• Carregando...
Outro colégio investigado por criticar a ideologia de gênero
| Foto: Free Photos/Pixabay

A igreja cristã em todo o Ocidente está sofrendo constrangimentos e perseguição por parte dos adeptos da ideologia de gênero. Um exemplo dessa perseguição religiosa é o que está acontecendo no Colégio Batista Getsêmani, que tem como diretor-geral Jorge Linhares, pastor da Igreja Batista Getsêmani, em Belo Horizonte (MG). Esta escola está sendo investigada pelo Ministério Público por postar um vídeo nas redes sociais criticando a ideologia de gênero.

O pastor Jorge Linhares, diretor-geral do Colégio Batista Getsêmani, também é pastor-presidente da Igreja Batista Getsêmani há mais de 40 anos e falou com a coluna. Ele é autor com 258 títulos publicados, alguns dos quais best sellers, com dezenas de milhões de exemplares vendidos. É presidente do Conselho de Pastores e Ministros do Estado de Minas Gerais, bacharel em Teologia e em Psicanálise, pós-graduado em Gestão de Empresas e doutor em História.

Na última sexta-feira, dia 30 de junho, o Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR) publicou um parecer sobre o inquérito instaurado pelo Ministério Público “em face da Escola Batista Getsêmani, por conta de publicação em redes sociais de vídeo em que crianças expressam sua crença cristã acerca da família e da formação biológica do homem e da mulher”. O documento merece ser lido na íntegra, e aborda a confessionalidade das escolas cristãs, a crença cristã acerca da sexualidade e família, o respeito à liberdade religiosa e laicidade, e o discurso de ódio, a homofobia e o crime de racismo. Há muitos trechos neles a destacar, e cito alguns abaixo.

Sobre o discurso de homofobia, o documento afirma: “Ao que parece, a tentativa em enquadrar este fato ao crime de racismo e discurso de ódio configura um ato arbitrário, injusto, ilegal, repugnante e de perseguição religiosa beirando até mesmo, em tese e salvo melhor juízo, a possibilidade de configuração do crime de racismo religioso, previsto no artigo 20 da Lei 7716/89”. Mais adiante: “Deve-se ter um cuidado especial na definição [de discurso de ódio], pois não se pode enquadrar nesse conceito cosmovisões ou ideias abstratas, como religiões, ideologias políticas ou crenças pessoais. [...] Aqui reside o maior risco, pois o discurso de ódio poderia ser manipulado para incluir manifestações de opinião que são ofensivas aos que estão no poder ou a grupos sociais majoritários, o que restringiria opiniões críticas e a livre e necessária circulação de ideias”.

Os cristãos estão diante de um tipo de religião civil que se tornou uma ameaça à eficácia e até mesmo ao exercício dos direitos fundamentais

Tratando especificamente da homofobia, é destacado no parecer: “Não há tipo penal de homofobia no Brasil. Apesar dos vários projetos que tinham objetivo de tipificar tal conduta, o Congresso nunca os aprovou, entendendo os legisladores que este não era um tópico que merecia especificidade legal, haja vista que a nossa Constituição protege todos os cidadãos de qualquer forma de discriminação, bem como na esfera penal já há qualificadora quando o crime é cometido por motivos de discriminação ou por motivos torpes”. E o documento conclui: “É evidente que o caso em tela da exibição do vídeo pela escola não configura discurso de ódio, crime e homofobia ou racismo, como equivocadamente entendeu o denunciante, pois a escola confessional exerce sua atividade didática e manifesta sua opinião fundamentada nos princípios ético-cristãos inseridos na Bíblia Sagrada. Reitera-se, a doutrina cristã histórica ensina que existem somente dois tipos de seres humanos, o homem do sexo masculino e a mulher do sexo feminino, sendo considerado família a união do homem e da mulher, a partir do casamento”.

A Convenção Batista Nacional do Estado de São Paulo emitiu uma nota em apoio ao pastor Jorge Linhares e ao Colégio Batista Getsêmani, no mesmo dia 31. Lembra que “a Constituição Brasileira, em seu artigo 5.º, contempla a liberdade de expressão e a liberdade religiosa, sendo cláusulas pétreas e garantias fundamentais de todo e qualquer cidadão”. Também enfatiza que “a veiculação do vídeo objeto de investigação aberta pelo Ministério Público de Minas Gerais não cometeu qualquer ilícito. No vídeo foi veiculada a posição cristã sobre a sexualidade humana, sem ofender a quem quer que seja. A escola em questão é uma escola confessional e dentro de sua confessionalidade é protegida nos termos da Constituição Federal”.

