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Mariah do @oquefazercuritiba no GoodTruck de Natal 2019.
Mariah do @oquefazercuritiba no GoodTruck de Natal 2019.| Foto: Amanda Lavorato

Já passamos de 300 mil mortes contabilizadas pelo coronavírus e esse vem a ser o nosso novo problema global. Se tem data para acabar ou, pelo menos, melhorar, não sabemos. Como será o mundo ano que vem, como os negócios e as relações interpessoais vão mudar, também não podemos adivinhar. Mas a verdade é que uma gripe mortal fez o mundo parar e mudar de curso. Tendências que já víamos crescer se potencializaram e ganharam força caminhando a passos largos, como educação à distância/online, negócios de delivery, consumo local, reconfiguração dos espaços de comércio e experiência de consumidores, shopstreaming, trabalho remoto, etc.

Acho que todas as mudanças e medidas tomadas até agora são admiráveis e só trazem à luz a capacidade impressionante de adaptação e evolução do ser humano. Moldamos o mundo de acordo com as nossas necessidades mais urgentes. Mas, se pararmos pra pensar, temos outros problemas globais tão urgentes quanto esse.

A emissão desregrada de CO2 na atmosfera, o desmatamento, desigualdade, fome, recursos naturais, acesso à educação, saúde mental, saúde física, aposto que mesmo que a gente não saiba com profundidade sobre essas problemáticas, sabemos que o mundo não anda caminhando pra um lugar muito próspero.

Segundo o site The World Counts, uma “calculadora de problemas globais”, só na última semana tivemos mais de 85 mil mortes por fome, enquanto 12 mil toneladas de comida foram desperdiçadas. Só em 2020 já foram mais de 5 milhões de mortes causadas pela fome, e mais de 100 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar (ou seja, pessoas que não sabem quando terão acesso à próxima refeição).

5 milhões X 300 mil

E qual a diferença entre a fome e a Covid-19? Quem enfrenta. E não venho dizer que as classes mais baixas não sejam afetadas pelo coronavírus, não. Inclusive acho que são as que mais sofrem pela falta de recursos, conhecimento, atendimento. Mas é quando vemos o impacto causado no mundo que nos damos conta de “quem importa” na fila do pão. 5 milhões de mortes ainda não foram suficientes pra mudar o sistema de consumo e distribuição de alimentos, as indústrias alimentícias, nossos hábitos alimentares, a legislação, nosso olhar pro coletivo.

Até a configuração das nossas cidades, entre condomínios e zoneamento, impede que a gente lide com a triste realidade da pobreza e da desigualdade. Elas ficam escondidas, isoladas nas periferias, abrigos, e entre as praças e ruas menos movimentadas.

Em conversa com Caroline Busatto, que ensina e vivência maneiras de construirmos uma Nova Economia, perguntei o que seria um novo panorama econômico que favorece à vida e possibilita uma redução no panorama da desigualdade. Segundo ela “Uma Nova Economia começa por admitir que o modelo atual apresenta falhas sistêmicas e mesmo aqueles que são mais favorecidos em termos de recursos não estão mais satisfeitos ou mais felizes – que é demonstrado pelo crescente número da taxa de depressão – ou seja, passa por assumir nossa liderança na transição econômica e revisar o modelo econômico, olhando para os pontos cegos e criando condições para que as pessoas e o planeta possam prosperar em equilíbrio.

Também a questiono se temos tempo ou se não é utópico. E a resposta vem cheia de esperança: “só sabemos se tentarmos e com isso liberarmos toda nossa imaginação para criar um mundo mais bonito – cabe a mim e a você – e nosso esforço individual é muito importante”

Esse mês não trago receita, trago um pedido, um questionamento: o que podemos fazer diante dessas 5 milhões de mortes, diante do panorama do desperdício, do desmatamento, e dos outros problemas globais que não colocam nossa vida em risco (pelo menos não por enquanto), mas a vida de centenas de milhões de outras pessoas? Será que não é hora então de assumirmos a nossa liderança para escrever uma nova história?

E aqui deixo também uma oportunidade: O GoodTruck, ONG que fundei em 2016 já serviu mais de 6 mil refeições pra pessoas em necessidade, em parceria com voluntários, restaurantes e empresas somente durante a pandemia. Se você não souber o que pode fazer pra ajudar, acesso o instagram @goodtruckbrasil ou o site www.goodtruck.org.br pra nos ajudar a transformar o mundo num lugar mais justo e amoroso, um prato por vez. Comer é um ato revolucionário, REVOLUCIONE-SE! Juntos podemos. Sua liderança importa!

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