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Jair Bolsonaro durante cerimônia de inauguração do Ramal do Agreste, em Sertânia (PE).| Foto: Isac Nóbrega/PR

Quais são os fundamentos morais que levam tantos brasileiros a apoiar Bolsonaro? Alguns mencionarão uma visão conservadora para a pauta de costumes e dos Direitos Humanos; outros, as expectativas – radicalmente redimensionadas – de um Estado menor e menos paternalista, e de mais garantias para as liberdades individuais; outros lembrarão as promessas de uma ação mais dura do Estado contra a criminalidade e pela segurança pública, o combate à corrupção e a imposição de “lei e ordem”.

Mas é possível ir além das pautas políticas nesse esforço de compreensão, e investigar as sensibilidades morais dos eleitores de Bolsonaro. Acabou de ser publicado um interessantíssimo estudo científico de Alexandre Barros Franco e Nicholas Pound, da Brunel University London, que faz exatamente isso. “Os fundamentos do apoio a Bolsonaro: explorando os alicerces da polarização política no Brasil” (no Journal of Community & Applied Social Psychology). O estudo tenta compreender “os fatores psicológicos que podem ser subjacentes à recente polarização política no Brasil” e, mais especificamente, a assinatura moral, ou complexo de sentimentos e atitudes morais que estaria por trás do apoio ao capitão. Assunto de interesse de todos, sejam de esquerda ou direita.

Entendendo a moralidade do eleitor

De início, os pesquisadores queriam comparar dois métodos principais de estudo das bases morais de posicionamentos políticos: a “Teoria dos Fundamentos Morais” (ou TFM) e a “Orientação à Dominância Social” (ODS). A primeira é bem conhecida dos leitores da coluna: o psicólogo social Jonathan Haidt, frequentemente citado aqui, é seu principal representante. Segundo Haidt, haveria um conjunto de seis grandes áreas de intuição moral que todas as pessoas têm, independentemente da cultura. Essas áreas envolvem uma inclinação moral e sua negação correspondente: cuidado e proteção/dano; equidade/trapaça; lealdade/traição; autoridade e honra/subversão; liberdade e igualdade/tirania; pureza e santidade/degradação.

Em quase todos os lugares e culturas, independentemente das divergências sobre as regras morais locais, as pessoas trabalham com os seis fundamentos morais, com variações pouco significativas

De onde Haidt tirou essas categorias? É uma longa história, desfiada em seu livro A Mente Moralista, e que não podemos reproduzir aqui, mas envolveu pesquisa antropológica e social transcultural, além de muita psicologia moral experimental. Mas os resultados foram bastante robustos e desafiadores, levando a uma grande efervescência no campo. O mais importante para nós, quanto a esses resultados, é que Haidt e outros notaram que três dos fundamentos estariam associados a comportamentos mais individualistas, e três aos mais comunitaristas. Cuidado, equidade e liberdade favoreceriam o bem-estar, os direitos e liberdades de pessoas individuais. Por outro lado, lealdade, autoridade e santidade seriam sentimentos morais promotores da coesão de grupo, das instituições sociais, das tradições e da religião.

Armados de resultados e hipóteses preliminares, os psicólogos morais investigaram várias sociedades, e descobriram que em quase todos os lugares e culturas, independentemente das divergências sobre as regras morais locais, as pessoas trabalham com os seis fundamentos morais, com variações pouco significativas. No entanto, em contextos mais urbanizados, ricos, educados e individualistas, como é o caso em nossas grandes cidades, as pessoas têm uma assinatura moral distinta: elas apresentam resultados muito mais altos nos fundamentos de cuidado e de justiça ou cuidado e liberdade, e resultados muito baixos nos fundamentos mais prossociais de lealdade, autoridade e pureza. Empregando um acróstico já popular, Jonathan Haidt denominou essa assinatura moral W.E.I.R.D.: western, educated, industrialized, rich, democratic (ocidental, educada, industrializada, rica e democrática). Até mesmo nas grandes cidades globais, o estrato social dominante tende a ser W.E.I.R.D., enquanto a periferia econômica e cultural tende a ser típica. Pessoas W.E.I.R.D. seriam, então, mais individualistas; e pessoas típicas, mais comunitaristas.

O caso é que, ao investigar as preferências políticas de pessoas típicas e pessoas W.E.I.R.D., Haidt e seus correligionários tiveram uma surpresa: pessoas W.E.I.R.D. tendem ao voto liberal e progressista, ao passo que as pessoas típicas tendem ao voto conservador. E com isso os defensores da Teoria dos Fundamentos Morais apresentaram uma interessantíssima ferramenta para investigar os alicerces morais de mudanças políticas, considerando não tanto as doutrinas morais em si, mas os sentimentos morais dos eleitores.

