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Startups SaaS (software as a service, ou software como serviço) oferecem tecnologias acessadas via internet e que ficam na “nuvem”.

Ricardo Corrêa*

Softwares como serviço

Por que as startups SaaS mostram resiliência na crise?

04/09/2020 11:52
Atualmente o Brasil conta com mais de 13 mil startups e o segmento SaaS — empresas que oferecem softwares como serviço — acumula a maior fatia de mercado. São mais de 5,5 mil companhias existentes ou 42% do share, segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Pelo fato da maioria também operar no mercado B2B, o setor mostrou-se altamente resiliente em meio à pandemia — mais do que o imaginado no início — comparado a outros modelos de negócios, passando longe de sofrer o mesmo impacto financeiro de startups ligadas às áreas do turismo, entretenimento, mercado de eventos, entre outros segmentos.
Esse cenário foi possível graças ao fato de grande parte das empresas SaaS contarem com geração de caixa mais previsível, já que no país cerca de 90% delas fazem a cobrança via assinatura recorrente. Ainda que a crise tenha pego algumas startups despreparadas, a maioria conseguiu manter a operação apenas com o próprio fluxo de caixa e até adequar a queda na receita com ajustes nas despesas, sem precisar tomar medidas tão drásticas. Obviamente as companhias que ainda não comprovaram sua proposta de valor no mercado ou não contaram com caixa suficiente para pivotar em um período de escassez estão mais debilitadas no momento.
Por outro lado, as startups que aceleraram o desenvolvimento do produto e inovaram durante a crise estão mais fortalecidas, principalmente aquelas que apresentaram soluções capazes de contribuir para o aumento de produtividade e beneficiar de alguma forma o trabalho remoto, bem como as companhias que ajudam a reduzir custos e/ou expandir receitas. Com isso, elas tendem a surfar uma onda mais favorável daqui para frente.
A expectativa é de que a pandemia também possa pouco a pouco transformar o status quo do mercado de startups no Brasil. Após um hype em torno dos unicórnios, os fundos de investimentos estão menos dispostos em aportar capital em empresas com gestão baseada apenas na queima de caixa e crescimento a qualquer custo.
Com essa mudança de paradigma, algumas startups SaaS podem se beneficiar. Certamente a atenção de potenciais investidores é outra após muitas companhias se mostrarem resilientes e preparadas para atravessar a crise. Além de se mostrarem anticíclicas, a Gartner ainda traz outro componente favorável. O setor deve alcançar faturamento mundial de US$ 143 bilhões em 2022, crescimento de 43,7% em relação ao ano passado.
Evidentemente, é preciso deixar claro que as empresas do nicho não têm um potencial de explodir da noite para o dia como outras voltadas ao B2C. Pelo contrário, na maioria das vezes, o crescimento acontece com consistência e por meio da geração de caixa. Apesar disso, cultivo o sonho do Brasil ao menos se aproximar do patamar do EUA, onde os modelos de negócios SaaS são a base econômica de startups e fundos de venture capital - propiciando que diversas companhias atingisse uma expressão global. A minha torcida é que o início desta jornada esteja emergindo a partir de agora no país.
*Ricardo Corrêa é sócio-fundador e CEO da Ramper, startup criadora da principal plataforma de prospecção digital de vendas do Brasil.

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