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Por que a baixa confiança social é um problema para a democracia?
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O Instituto Atuação, uma organização comprometida com o desenvolvimento de cultura democrática, aplicou o Índice de Democracia Local em Curitiba em 2017. A pesquisa revelou que os curitibanos pouco participam politicamente e que apresentam baixos níveis de cultura democrática. O cenário impõe desafios para a democracia, pois a sustentação de instituições, de liberdades e de direitos democráticos se torna improvável no longo prazo quando as fundações da cultura democrática são frágeis.

Um dos principais problemas a limitar o florescimento da cultura democrática é a baixa confiança interpessoal na sociedade. O Brasil é um dos campeões mundiais em desconfiança. De acordo com dados de pesquisa do Latinobarômetro, realizada em 2018, apenas 4% dos brasileiros confia nas outras pessoas – e este cenário tem implicações para o funcionamento do regime democrático.

Uma corrente de estudos em Ciência Política, liderada pelo pesquisador Robert Putnam, defende que as características de organização de uma certa sociedade, como redes de contato, normas e confiança social, facilitam a coordenação e cooperação entre os indivíduos, visando ao benefício mútuo. É a união desses aspectos, denominada de capital social, que faz a democracia funcionar e que explica por que algumas comunidades têm um desempenho melhor que outras.

A confiança exerce, então, papel fundamental para o estabelecimento e sustentação da cultura democrática, sem a qual se torna inviável a existência em longo prazo do próprio regime. Ela é essencial para a coesão, integração e estabilidade das sociedades contemporâneas, com estudos mais recentes argumentando que altos níveis de confiança impactam na prosperidade de uma sociedade ou no senso de pertencimento dos indivíduos. A confiança interpessoal também fomenta a confiança nas instituições, facilitando a valorização da democracia por parte dos cidadãos.

Um dos motivos pelos quais os cidadãos confiam uns nos outros é por conseguirem prever as reações a suas ações. Assim, a tendência é que sociedades com alto grau de confiança estimulem a ação coletiva, desestimulando os comportamentos oportunistas. Há, deste modo, um alinhamento de expectativas sobre como as outras pessoas irão agir, reforçando o comportamento colaborativo. É por isso que a confiança pode ser compreendida como a base para uma vida comunitária saudável.

Níveis razoáveis de confiança também estão relacionados com a formação de associações. As práticas associativas são espaços para exercer a confiança e aprender coletivamente a respeito da vida comunitária, mas também estão conectadas com impactos mais institucionais das relações entre Estado e sociedade, estimulando a participação política. Assim, a confiança em nível micro produz efeitos em escala mais abrangente.

Como pode ser notado até aqui, os impactos dos níveis de confiança de uma sociedade permeiam diversos aspectos da vida comunitária e podem ser percebidos até mesmo em relação à qualidade da democracia. A construção de uma sociedade baseada em confiança é, assim, tarefa de todos os cidadãos. Para compreender como as redes de confiança podem ser iniciadas e mantidas, vale a pena conferir o jogo A evolução da confiança.

*Artigo escrito pelo Instituto Atuação, uma organização apartidária e sem fins lucrativos que colabora voluntariamente com o Blog Giro Sustentável.

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