A TFM ganhou enorme popularidade, mas também gerou grande controvérsia. Até sua emergência, o fato de que boa parte dos psicólogos sociais, cientistas sociais e cientistas políticos avaliava o espectro político com uma perspectiva liberal-progressista, privilegiando os fundamentos individualistas e olhando com suspeita os fundamentos comunitaristas, permanecia oculto, abaixo da linha d’água. Alguns pesquisadores críticos da TFM observaram que essa proposta “se choca com décadas de pesquisa em psicologia política conectando as categorias posteriores (os fundamentos comunitaristas) à personalidade autoritária”. Desde Adorno cientistas políticos vinham aperfeiçoando os métodos para estudar o autoritarismo, associando-o ao conservadorismo e à religião. Daí Haidt e a TFM botaram o ventilador na farofa.

Um desses métodos mais tradicionais vinha da Teoria de Dominância Social, focada na compreensão da formação e perpetuação de hierarquias sociais que legitimam preconceito e discriminação contra grupos minoritários, preservando a desigualdade social. O apoio a hierarquias sociais estaria ligado a um perfil psicológico específico. Índices elevados de Orientação para a Dominância Social (ODS) estariam por trás da oposição a programas sociais e ambientais, direitos das mulheres e de LGBTQIAs, igualdade racial etc.

Desde Adorno cientistas políticos vinham aperfeiçoando os métodos para estudar o autoritarismo, associando-o ao conservadorismo e à religião. Daí Haidt e a TFM botaram o ventilador na farofa

Os autores do artigo decidiram combinar a investigação dos fundamentos morais dos eleitores brasileiros (mas segundo uma versão anterior, que contava com apenas cinco dos seis fundamentos morais) com seu grau de orientação para a dominância social, para ver qual dos dois explicava melhor seu comportamento.

Mas, além disso, nossos cientistas decidiram checar o papel da religião no processo, considerando que muitos eleitores de Bolsonaro são evangélicos e católicos praticantes, muito mais do que os eleitores da oposição. Então, empregaram também um índice de religiosidade criado pela Universidade Duke, nos EUA: o Duke University Religion Index, ou Durel. E, finalmente, checaram também o quanto os eleitores de Bolsonaro se sentiriam relativamente injustiçados em relação aos outros brasileiros, o que os teria tornado supostamente suscetíveis a um discurso de ressentimento, de “nós contra eles” popularizado por Bolsonaro (o índice foi denominado PPR, ou “privação pessoal relativa”).

Os resultados e uns palpites

O que descobriram nossos cientistas? Vamos direto ao que interessa aqui: o questionário de fundamentos morais mostrou que os eleitores de Haddad em 2018 têm notas mais altas que os eleitores de Bolsonaro nos fundamentos de cuidado e de equidade, e notas progressivamente mais baixas nos fundamentos de lealdade, autoridade e pureza. Assim, a esquerda ganha nos fundamentos morais individualistas, e a direita ganha nos fundamentos morais comunitaristas. Joia, mas nada surpreendente. É o mesmo resultado que Haidt obteve por anos seguidos nos EUA e em outros lugares.

Isso é reforçado pela diferença no índice de religiosidade: as notas dos conservadores foram bem maiores que as da esquerda. O que, de resto, é algo trivial, e confirma outras pesquisas que notam o apoio religioso a Bolsonaro. O fato é que os fundamentos morais comunitaristas estão diretamente relacionados com o compromisso religioso, como Haidt mostrou em diversas ocasiões. Pessoas mais individualistas tendem a ser menos religiosas e a ter mais dificuldades com pertencimentos.

Mas há dois resultados que considero intrigantes: o primeiro é que a diferença nas notas de progressistas e conservadores nos fundamentos de “cuidado” e “equidade” não parece ser muito grande. Uma nota mais alta no fundamento “cuidado” indica um voto à esquerda, mas por uma margem muito pequena. Outro resultado, também intrigante, foi que a diferença no fundamento “lealdade” foi significativa, mas não gigantesca. Os conservadores ganham, mas não por muito. Parece, portanto, que os eleitores de Bolsonaro se diferenciam mais dos eleitores de Haddad por sua ênfase na autoridade e na santidade (pureza, coisas sagradas). No resto, não são tão diferentes assim.

A essa altura, claro, começamos a nos perguntar: a quem é que anda faltando alguma coisa? Ou sobrando?

