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Economia comportamental e educação: caminhos e resultados
| Foto: freepik.com

Você sempre escolhe o que é melhor para você? Mesmo se acreditássemos que sempre desejamos e queremos escolher o que é melhor para nós, será que sempre encontramos esse objetivo? Nossas escolhas são sempre otimizadas?

Até poucas décadas atrás, acreditava-se que sim: éramos seres humanos que desejavam escolher o que é melhor para nós e nossos genes, e que, de forma sistemática, conseguiam atingir esse objetivo ótimo. Compreendia-se que éramos seres econômicos (homo economicus), sempre em busca de otimizar nossas escolhas, a partir de três princípios básicos da racionalidade perfeita, do auto interesse perfeito, e da informação perfeita.

Ou seja, além de ser caracterizado como egoístas, postulava-se que éramos seres capazes de ter acesso a todas as informações que poderiam nos levar a otimizar nossas escolhas; em um segundo momento, acreditava-se que teríamos a capacidade cognitiva de lidar deliberadamente com todas as nossas alternativas e informações simultaneamente.

E se nós te disséssemos que não tomamos decisões de forma isolada e que nosso processo de tomada de decisão é sim limitado? “Ufa!” Nós diríamos, "ainda bem!".

Imagine o trabalho que seria necessário para você escolher a próxima tarefa que deseja aplicar aos seus alunos todos os dias, se essa fosse sempre uma decisão racional e otimizada? Teríamos que ter acesso a todos os possíveis materiais pedagógicos para otimizar a nossa escolha, ou até criar uma lista de critérios lógicos para avaliarmos qual material escolher. E, agora, imagine o trabalho que seria para o seu aluno se deparar com um mar de decisões sobre a carreira que deve seguir sozinho, de forma isolada, tentando julgar qual será sua melhor escolha acerca de seu rumo profissional?

É… para economizar tempo e energia, muitas vezes usamos táticas de arquitetura de escolha para consumirmos menos energia quando podemos, e mais energia, quando mais precisamos. Colocamos post-its no espelho para lembrarmos de fazer certas atividades ao acordar de manhã e ir ao banheiro, por exemplo; ou até criamos jogos gamificados reforçando benefícios e desenvolvendo senso de comunidade na sala de aula para "empurrar" os nossos alunos a se desempenharem na atividade escolar e conteúdos da sala de aula.

Se entendermos que nós e os nossos alunos não somos seres racionais, por um lado, e nem irracionais, por outro, talvez iremos melhor desenvolver práticas pedagógicas que façam sentido e estimulem comportamentos que acreditamos serem excepcionais para a educação. Cabe aos gestores de escolas, sejam estes pedagogos, administradores escolares, coordenadores universitários, entre outros, entender mais sobre o nosso processo de decisão, limitações e tendências humanas, para cuidadosamente buscar arquiteturar escolhas, a fim de melhorar os seus próprios hábitos, bem como os de seus alunos.

O intuito desse planejamento não é forçar demasiadamente as pessoas, e sim providenciar o "empurrãozinho final", muitas vezes necessário, para que as pessoas tomem decisões melhores de livre e espontânea vontade. Na hora de arquitetar planos, os gestores e pedagogos não estarão proibindo os alunos de optar por certos caminhos, e estarão, sim, fazendo uso sutil de aspectos sensoriais e emocionais de seu público-alvo para salientar os benefícios, particularidades ou até a simples essência de certas soluções. Com um bom entendimento dos problemas de seus alunos, isso será o suficiente para que eles mesmos tomem decisões melhores por conta própria; decisões que lhes trarão benefícios concretos!

Com este objetivo em mente, é necessário que as instituições invistam fortemente na captação qualitativa de dados sobre seus alunos e professores, de forma a adquirir uma visão holística e extremamente aguçada sobre os problemas, dores e anseios de seus públicos-alvo. Dessarte, seus planos serão personalizados, altamente antenados às particulares de seus próprios alunos e professores, e não à uma coletividade indiscriminada de alunos. Com boas informações e um bom planejamento, a economia comportamental pode ser uma ferramenta extremamente impactante e positiva para a Educação.

Texto escrito por:
Natasha Moro Alvarez, formada em Filosofia Política nos Estados Unidos. Pós graduada em Neurociência e Psicologia Aplicada na Mackenzie; e pós graduando em Economia Comportamental na Fundação Getúlio Vargas. E Gabriel Francisco Cassitas Cavalcante de Lima, formado em Direito pela Unicuritiba. Pós-graduando em Finanças e Economia (Finanças Corporativas e Controladoria) pela Fundação Getúlio Vargas. Ambos são sócios-administradores da Amply Serviços Educacionais.

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