Ainda lembra que “o cristianismo protestante ortodoxo tem a Bíblia Sagrada como única fonte e regra de fé e prática e, com fundamento nos ensinos de Nosso Senhor Jesus Cristo, crê-se que Deus criou apenas dois sexos: homem e mulher”. E destaca algo que tem sido experimentado por cristãos em todo o Ocidente, mas também no Brasil: “O que se percebe nos últimos tempos é que há a tentativa de se criminalizar a opinião em nossa nação, quando o que é manifestado não está em consonância com o que se crê em determinado setor da sociedade, o que deve ser refutado com toda a veemência. [...] A pluralidade deve ser respeitada e nisso se encaixa o posicionamento cristão que merece o mais absoluto respeito. Na nação brasileira tem-se visto uma tentativa de se amordaçar os cristãos nos mais variados segmentos da sociedade civil e, muitas vezes, tenta-se utilizar os respeitados órgãos do aparato estatal para fazê-lo, numa tentativa de criminalizar o exercício pleno da fé cristã. Tem-se assistido reiteradamente uma perseguição implacável em diversos setores aos cristãos e a instituições cristãs. Tal perseguição deve ser rechaçada e deve ser repelida com toda a veemência”.

A Igreja Batista Getsêmani é associada à Convenção Batista Nacional, denominação batista carismática fundada no Brasil em 1967 e que é constituída de aproximadamente 2,7 mil igrejas com mais de 400 mil membros no país. Também apoiam 72 missionários, atualmente servindo na África, Ásia, Europa e América do Sul, e entre os povos indígenas do Brasil.

Muitos “cristãos progressistas” – verdadeiros cavalos de Troia na igreja cristã – aderiram às pautas da ideologia de gênero. Mas estes e os adeptos de partidos de extrema-esquerda se tornaram uma ameaça real à liberdade religiosa e à vida de famílias, igrejas e escolas cristãs, atacando com fúria as bases civilizacionais judaico-cristãs. Na verdade, os cristãos estão diante de um tipo de religião civil que se tornou uma ameaça à eficácia e até mesmo ao exercício dos direitos fundamentais, conquistados ao longo dos últimos 2,5 mil anos e coroados na Declaração dos Direitos Humanos de 1948. E que lembremos das palavras do Senhor Jesus: “Sereis odiados por todos por causa do meu nome, mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.” (Mc 13,13)

Quais são as bases de fé da Escola Batista Getsêmani? Poderia falar um pouco da história e alcance da escola?

As bases de fé de nossa escola estão fundamentadas nas Sagradas Escrituras, causa central da intimação que recebi para comparecer ao Ministério Público de Minas Gerais. Nossa escola recebe matrículas de alunos a partir dos 4 anos e os acompanhamos até o fim de sua trajetória da educação básica, quando iniciará uma faculdade. Acreditamos nos ensinos de Jesus quando Ele disse: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis”. Então, nós trabalhamos essa base da fé, em que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. A Bíblia é a Palavra de Deus, única e possível de ser praticada por aqueles que creem. Ensinamos também que a Cruz de Cristo representa dois aspectos dos nossos relacionamentos: na vertical, o encontro do homem em reconciliação com Deus; na horizontal, uma possibilidade de crescermos, não somente diante de Deus, mas também diante dos homens. A Matemática, a Física, a Química, a Biologia etc., antes de serem ensinadas como verdades absolutas, devem passar pelo crivo da Bíblia. Portanto, de acordo com a Bíblia, o homem é homem, a mulher é mulher; menina é menina e menino é menino!

“O Burger King agiu em discordância com nossos princípios, mostrando que somente nosso dinheiro lhes interessa.”

Jorge Linhares, pastor e diretor da Escola Batista Getsêmani

A escola tem, atualmente, 700 alunos em média, e procuramos ampliar as vagas devido à grande procura que sempre temos, ainda mais neste momento. Todos os nossos professores são de confissão cristã e são treinados para o bom exercício de suas funções. Quanto aos benefícios sociais, nossa escola sempre realiza um trabalho junto aos pais e familiares, indo além das paredes da escola, trazendo palestras para os pais, a fim de gerar reconciliações, por meio de cuidados nas áreas psicológica e social. Os nossos alunos também participam de eventos com arrecadação de mantimentos para projetos sociais em regiões carentes e periferias e, assim, levam também o amor e carinho que nascem da fé para pessoas carentes. Essa tem sido nossa base: “Bíblia, família, e o aluno como prioridade em sua família e em sua escola”.

Nossa instituição conta também com o apoio da Igreja Batista Getsêmani, na qual sou pastor há mais de 40 anos, igreja que se iniciou com apenas 200 membros; hoje somos 50 mil pessoas somente em Belo Horizonte.

