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A tecnologia bilionária está oferecendo um novo serviço que pode aumentar ainda mais o seu valor de mercado.

Bruno Dreher*

Dados são o novo petróleo

WhatsApp Pay prova qual é o verdadeiro modelo de negócios do século 21

17/06/2020 19:20
Quando eu vi o filme “A Rede Social”, que é baseado na criação do Facebook, uma das cenas que mais me chamou a atenção foi o jantar em que participavam Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), Eduardo Saverin (Andrew Garfield) e Sean Parker (Justin Timberlake). A grande discussão entre Zuckerberg e Saverin era a mesma que muitas startups têm nos dias de hoje: quando monetizar? Para Parker, monetizar com anúncios no início do negócio seria como terminar uma festa legal às 22h.
Este é um problema que atinge a maior parte das empresas que eu conheço. A premissa do funcionamento de um negócio é que ele tenha uma quantidade de receitas que permitam a ela pagar suas obrigações com seus funcionários e que possam investir em patrimônio como computadores, imóveis, aplicações financeiras, filiais, entre outros.
O WhatsApp foi fundado em 2009 e praticamente sem gerar receita foi vendido para o Facebook por US$ 16 bilhões cinco anos depois. Veja bem: a empresa era um verdadeiro ralo de recursos financeiros. Durante cinco anos foram investidos milhões de dólares em pessoas, computadores, servidores e softwares. Como pode uma empresa que tem prejuízos de milhões de dólares valer tanto dinheiro?
A resposta: tendo usuários. A partir do momento que a empresa possui milhões de usuários que geram uma imensa quantidade de dados, você pode conhecê-los e pensar em formas de oferecer serviços que façam sentido para eles - e aí sim gerar receitas. É como diz uma frase comum no mercado de inovação e tecnologia: “dados são o novo petróleo”.
Após dez anos dando prejuízos mas crescendo a sua base de dados exponencialmente, o WhatsApp finalmente lança um produto que deverá lhe gerar bilhões facilitando ainda mais a vida do usuário. Muitas pessoas fazem vendas por WhatsApp conversando com seus clientes, mandando fotos dos produtos, negociando preços e condições. Quando o negócio é fechado, cria um boleto, manda um link para pagamento com cartão de crédito ou envia os dados bancários para depósito.
Agora, este processo ficará mais simples: fechado o negócio, o vendedor manda uma cobrança para o comprador, que com poucos toques vai autorizar a transferência, feita de forma automática e com taxa de serviço para as empresas (contas pessoais serão gratuitas).
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/* Add your own Mailchimp form style overrides in your site stylesheet or in this style block.
We recommend moving this block and the preceding CSS link to the HEAD of your HTML file. */
O mais interessante é que isso é lançado exatamente em um momento de crise sem precedentes, na qual as pessoas buscam novas e melhores alternativas para suas necessidades - demonstrando que as crises são aceleradoras das mudanças que podemos criar.
Nos últimos projetos que participei, sempre fui embaixador deste modelo de negócios. Dizia para oferecermos nossos produtos gratuitamente, aumentar a nossa base de clientes, conhecê-los e depois criarmos formas de monetizar. Sempre fui voto vencido. Uma delas, com a atual crise, lembrou da sugestão que eu havia feito há alguns meses e lançou um produto de forma gratuita. Em seguida, divulgou que teve a adesão de meio milhão de alunos.
No Brasil, é muito difícil encontrar investidores dispostos a fazer aportes de muito dinheiro, durante muito tempo em algo que tem a geração de dados como seu maior objetivo por uma série de motivos que merecem um artigo específico.
Voltando à analogia do petróleo: primeiramente, as empresas devem extrair o petróleo do solo. Mas ninguém compra petróleo bruto. Com o petróleo bruto em mãos, se entende quais derivados deverão ser produzidos para atender as necessidades dos clientes.
E na tecnologia não é diferente. Primeiro as empresas investem na extração de dados para depois interpretá-los e entender quais produtos fazem sentido para os clientes. As maiores empresas do mundo (Google, Facebook, Amazon, etc) estão aí para provar que este modelo não somente funciona, mas é o que dá os melhores retornos nos dias de hoje.
*Bruno Dreher é consultor, palestrante, especialista em inovação pela Universidade Hebraica de Jerusalém, membro da World Futures Studies Federation (Paris, França) e World Future Society (Chicago, EUA).

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