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O ex-presidente Lula começou e Dilma continuou o processo de abertura do mercado de resseguros no Brasil. Foto: Evaristo Sa/AFP
O ex-presidente Lula começou e Dilma continuou o processo de abertura do mercado de resseguros no Brasil. Foto: Evaristo Sa/AFP| Foto:

O governo Jair Bolsonaro pretende privatizar empresas estatais com o argumento de que elas serão mais eficientes e custarão menos ao erário. E também poderão ser boas para investidores, como prova o PT, partido que deve se tornar a principal oposição à venda de estatais. Durante os governos petistas, o IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) foi privatizado e seu capital foi aberto em 2017. Hoje, é uma das estrelas da bolsa brasileira.

O IRB é um caso raro nos governos petistas. Tanto Lula quanto Dilma Rousseff se destacaram pela criação de estatais e não pela abertura dessas à iniciativa privada. Entre os poucos movimentos nesse sentido estão a concessão de algumas estradas e aeroportos, a venda de bancos que estavam na fila da privatização desde a quebradeira do fim dos anos 90, a abertura de capital da BB Seguridade e a privatização do IRB. Essa última é a prova de que não devemos ter medo de acabar com o governo empresário.

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A função da resseguradora é prover às seguradoras uma opção para desconcentração de risco – elas vendem as apólices para consumidores e empresas e depois dividem o risco com resseguradoras. No Brasil, esse mercado era um monopólio estatal, com todas as ineficiências que isso pode gerar. No primeiro mandato de Lula, o IRB começou a ser preparado para a privatização e o primeiro passo foi o fim do monopólio em 2007.

Nos primeiros anos, o IRB perdeu mercado para empresas privadas que entraram na competição. Para as seguradoras, passou a haver mais de 100 opções, o que fez cair custos. A saída para o IRB continuar relevante foi a privatização, o que foi feito em duas etapas. Em 2013, o governo vendeu 51% de participação na empresa para bancos brasileiros. Com isso, houve melhorias de gestão e o IRB voltou a ganhar mercado, o que gerou a necessidade de ir ao mercado em busca de mais capital. Em 2017, a companhia abriu capital na bolsa.

Na bolsa, o IRB levantou pouco mais de R$ 2 bilhões se tornou um fenômeno. O preço da ação saltou de R$ 27,24, em julho de 2017, para R$ 82,86 em janeiro de 2019. A alta foi de 300% em um ano e meio. O IRB está entre algumas das ações mais recomendadas, em especial porque é um negócio lucrativo que paga bons dividendos.

O IRB passou a ser mais eficiente e lucrativo em mãos privadas. Seu resultado foi de R$ 341 milhões em 2013. Nos primeiros 9 meses do ano passado, o lucro foi de R$ 846 milhões. O índice de despesas administrativas, um indicador de eficiência da companhia, que era de 30% em 2012, caiu para 5% nos três primeiros trimestres de 2018. Com isso, o IRB ganhou o posto de resseguradora mais rentável do planeta, com retorno sobre o patrimônio líquido de 31%.

A empresa voltou a ganhar mercado no Brasil, passando de 36% para 46% de participação em três anos. Agora, cresce em um ritmo de dois dígitos no exterior – o plano é ganhar terreno na América Latina, onde há mercados similares ao brasileiro. E o governo ganhou com isso, já que ficou com 11,7% da empresa (que pode vender agora com um bom lucro).

A história do IRB poderia ter se tornado um argumento para uma mudança profunda do PT – do estatismo mofado para a ideia de um Estado focado no que realmente importa como serviço público. Cabe agora ao governo Jair Bolsonaro fazer com que a iniciativa privada ocupe espaços que ainda são obstruídos pelo governo – e isso poderia chegar, inclusive, às estatais ditas estratégicas, uma desculpa que também serviu durante anos para o mercado de resseguros ser um monopólio no Brasil.

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