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Bruno Dreher*

Em erupção

Israel: por que prestar mais atenção a este vulcão de inovação

17/07/2020 17:20
Em 2017 tive o prazer de ser selecionado para o Transdisciplinary-Innovation Program, um dos melhores cursos de inovação do mundo. Por diversas razões, não pude ir. Em 2018, me tornei a primeira pessoa do planeta a passar duas vezes no processo seletivo deste curso.
Há uma crença popular de que os judeus são prósperos e pude ver na prática o porque. Eu não sou judeu e este texto não se trata de religião e sim de cultura. Hoje, dos dez primeiros colocados no ranking de pessoas mais ricas do mundo, cerca da metade é composta por judeus.
A valorização do conhecimento é algo impressionante em Israel e há uma explicação para tal. Trata-se de um povo que foi perseguido durante milhares de anos. Por diversas oportunidades, este povo perdeu todas as suas posses materiais e reconstruiu as suas vidas. A inteligência é algo que ninguém pode tirar de você e seu conhecimento é o seu maior patrimônio. Warren Buffett, um dos maiores investidores do planeta diz “A maior parte das pessoas vem para o Oriente Médio em busca de petróleo e não consideram parar em Israel. Os bons investidores vem para a região em busca de cérebros e, por isso, ficam em Israel.”
Há alguns dias recebi este gráfico, que representa a quantidade de unicórnios (empresas com valorização de mais de US$ 1 bilhão):
Se você só ver a ponta do iceberg e ficar neste gráfico, você vai achar que eu sou louco em considerar este país como um polo de inovação e empreendedorismo. É o último colocado do ranking. Mas também é o menos populoso! Então, decidi calcular a quantidade de unicórnios por milhão de habitantes. E o resultado foi o seguinte:
Desta forma, percebemos que proporcionalmente, hoje Israel é o país que mais produz empresas com valor de mercado maior de 1 bilhão de dólares do mundo.
Mas qual é o principal segredo? Resolver problemas! Todos os problemas custam dinheiro para as pessoas e criando melhores soluções, você pode oferecê-las para as pessoas e valorizar a sua companhia.
Um de meus professores, Shmuel Peleg fundou a BriefCam - Uma empresa que facilita a vigilância por câmeras. A tecnologia desenvolvida por eles foi usada para identificar os autores do atentado da Maratona de Boston, em 2013. A empresa chamou tanto a atenção que foi adquirida pela multinacional japonesa Canon.
O Professor Yaakov Nahmias é um dos bioengenheiros mais influentes do mundo e desenvolveu um dispositivo com células-tronco que promete acelerar e baratear os testes de medicamentos chamado Tyssue Dynamics. Além disso, criou um projeto de produção de carne através da reprodução de células-tronco chamado Future Meat, usando pequenas frações de espaço e água se comparado ao modelo de agricultura atual. Seu slogan é “Uma única célula pode alimentar o mundo todo.”
Por fim, o também professor da universidade onde estudei fundou a Mobileye, melhor e mais seguro sistema de autonomia de carros do mundo. Sabe os carros que não precisam de motorista? O sistema é da Mobileye. A empresa foi vendida para a gigante americana Intel por mais de 16 bilhões de dólares.
Há muitos anos ouvi que “trabalhar é quebrar o galho de alguém” e isto ficou gravado na minha cabeça até hoje e se você quer ser reconhecido, você deve quebrar o galho das pessoas de uma forma melhor. Assim, as pessoas procurarão a sua solução no lugar das outras existentes no mercado.
Por fim, cresci ouvindo que “se a vida lhe der um limão, faça uma limonada”. Sendo o limão um problema e a limonada a solução, acho que o mais adequado seria “não espere a vida lhe dar nada. Procure limões para fazer limonadas!”
*Bruno Dreher é consultor, palestrante, especialista em inovação pela Universidade Hebraica de Jerusalém, membro da World Futures Studies Federation (Paris, França) e World Future Society (Chicago, EUA).

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