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Impactar é transformar
| Foto: Imagem de mohamed Hassan por Pixabay

É incrível como temos ouvido recentemente a palavra “IMPACTO”. Negócios de Impacto, investimentos de impacto, mensuração e gestão de impacto, e assim vai.

A pandemia do COVID-19 trouxe a dor de mais de 1,2 milhões de vidas perdidas, e tantas outras perdas socioeconômicas. Mas ao mesmo tempo fortaleceu a solidariedade, a coletividade, a visão que estamos no mesmo barco.

Estamos certamente vivendo um momento de virada histórica do modelo econômico, das relações humanas, da relação homem e natureza, da cultura das organizações. Uma potencialização e aceleração do movimento da sustentabilidade!

Tantos nomes estão surgindo: capitalismo consciente, capitalismo de stakeholders, capitalismo responsável, capitalismo comunitário...  e todos eles têm a mesma linha dorsal: redefinir o conceito de sucesso, reconectando a performance econômica com conservação da natureza e com progresso social. Conheça mais sobre o Imperative 21 que resume bem esta missão.

E neste contexto, o impacto torna-se algo fundamental de ser mensurado e gerido. O que as ações das organizações em todos os setores (desde governo até startups) estão na prática impactando as vidas das pessoas?

“A não ser que você meça o impacto, nunca vai saber o real valor do que faz”
New Economics Foundation

Em física, segundo a terceira lei de Newton, toda ação corresponde a uma reação. Então, com as devidas particulares, esta lei se aplica nas diversas áreas em que atuamos, desde as decisões pessoais até profissionais.

E o impacto na essência da sua definição, traduz exatamente isto. Vários autores trazem significados que relevam sua importância:

Uma mudança material (relevante) - positiva ou negativa - para populações-chave alinhadas com os objetivos da missão socioambiental da instituição
Alex Nicholls, Professor de Empreendedorismo Social na Universidade de Oxford

“O principal significado da palavra impacto, a função semântica frequentemente usada aqui, é o de uma nova ética econômica que visa a um resultado social e ambiental positivo”
James Marins (Livro Era do Impacto)

A mensuração e gestão de impacto para ser representativa e efetiva, deve considerar questões quantitativas e qualitativas. Ir além do capital econômico, e incluir os outros capitais e dimensões de necessidade do ser humano e do meio ambiente como o capital social e o capital cultural, abordados por Pierre Bordieu.

No entanto, ao trabalhar no campo há anos, percebemos que ainda existe um descompasso entre o impacto previsto X impacto gerado. E uma importante causa raiz, é que atualmente as principais ferramentas disponíveis para mensuração de impacto são auto declaratórias. Muitas pedem evidências e são até auditadas, mas ainda são estruturadas como uma “auto avaliação” feita pela instituição que gera o impacto, e não inclui (ou contempla fragilmente) a visão de quem está sendo impactado.

É um ponto importante para avançarmos neste processo de gestão de impacto. Por isso compartilho aqui com vocês metodologias disponíveis que possam ser úteis e efetivos para o dia a dia das suas organizações, que tem como missão cuidar de pessoas e do planeta. Veja qual tem mais o seu perfil!

  • GRI (Global Report Initiative): mundialmente é a ferramenta mais adotada pelas organizações para prestação de contas. É padronizada, permite comparabilidade, e se destaca por incluir a visão dos stakeholders por meio da matriz de materialidade. É auditável pelo próprio GRI ou auditoria terceira. Para saber mais acesse: https://www.globalreporting.org/
  • B Lab: ferramenta de gestão de impacto do Movimento B, que cresce exponencialmente no mundo. Também é padronizada, permite fazer o “track” pelo perfil de cada organização, sendo então comparável. Possibilita a certificação em Empresa B, é auditável pelo próprio sistem. É integrada com o SDG Action Manager, ferramenta lançada recentemente pelo Sistema B em parceria com a ONU, que avalia a contribuição para avanço dos 17 ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável). https://sistemab.org/br/brasil/
  • SROI (Social Return on Investment): permite uma avaliação quantitativa monetária para questões sociais e ambientais por meio das proxies (valores financeiros “substitutos”). Envolvem as partes interessadas no processo, sendo uma referência para investimentos de impacto social e ambiental. O método é coordenado pelo Social Value UK  www.socialvalueint.org, no Brasil quem é especialista nesta medotologia é o IDIS: www.idis.org.br
  • Lean Data: metodologia que aplica os princípios do Lean Manufacturing no processo de mensuração e gestão de impacto. É uma ferramenta centrada no ser humano, em ouvir os beneficiários dos projetos e entender qual o real impacto sobre suas vidas. São usadas tecnologias para escalonar pesquisas. É geralmente customizada ao perfil do projeto e traz uma visão mais fidedigna da realidade a campo. Foi desenvolvida pela instituição 60 Decibels: www.60decibels.com

São tantas possibilidades, que basta querer para mensurar impacto! Então o convite que fica: vamos começar agora a transformar vidas?!

Por que Medir?
Por diversas vezes já ouvi esta frase, e compartilho com vocês 10 razões para isto:

  • Perceber se vidas estão sendo transformadas positivamente, e como?
  • Mensurar o atingimento da missão, alvos e metas
  • Identificar e mitigar riscos e impactos negativos
  • Aprender a avaliar de forma mais sistêmica, integrada e ampliada o impacto social e ambiental
  • Retroalimentar a tomada de decisão: gerenciamento de desempenho /eficiência
  • Criar modelos, processos, referências, inovando
  • Prestação de Contas (accountability)
  • Gerar credibilidade
  • Fortalecer a alocação de recursos
  • Fundamentar propostas de financiamento: atrair fundos

*Artigo escrito por Mayra Tavares Gil de Souza - Diretora Executiva da SEED Consultoria em Sustentabilidade e conselheira do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). O CPCE é colaborador voluntário do Blog Giro Sustentável da Gazeta do Povo. 

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