo em circulação, seus resultados devem brilhar como um poderoso farol contra a nebulosa mentira marxista da redistribuição de renda. Esse conceito ilógico e irreal tem sido a base de todas as promessas e ações da esquerda, que só sabe repetir o discurso robinhoodiano de tirar dos ricos para dar aos pobres. Acontece que isso não funciona, como bem sabem os brasileiros. Embora o Partido dos Trabalhadores tenha chegado ao poder no início do milênio com promessas de redistribuir a renda e diminuir a desigualdade entre brasileiros, um estudo recente do World Wealth and Income Database – instituto de pesquisa dirigido por Thomas Piketty, economista queridinho dos justiceiros sociais brasileiros – mostra que a desigualdade de renda não diminuiu um milésimo de porcentual sequer nos últimos 15 anos. Em outras palavras, o PT redistribuiu a renda, mas somente aos seus quadrilheiros.

Voltando ao texto da lei, não deixa de ser verdade que os principais beneficiados diretos serão as empresas. Somente por conta da redução do imposto sobre lucro de 35% para 20%, mais de US$ 2 trilhões deixarão de ser confiscados como impostos nos próximos dez anos (sim, o corte total é da ordem de US$ 1,5 trilhão. Somente o corte de imposto sobre lucro trará um impacto superior a US$ 2 trilhões, mas outros impostos serão cobrados e outras tarifas modificadas, gerando um efeito contrário. A cifra de US$ 1,5 trilhão é uma estimativa do custo líquido de todas as provisões da lei em conjunto). A grande falha de interpretação que tem sido difundida é que somente as empresas serão beneficiadas, como se essa dinheirama fosse parar diretamente no bolso de alguns poucos, sem nenhum reflexo positivo para a sociedade. A realidade é quase que diametralmente oposta: no mundo do século 21, principalmente nas nações com maior grau de liberdade econômica, as empresas não podem mais se dar ao luxo de tratar seus empregados como elementos descartáveis e sem valor; muito pelo contrário, cada vez mais têm de seduzi-los continuamente para evitar a perda de gente capacitada para a concorrência. Recursos adicionais são geralmente investidos em melhorias tanto para funcionários como para clientes e em mais empregos.

Prova disso é que gigantes como AT&T, Comcast, Wells Fargo e Boeing já anunciaram medidas imediatas em decorrência da aprovação da redução de impostos. A AT&T, primeira a se pronunciar publicamente sobre o assunto, anunciou que pagará um bônus de US$ 1 mil dólares para cada um de seus 200 mil funcionários operacionais. A Comcast, outra gigante do ramo de telecomunicações, seguiu na mesma linha e pagará bônus idêntico aos seus 100 mil funcionários. Os bancos Wells Fargo e Fifty Third também se comprometeram publicamente – o Fifty Third aumentará seu salário mínimo para US$ 15 por hora, beneficiando quase 3 mil funcionários que recebem nessa categoria, e distribuirá US$ 1 mil de bônus para cada um de seus 13,5 mil empregados; o Wells Fargo fez anúncio semelhante, prometendo 11% de aumento no salário mínimo de seus empregados. O destino não poderia ser mais irônico: no exato momento em que a AT&T anunciava a concessão de US$ 200 milhões em bônus a seus funcionários, o senador democrata Chuck Schumer fazia mais um discurso mentiroso e descolado da realidade no plenário do Senado, usando exatamente a AT&T como exemplo de corporação gananciosa, dizendo que o corte de impostos só serviria para encher o bolso dos executivos e acionistas, e que nada de bom faria pelos empregados. Creio que nunca se viu alguém ser tão imediatamente desmentido em público.

E, caso ainda pareçam faltar motivos para entusiasmo com a reforma tributária de Trump, os ministros da economia dos cinco países mais ricos da Europa forneceram a argumentação final em favor do corte de impostos. Em carta escrita ao Secretário do Tesouro americano, Stephen Mnuchin, eles disseram que a lei proposta, caso aprovada, representará um rompimento dos códigos tributários aplicados a corporações no mundo todo e provocará uma forma disfarçada de guerra comercial. Traduzindo: “Se vocês pararem de sobrecarregar as empresas americanas com impostos, elas se tornarão mais eficientes e mais lucrativas, e acabarão vencendo as disputas comerciais com as empresas europeias, que continuarão sendo taxadas com os impostos absurdos que cobramos deste lado do Atlântico. Por favor, não façam isso”. Em vez de pressionarem seus governos por iniciativas igualmente positivas, tentaram fazer algum tipo de pressão – inócua, por sinal – sobre o governo americano. Como dizia minha avó, deram com os burros n’água.

Enfim, os próximos anos deverão confirmar os grandes benefícios de se cortar impostos sobre quem produz riqueza. Se o mercado seguir suas leis naturais e o governo americano mantiver o viés de diminuição da ação direta do Estado sobre cidadãos e empresas, o mundo assistirá a um aumento do poder econômico dos Estados Unidos. Que esses resultados possam servir para abrir os olhos daqueles que ainda acreditam que dinheiro na mão do Estado é dinheiro bem gasto, e que eles possam pressionar seus governos, onde quer que estejam, a aprovar reformas semelhantes. Quando penso em um mundo melhor para meus filhos, sempre penso em um mundo onde governos são menores e menos poderosos. O único caminho para se chegar lá é manter o dinheiro nas mãos de quem não governa, ou seja, diminuir impostos. Não é surpresa que Trump entenda isso tão bem; ele é oriundo do ambiente empresarial mais competitivo do planeta. Aos estatistas, resta o choro.

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