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João Chebante, fundador da Sucellos reflete sobre a tendência de corporações criarem seus próprios fundos de investimento para aquisição de startups.| Foto: Unsplash

O ano é 1987, dia 20 de abril. A Microsoft estava começando a escalada que a tornaria a maior empresa do planeta e queria desenvolver um pacote de soluções, visando sua penetração no mercado corporativo - onde as pessoas passam boa parte do tempo, justamente em frente ao computador.

A empresa já tinha um programa de processamento de texto, um de planilhas matemáticas, mas enxergou numa startup chamada Forethought uma oportunidade de agregar algo novo: um programa de apresentações corporativas.

Sim, o PowerPoint, que nasceu operando somente em Macintosh, era uma startup adquirida pela Microsoft. E esta lógica de interação entre startups e corporações brasileiras será a grande tendência em 2020. 

No processo evolutivo da interação entre grandes empresas e startups, a primeira relação foi a de mentoria e processo de aceleração. Em seguida, passou-se para a integração como fornecedores e parceiros. Agora a janela de oportunidade reside em montar fundos de investimento para aporte ou aquisição de novos negócios. O objetivo é absorver tecnologia complementar ao processo de inovação, otimizar processos internos ou sinergias comerciais, maximizando o valor da organização como um todo.

Mas como criar um fundo?

Vai soar fácil, mas não é: tudo começa com o desenvolvimento de uma tese de investimentos e a alocação de recursos para aporte em novos negócios – sozinho ou com o apoio de alguma empresa de Venture Capital (VC).

Para tal, você vai precisar contratar ou preparar um profissional que seja responsável por esta área, que saiba desenvolver tese e o funil de captação de oportunidades. Este profissional também precisará acompanhar o dia-a-dia com os investidores, sendo interface com as demais áreas que podem proporcionar a alavancagem das organizações.

Desenvolver a tese de investimento demanda tempo e conhecimento de mercado, além de pesquisa exploratória, desenvolvimento de critérios e mapeamento de startups com alto potencial de sinergia e crescimento.

Os diretores executivo e financeiro devem ser sponsors do projeto e oferecer o ambiente ideal para que estas empresas consigam captar as oportunidades para crescer dentro da corporação, inclusive com potencial de revolucionar áreas inteiras.

Como reunir o dinheiro para investimento?

Quanto ao capital, temos três rotas interessantes para reflexão: a primeira vem do caixa da empresa, segregando parte dos recursos para atender esta demanda. A flexibilidade e disponibilidade imediata jogam à favor, mas se pensarmos que um fundo de VC fica interessante à partir de R$ 60 milhões sob gestão, não é toda empresa que pode segregar tamanho valor para esta iniciativa.

Uma segunda opção é desenvolver o projeto em paralelo a uma gestora e/ou firma de VC, para que juntos possam co-desenvolver a tese de investimento, gestão e acompanhamento do fundo e suas investidas. 

No Norte do Brasil, uma rota atraente – e  que deve ser a principal demanda do capital de risco corporativo em 2020 – é aproveitar as mudanças na Lei de Informática da SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus). A nova legislação permite direcionar valores que iriam para o pagamento de impostos para formar fundos de investimento em startups, localizadas nesta região, fortalecendo assim o Polo Digital de Manaus. Para redirecionar esses valores é preciso passar por um processo burocrático, mas trata-se de dinheiro “novo” e que não altera o caixa da empresa, além da empresa poder usufruir de vantagens institucionais.

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Algumas das maiores empresas globais, como Apple, Amazon, Google e Facebook realizam compras de startups semanalmente, seja pela solução ou simplesmente para trazer as equipes para seu quadro de funcionários.  Outras possuem fundos históricos, como a Intel Capital.

E mesmo empresas da “economia real” como McDonald’s, BTG Pactual e Grupo Pão de Açúcar, estão se mexendo para agregar novos negócios, visando diferentes ganhos de vantagem competitiva. 

Onde você estará neste cenário daqui a alguns anos? Na ponta compradora, agregando pessoas e tecnologias ao seu negócio, ou na vendedora, a caminho da obsolescência?

*João Chebante é fundador da Sucellos, responsável por levar inteligência aos processos de investimento, fusão e aquisição de empresas. Formado em Administração com Ênfase em Marketing na ESPM, com especialização em Modelagem de Negócios pela mesma faculdade e Gestão de Marcas (branding) pela FGV. Possui doze anos de experiência em marketing, atuando em inteligência de mercado e gestão de marcas como profissional e como consultor de empresas.

Conteúdo editado por:Aléxia Saraiva
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