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A paz corre risco em um mundo de extremos climáticos e sem recursos naturais
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Por Ricardo Voltolini – Ideia Sustentável

Uma jovem que tem se destacado na comunidade internacional é Greta Thunberg. Aos 16 anos, essa menina sueca, autista e de longas tranças loiras pode ser a próxima ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, que acontece em dezembro. E o motivo que levou seu nome a ser indicado para o Nobel é a causa de uma importante bandeira: a luta contra as mudanças climáticas.

Greta começou a ficar famosa em 2018, quando passou a faltar na escola às sextas-feiras, como forma de protesto contra o aquecimento global. E sem esperar, a sua solitária iniciativa acabou contagiando uma multidão de jovens. No último dia 15 de março, cerca de 1 milhão e 400 mil adolescentes saíram às ruas para protestar em duas mil cidades pelo mundo todo.

No Brasil, entretanto, a adesão foi baixa. Os protestos globais aconteceram em uma semana triste no país, quando ocorreu uma tragédia na escola de Suzano, em São Paulo.

Em minhas andanças pelo país, contudo, noto que as mudanças climáticas ainda não são um tema para o cidadão brasileiro comum. E é uma pena que não sejam, pois esse é um problema que coloca a todos nós, cidadãos planetários, no mesmo risco. Vivemos em um mundo com temperatura 1°C superior à do início do século passado. E caminhamos, segundo cientistas, para um perigoso limite de 1,5°C.

E nós temos feito pouco para reverter esse quadro, o que significa dizer que temos mudado pouco a nossa maneira de viver – e de consumir recursos.

Na prática, seguimos queimando cada vez mais carvão e petróleo, e também florestas pelo mundo afora. Seguimos usando muita energia – e energia suja. Seguimos devastando cinturões verdes, que poderiam dispersar o carbono que fica acumulado na atmosfera.

As consequências dessas ações insustentáveis serão ruins. Na verdade, já estão sendo.

Aquecimento global não quer dizer que toda a Terra ficará mais quente, mas que os fenômenos climáticos serão cada vez mais intensos. Onde há muita chuva, haverá chuva mais forte. Onde há vento forte, haverá furacão. Onde há temperaturas altas ou baixas, elas ficarão muito altas ou muito baixas. É só ver o que já está acontecendo com as nevascas em países da América do Norte, o degelo crescente no Ártico, os furacões no Caribe e a seca no Nordeste brasileiro.

Como se vê, a causa de Greta não é um mero pretexto juvenil para matar aulas. É a causa de todos nós, uma causa que deveria juntar os esforços de governos, de empresas e de sociedades.

Há quem diga que precisamos fazer algo para salvar o planeta. Não concordo. Precisamos fazer algo para salvar a nossa vida no planeta. Por que o planeta poderá seguir melhor sem os humanos, como já fez, aliás, em diferentes momentos do nosso passado geológico.

Espero que a Greta ganhe o Prêmio Nobel da Paz. Quem sabe, assim, inspirados pela jovem sueca, comecemos a prestar mais atenção ao tema e a agir para mudar essa situação. E acredite: a paz pode ficar muito mais complicada em um mundo de extremos climáticos e de escassez de recursos naturais.

*Artigo escrito por Ricardo Voltolini, um dos primeiros consultores em sustentabilidade empresarial do Brasil.  É Diretor-presidente da Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade, tendo realizado mais de 1000 palestras, workshops e cursos dentro e fora do Brasil. É também idealizador da Plataforma Liderança com Valores, iniciativa que visa inspirar e educar líderes para os valores da sustentabilidade. Ricardo Voltolini é colaborador voluntário do Blog Giro Sustentável. 

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