Por ora a tese de que nossos bolsonaristas seriam os depositários privilegiados do sectarismo e do ressentimento permanece sem apoio. A esquerda é tão tribal e autocentrada quanto a direita, por aqui

E quanto aos resultados em Orientação para Dominância Social (OSD)? Aqui nossos pesquisadores confirmaram que os eleitores de Bolsonaro têm uma orientação para dominância muito maior do que os de Haddad. Isso significa que tendem a ver hierarquias sociais de modo mais benigno, e a se opor a mudanças sociais igualitaristas. Isso não prova que seriam, necessariamente, machistas, homotransfóbicos, racistas, elitistas etc., mas apenas que tendem a favorecer o establishment. Mas vale mencionar: embora seu resultado tenha sido mais alto que os resultados da esquerda, aqui, os resultados dos eleitores de Haddad não foram baixos.

Finalmente, a surpresa: na medição da Privação Pessoal Relativa, ou PPR (o quanto o membro de um grupo se sente ameaçado e injustiçado socialmente, expressando isso num voto mais reacionário ou sectário), esquerda e direita ficaram... iguais! Ou seja, por ora a tese de que nossos bolsonaristas seriam os depositários privilegiados do sectarismo e do ressentimento permanece sem apoio. A esquerda é tão tribal e autocentrada quanto a direita, por aqui.

Quem é autoritário?

Apesar de os resultados no índice PPR terem saído do script, e não haver evidência de que os eleitores de Bolsonaro teriam notas muito mais baixas nos fundamentos mais individualizantes do cuidado e da equidade, restou ao menos sua nota bem mais alta no fundamento “autoridade” e seu índice mais elevado de Orientação para a Dominância Social. E isso parece ser suficiente para os pesquisadores sugerirem que a eleição do capitão se deveria a uma patologia específica de seus eleitores: o autoritarismo. Dizem Franco e Pound:

“O poder preditivo foi maior para a OSD e para o endosso do fundamento moral da autoridade, com os eleitores de Bolsonaro tendo notas mais altas nessas duas dimensões ligadas ao autoritarismo. O endosso do fundamento moral da ‘autoridade’ implica crenças nas virtudes de liderança e seguimento e a importância da deferência à autoridade como questão de dever... embora os eleitores de Bolsonaro e Haddad tenham divergido nos vários modos previstos, foi o endosso de dimensões associadas ao autoritarismo (EAD), ao invés da falta de endosso dos fundamentos morais individualizantes, o que melhor distingue os eleitores de Bolsonaro.”

O que é EAD? A “Escala de Autoritarismo de Direita” (Right Wing Authoritarianism) foi desenvolvida por Bob Altemeyer nos anos 80, com base nas ideias de Theodor Adorno, um dos grandes da escola de Frankfurt, para medir os traços típicos de uma personalidade autoritária; uma régua para investigar o fascismo enquanto atitude psicológica. Franco e Pound não aplicaram diretamente a escala EAD em sua pesquisa, mas ao fim do trabalho explicitaram que a investigação foi feita com um olho nela. A pesquisa poderia ser incorporada, então (não sei se essa é a intenção dos pesquisadores), em um esforço mais amplo para descrever o alegado fascismo dos bolsonaristas.

Que dizer disso? Em primeiro lugar, não vamos arrancar os olhos: a aplicação dos dois métodos de pesquisa converge, apontando para uma possível hipertrofia da ênfase na autoridade entre os eleitores de direita. Considerando o histórico nacional, e as discussões históricas sobre o autoritarismo na cultura brasileira, do Raízes do Brasil, de Sergio Buarque de Holanda, a Sobre o Autoritarismo Brasileiro, de Lilia Schwarcz, faríamos bem em pôr as barbas de molho. É claro que a mera existência de uma tendência a respeitar autoridades na assinatura moral de um indivíduo ou grupo não prova, per se, que ele seja, já, autoritário. O vício é sempre a distorção da virtude.

Isso dito, começo com uma objeção fraca, de natureza empírica: ao que parece, o bolsonarismo não promove hierarquia e ordem. Muito antes pelo contrário, como já discutimos nessa coluna: a pregação incessante sobre o respeito às instituições, os deveres coletivos e a confiança na autoridade da ciência não veio da direita, mas da esquerda. Não bate. Claro, pode-se alegar que o autoritarismo não seria o respeito a instituições e autoridades, mas a honra à autocracia. Só que o fundamento moral da autoridade, na Teoria dos Fundamentos Morais, não tem a ver com respeito à autocracia per se. Daí que a investigação deveria ter incluído o sexto fundamento moral, sobre liberdade/tirania, que aparece na obra mais recente de Jonathan Haidt, mas não apareceu no questionário aplicado por Franco e Pound. Eu gostaria de saber quem é mais libertário: o bolsonarista ou o eleitor de Haddad.

