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Como investir em startups?

Gabrielle Vieira*

Em troca de equity

Unicórnios contemporâneos: como investir em startups?

07/04/2022 23:24
O potencial de crescimento exponencial e margem de lucro alta em relativamente pouco tempo são grandes atrativos ao olhar do investidor. No entanto, não é todo negócio que tem esse potencial, e isso é o que diferencia as startups de empresas tradicionais. Startups são negócios com alto potencial de crescimento em um curto espaço de tempo, que geralmente utilizam de tecnologia, são disruptivas e resolvem desafios do mercado de forma repetível e escalável.
O mercado percebeu isso, visto que ano passado os investimentos em startups no Brasil bateram recordes, como aponta o Distrito, plataforma de inovação aberta. Estima-se que ao final de mais de 670 rodadas de investimentos, foi captado mais de US$ 8,8 bilhões.
Investir em startups nada mais é do que injetar dinheiro, conhecimento ou serviço nessas empresas, em troca de um “equity”, uma participação acionária do negócio. O objetivo é oferecer recursos financeiros ou estruturais, para que elas cresçam e aumentem de valor patrimonial. O retorno do investimento se dá, principalmente, através da venda do equity de forma valorizada, no futuro.
Tendo em vista que a startup pode não alcançar o sucesso que se espera dela, isso acarreta um alto nível de risco para o investidor, que está proporcionalmente ligado à fase da startup, como ideação ou validação. Por isso, quanto maior o risco, maior a contrapartida de equity negociada e maior a oportunidade de retorno para quem está investindo.

Investir em startups: como avaliar?

Antes de efetuar o aporte, os investidores devem ser bastante criteriosos em sua análise, com objetivo de mitigar os riscos. A questão é: como avaliar uma startup? São três etapas principais de análise para ter mais segurança ao realizar o investimento. A primeira delas é a análise preliminar da startup com o objetivo de verificar a aderência em relação à tese do investidor. Os principais critérios a serem observados são:
  • Estágio da startup: o quanto aquele negócio já está desenvolvido;
  • Tese de investimentos: setor, localização, tamanho da empresa, tecnologia e modelo de negócios são bons exemplos de critérios de teses.
  • Valor da captação: qual valor que a startup está captando versus o quanto está disposto a investir.
Após esta adequação, o investidor precisa analisar mais profundamente o negócio e entrar na segunda etapa, que é a fase de engajamento. Nesse momento, devem ser avaliados:
  • MVP (sigla em inglês para Minimum Viable Product – ou Produto Mínimo Viável): produto ou serviço em operação.
  • Presença digital: é muito importante que a empresa tenha presença online, um site ativo com domínio registrado, redes sociais e sócios com perfil no LinkedIn.
  • Pitch Deck: através do pitch fica claro se o empreendedor fez o dever de casa e se entende do próprio negócio. Os critérios mais importantes a serem analisados no pitch são: problema, solução/produto, tamanho do mercado, principais competidores, tração, tecnologia, time, modelo de negócio, valor de capital que está sendo captado e como o recurso será alocado.
  • Projeção financeira: mesmo que a startup ainda não tenha números relevantes, é muito importante que seja apresentada uma projeção ao investidor, para que este, por sua vez, visualize o potencial de crescimento. Na projeção deve ser analisado o histórico com número de clientes e faturamento, estrutura de custos e despesas e o cenário futuro, com a alocação dos recursos versus receita projetada, break even e o fluxo de caixa.
  • Time: o time deve ter capacidade, conhecimento do mercado, experiência e dedicação suficientes para que o negócio avance. Além disso, o investidor deve estar confortável em relação ao perfil dos founders da empresa que está sendo investida.
Em terceiro lugar, vem a etapa de due diligence, em tradução literal, “diligência prévia”. Refere-se ao processo de investigação das informações apresentadas, podendo avaliar os riscos da transação. Desta forma, são mensurados os ativos da empresa dando ou não continuidade ao processo de aquisição. O principal objetivo do processo é mitigar os riscos do investidor na capitalização de seus recursos, isto é, confirmar se os dados disponibilizados na negociação de investimento são verdadeiros. Atestam-se as demonstrações financeiras, contábeis, trabalhistas, ambientais, de contingências jurídicas e societárias.
Após as três etapas, deve ser firmado um contrato de investimento e o aporte financeiro. Feito isso, é hora de acompanhar o negócio da forma como foi acordada com os empreendedores, ativa ou passivamente.
Diante do que comentei que foi investido em 2021, o Brasil terminou o ano com 10 startups Unicórnios (avaliadas em mais de US$ 1 bilhão), dentre elas MadeiraMadeira, Hotmart, Mercado Bitcoin, Unico, Frete.com, CloudWalk, Nuvemshop, Daki, Facily e Olist.
Investir em startups não é simplesmente fazer uma transferência de capital. É necessário saber identificar as oportunidades, munir-se de informações para minimizar os riscos e ter o conhecimento necessário para acompanhar a evolução do negócio até receber o retorno do capital pelo exit, a venda da participação de forma valorizada. Há a possibilidade de investir em startups por meio de fundos de venture capital ou venture builder e, nesse caso, todo esse trabalho descrito é feito pelos gestores, que prestam contas aos investidores. É uma alternativa interessante para quem quer diversificar sua carteira, com menor risco.
*Gabrielle Vieira é gerente de inovação da Feluma Ventures.

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