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Para digitalizar os negócios é preciso digitalizar as pessoas
| Foto: Unsplash

A automação está cada vez mais presente no cotidiano das empresas e investir na digitalização dos negócios e na qualificação dos profissionais para atuarem nesse cenário não é mais uma opção, é prioridade e está no topo da agenda das organizações.

Essa constatação foi um dos destaques da 23ª edição da Pesquisa Global com CEOs da PwC (23rd Annual Global CEO Survey), que entrevistou 1.581 executivos de 83 países, sendo 64 deles do Brasil, entre setembro e outubro de 2019. Entre as questões prioritárias dos brasileiros estão projetos voltados à qualificação profissional (upskilling), com foco no digital e inovação. Em relação às prioridades tecnológicas, destacam-se a privacidade e proteção de dados (16%), Inteligência Artificial (16%), rede 5G (16%), segurança cibernética (14%), robótica (11%), Internet das Coisas (9%) e biotecnologia (9%).

Os dados chamam a atenção e levam também a uma outra reflexão: se por um lado o interesse na digitalização dos negócios é grande, vemos também que as empresas enfrentam dificuldade em tornar esse processo próximo da realidade. Segundo o estudo da PwC, apenas 18% dos executivos brasileiros relataram avanços consideráveis ao realizarem um programa de qualificação em suas empresas, com maior produtividade e retenção de talentos.

Entre os principais pontos apontados pelos CEOs como barreiras para se alcançar níveis satisfatórios de qualificação estão a capacidade da força de trabalho de aprender novas habilidades (27%) e a motivação necessária para aprender e aplicar os novos conhecimentos (27%). Vale destacar também que esses índices estão acima das médias globais, calculadas em 14% e 13%, respectivamente.

O desafio no Brasil é maior, pois o nosso modelo educacional não tem preparado a população para as novas necessidades do mercado, refletindo diretamente na dificuldade de contratação e preparação de mão de obra capacitada.

Como então aproximar as duas pontas? De um lado a urgência que as empresas têm em adentrar no universo tecnológico, de outro a necessidade de promover a qualificação digital das pessoas. O primeiro passo a ser adotado é de fato reconhecer e aceitar que a tecnologia já é uma realidade e estimular esse pensamento disruptivo dentro do ambiente de trabalho. A partir do momento em que essa aceitação acontece, acredite, fica muito mais fácil construir uma visão de transformação e proficiência digital no ambiente de trabalho.

O cenário de mudanças requer atenção. Empresas, governos e instituições do terceiro setor devem somar forças e atuar de forma conjunta para promover a inclusão digital das pessoas, não somente da empresa. Caso contrário, poderá gerar outro tipo de exclusão causada pelo chamado gap digital.

*Carlos Peres é sócio da PwC Brasil e líder da região Sul.

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