O que motivou a escola a publicar o vídeo “Deus nunca erra”?

A escola deu uma resposta para os próprios alunos e para a sociedade, porque um dos prêmios dados por mim aos alunos no fim do ano é levá-los a um restaurante como McDonald’s ou Burger King, ou algum outro que desejem. Assim, o colégio patrocina esse momento de lanche como premiação por algumas competições, olimpíadas escolares, redações etc. Com a última propaganda do Burger King, definimos nossa posição de não mais levar nossos alunos àquele restaurante, uma vez que ele agiu em discordância com nossos princípios, mostrando que somente nosso dinheiro lhes interessa. Então, foi diante disso que estabelecemos, por meio do vídeo “Deus não erra”, que menino é menino, menina é menina; homem é homem, mulher é mulher.

Como vocês receberam a intimação do Ministério Público?

Eu a recebi, particularmente, com a maior tranquilidade porque acredito piamente no que está escrito nas Sagradas Escrituras, que seremos levados diante das autoridades e que ali teremos a oportunidade de defender a nossa fé, bem como ocorreu com José, Daniel, Paulo e com o próprio Senhor Jesus. Por isso, eu respeito essa decisão e fico com aquilo que está registrado na Palavra de Deus: “Importa mais obedecer a Deus do que a homens”. As leis mudam com o decorrer do tempo e de um país para outro; entretanto, a Palavra de Deus permanece para sempre.

Qual tem sido a reação de professores e funcionários da escola?

A reação tem sido altamente positiva! Somos uma escola com pessoas e com princípios cristãos, que vivem os princípios na prática, não somente na teoria. E assim tem sido, porque todos que me conhecem sabem que a escola tem 30 anos e são 30 anos de uma história vitoriosa, sem depender de nenhum centavo do governo. Tudo é mantido pela própria igreja, a construção é linda, de primeiro mundo, o espaço, a capelania, o cuidado, o zelo, a limpeza do ambiente... Tudo fruto do investimento da Igreja Batista Getsêmani e das mensalidades dos pais.

Diante do que está acontecendo com a Escola Batista Getsêmani, qual o risco para outras escolas confessionais?

Ao contrário do que muitos pensam, agora é o momento crucial para todos aproveitarem esta oportunidade e fortalecer os seus estatutos, os funcionamentos, os seus registros e seus regimentos. Devem também aproveitar esta oportunidade para ter toda a documentação necessária para que estes documentos sejam registrados em cartório como fez o Colégio Batista Getsêmani.

Diante do que está acontecendo, as escolas devem se unir, devem se manifestar, precisam ter apoio de políticos que defendam a família! As escolas estão correndo risco. Esta luta não é somente minha e do Colégio Batista Getsêmani! Essa luta é de toda e qualquer instituição de ensino cristão no Brasil, pois tudo o que não passa por críticas não deve ser considerado verdadeiro. Essa verdade foi declarada por Gamaliel, a respeito de Jesus: “Outros messias vieram e passaram, pois eram como palha. Porém, se este Cristo for o verdadeiro não poderemos lutar contra a verdade” (cf. Atos 5,33-40). A verdade liberta! Então, a Igreja Batista Getsêmani e o Colégio Batista Getsêmani se posicionaram, a partir da Escritura Sagrada, em favor das crianças e da família! Não posso renunciar a isso! Sou também escritor, não um oportunista! Possuo livros escritos em favor das crianças, como por exemplo o best-seller Bênção e maldição, em que falo do poder das palavras contra as crianças. Esta obra vendeu mais de 14 milhões de exemplares em todo o Brasil.

“As escolas devem se unir, devem se manifestar, precisam ter apoio de políticos que defendam a família! As escolas estão correndo risco.”

Pastor Jorge Linhares

O que os cristãos podem aprender diante do que está ocorrendo com a Escola Batista Getsêmani?

À semelhança das tribos de Israel do Antigo Testamento, as igrejas e as escolas cristãs devem se fortalecer, mostrando para cada professor e diretor que formamos juntos um grande exército, pronto para uma grande batalha. Ainda que possam ser usadas trombetas, sabemos que o derrubar das muralhas vem do próprio Deus. Assim como Davi enfrentou Golias, Deus se serviu de uma pedra usada pelo jovem israelita para derrubar o gigante filisteu. Uma pedrinha jamais mataria um gigante; foi certamente o poder do próprio Deus que o fez! Israel, uma nação tão minúscula, venceu batalhas imensas pelo poder de Deus. Eles se consagraram e não se acovardaram. Assim também nós, como Igreja cristã no Brasil, devemos fazer nossa parte e confiar plenamente em Deus.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]