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Leonardo Jianoti*

Oportunidades de investimento

O que são nano-IPOs e como eles democratizam investimentos em estágios iniciais

18/09/2020 17:03
Captar recursos é um dos muitos desafios dos empreendedores. Independente do estágio das companhias, existem diferentes formas de capital disponível para acelerar e fortalecer os modelos de negócios. Podemos dizer que existe uma boa disponibilidade de capital, mas ela ainda é muito concentrada. Por ser um mercado que não exige apenas dinheiro mas também ajudas diretas nas companhias investidas, aumentar a base de investidores não é um desafio dos mais simples.
Essa democratização do acesso às oportunidades de investimento é sustentada por dois grandes componentes: educação e digitalização.  No campo da educação, há formas diversas de acessar conhecimento dessa indústria; de textos dedicados ao tema a podcasts e vídeos produzidos por gente de mercado. Materiais e mensagens com linguagem simples e direta, como os oferecidos por Gustavo Cerbasi, Nathalia Arcuri e Thiago Nigro (Primo Rico), formaram uma massa crítica para entendimento e análise de novos produtos financeiros.
Já em digitalização, vejo um paralelo com o que aconteceu no mercado de investimentos financeiros, com XP, Rico e outros players, democratizando o acesso ao mercado financeiro para as pessoas fora da bolha. Isso deve acontecer com o ambiente de capital de risco no Brasil. Ou melhor, no campo dos investimentos alternativos em economia real.
Um dos principais pilares dessa democratização será a digitalização dos investimentos em pequenos negócios, permitindo que os investidores individuais possam participar dos investimentos desde os estágios iniciais, não só nos tão conhecidos IPOs — Initial Public Offering, termo em inglês para Oferta Inicial de Ações. Mesmo no mundo dos IPOs, a Bolsa de Valores já permitiu que empresas buscando volumes menores de captação (R$ 100 milhões) façam seus IPOs, o que ficou conhecido como mini-IPOs.
Pensando em negócios iniciantes e em volumes de captações menores, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulamentou o mercado de investimentos coletivos, os chamados equity crowdfundings, para captações abaixo de R$ 5 milhões. O mecanismo é todo feito por plataformas registradas e homologadas pela própria CVM, permitindo que pequenas empresas possam acessar os benefícios do mercado de capitais de forma organizada. Cada investidor pode aplicar até R$ 10 mil por ano, ou 10% de sua renda bruta do ano anterior. E mais: se for investidor qualificado, pode investir valores maiores.
As empresas que captam recursos por meio das plataformas não podem ter faturado mais de R$ 10 milhões no ano anterior. Essas restrições funcionam para aumentar o foco sobre os pequenos negócios e proteger os investidores para exposições graduais de risco e retorno. Uma proposta de revisão desses limites deve ser analisada pela CVM ainda este ano.
Para essas captações, adotei a expressão nano-IPOs. Justamente porque permitem a participação dos investidores no princípio de negócios promissores. E por serem promissores, não há motivos para investir apenas em negócios espetaculares no IPO se você pode conhecer e aplicar nesses mesmos negócios em estágios iniciais e, assim, amplificar sua base de rentabilidade. Muito prazer, este é o mundo dos nano-IPOs.
*Leonardo Jianoti é cofundador da Platta, plataforma eletrônica de investimento coletivo. É economista formado pela UFPR, com pós-graduação em gestão de assuntos públicos pela PUCPR. É também investidor-anjo em empresas iniciantes diversas via Curitiba Angels, e sócio-fundador da CWB Capital.

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