Por que buscamos um herói?

Desde pequenos, temos a tendência de confiar e esperar no herói. Lembro que o meu preferido era o superman, adorava o fato dele ser uma pessoa comum, com muitas doses de vulnerabilidades, mas quando encontrava alguém em perigo, vestia sua roupa, seu cuecão e capa vermelha, e ia com seus super poderes salvar quem precisava. Mesmo com a criptonita o enfraquecendo, o que ficava, para mim, era a força e a capacidade que ele tinha de fazer coisas que eu jamais faria. Quando eu era pequeno, eu sonhava muito que voava e isso, com certeza, tem por base a minha admiração pelo meu herói, queria poder fazer o impossível assim como ele fazia.

Nos dias
atuais, eu creio que trouxemos um pouco deste mundo da DC Comics e da Marvel
dentro de nós. Acreditamos mesmo que, em alguns momentos, de forma até
inconsciente, um herói irá nos salvar. Depositamos parte da nossa confiança
nesse herói e, sem perceber, vamos perdendo um dos grandes elementos que podem,
de fato, mudar nossas vidas que é a auto responsabilidade. Uma das características
que difere o herói de nós é o fato dele fazer coisas que não podemos, por isso
temos a glamourização de artistas, influencers e jogadores de futebol no
Brasil. Boa parte dos seus seguidores acreditam que jamais poderão fazer o que
eles fazem. É como se eles vivessem em um mundo paralelo, tipo Krypton, e lá as
coisas são muito mais fáceis para quem detém super poderes.

Ao invés de formarmos uma geração de makers, temos formado followers, os seguidores dos novos heróis. E no mundo corporativo e político passamos pelo mesmo dilema, um excesso de confiança em líderes falhos. Estamos depositando esperança em um líder, como se ele fosse a pessoa que resolveria todos nossos problemas. Em especial, na política, vivemos profundamente esse mal. Quantos líderes não vimos derreter por conta de uma legião de seguidores quase fanáticos que o defendiam como um líder com muitos super poderes? E, mesmo com tantos exemplos, ainda vivemos nos dias atuais esse anseio de parte da população de que o presidente atual seja, de fato, o Messias. O homem que veio para nos devolver a dignidade política, acabar com a roubalheira, transformar os políticos corruptos em servos do povo e se tornar o ícone da moralidade, da lisura, com valores e princípios inabaláveis.

Nesse plano
natural, não existem salvadores, não existem heróis com super poderes. Esse
presidente deve ter a síndrome de todos os outros e, lamento te informar, por
mais que ele queira, é difícil diferenciá-lo do Lex “Lula” Luthor, seu
principal algoz. Eles são muito iguais agindo por vias diferentes, são fracos e
seduzidos pelo poder. Caminham na direção do narcisismo e de colocar seus
filhos acima da pátria. Negociam com nossos inimigos reais para permanecerem no
poder e cedem na hora de defender seus valores e sua honra. Se eles não são
nossos heróis, quem são?

Você é o herói! Você tem super poderes para trabalhar e produzir em um país tão injusto e desigual. Você é um herói por conseguir lutar todos os dias para ensinar valores e princípios para seus filhos, por pagar seus impostos, por se emocionar quando vê uma matéria sobre pessoas que morrem vítimas de um vírus invisível. Você é um herói porque não desiste, acredita nos seus sonhos e luta por eles todos os dias. Você é um herói, porque não espera o herói, você faz, no seu mundo, o que todo herói deveria fazer, você ama com todo seu coração. Você é um herói porque é humano e, com todas suas falhas e imperfeições, continua crendo que o amanhã será incrível e que tudo dará certo. E dará mesmo, sabe por quê? Porque eu acredito que todos somos heróis.