Onde está o autoritarismo de esquerda? Todo mundo sabe que ele existe, mas, por algum milagre, não aparecia no mundo da psicologia social e da ciência política

O outro problema, bem mais sério, é que o caráter unilateral da Escala de Autoritarismo de Direita foi recentemente exposto e questionado por uma série de estudos científicos importantes. A questão posta: onde está o autoritarismo de esquerda? Todo mundo sabe que ele existe, mas, por algum milagre, não aparecia no mundo da psicologia social e da ciência política. O próprio Altemeyer chamava o autoritarismo de esquerda de “monstro do lago Ness da psicologia política”.

Até que Thomas Costello, professor da Emory University, publicou no ano passado, na revista da Associação Americana de Psicologia, uma nova escala de autoritarismo muito mais refinada, para identificar sua versão esquerdista. Um dos méritos da nova escala foi mostrar que o autoritarismo de esquerda existe, mas opera diferentemente do de direita. Envolve agressividade anti-hierárquica, censura de cima-para-baixo, e anticonvencionalismo, entre outras travessuras. O assunto foi matéria de um artigo de Sally Satel na The Atlantic em setembro do ano passado: “Os especialistas de algum modo fizeram vista grossa para o autoritarismo de esquerda”. E – sou obrigado a comentar – ambos os artigos, o científico e o jornalístico, saíram depois que o estudo de Franco e Pound foi encaminhado para publicação.

O que penso sobre o assunto é que o autoritarismo de esquerda, tanto o tradicional quanto o identitarista (ou autoritarismo wokeísta, como se fala nos EUA), é um fato público e notório. E o fato de que ele não é devidamente estudado, seja lá nos EUA seja aqui no Brasil (e aqui ainda menos) faz de estudos como o de Franco e Pound ferramentas muito unilaterais e suscetíveis à manipulação política. É claro que eles não podem ser criticados apenas por não fazer uma investigação; mas seu esforço é nitidamente comparativo. Uma investigação sobre autoritarismo usando uma régua feita sob medida para encontrá-lo no grupo que estamos combatendo está a serviço da ciência ou da política? Depende... do contexto. Das próximas investigações. Será que alguém vai investigar o autoritarismo de esquerda e nos dar uma visão mais realista sobre o processo político brasileiro? Alguém vai investigar o fascismo identitário? Seria uma beleza.

Uma investigação sobre autoritarismo usando uma régua feita sob medida para encontrá-lo no grupo que estamos combatendo está a serviço da ciência ou da política?

Mas além disso há outra questão muito boa aqui: o empate no índice PPR. Deu pra notar certa frustração no trabalho. Não era para o eleitor de Haddad ser tão tribal quanto o de Bolsonaro! Mas isso nos leva diretamente ao maior problema do artigo: ele quer explorar “os alicerces da polarização política no Brasil”. E tenta encontrar a causa, ou algo dela, investigando o eleitorado bolsonarista. Tudo errado. Em seu livro mais recente, Em Busca da Nação, Antonio Riserio não deixa o leitor se esquecer sobre a origem do “nós x eles” bolsonarista:

“A polarização agressiva, pretendendo rachar a sociedade brasileira, foi introduzida com força total depois que Duda Mendonça foi expelido do marketing petista, por comprometer Lula em depoimento no Congresso... O recurso, então... foi o apelo ao brutalismo demagógico. Bipartição nacional que se repetiu em 2010 e se estendeu à campanha vergonhosa de 2014, exemplo de delinquência eleitoral que só concorreu para degradar a democracia brasileira. Até que o ‘nós x eles’ foi também incorporado pela direita e tudo descambou para a polarização fratricida da campanha de 2018.”

O que me faz pensar que a primeira parte do artigo científico, na qual se discute à guisa de introdução a surpreendente guinada autoritária e populista à direita, é um pouco sem contexto histórico, para ser caridoso. O fato é que havia um processo anterior se desdobrando a partir da esquerda, e que ajudou a fazer a gestação da nova direita. Algo similar ao que Mark Lilla descreveu em O Progressista de Ontem e o de Amanhã, com referência aos EUA de Trump. No dizer de Antonio Riserio, havia um fascismo identitário à solta.

Franco e Pound querem explorar “os alicerces da polarização política no Brasil”. E tentam encontrar a causa, ou algo dela, investigando o eleitorado bolsonarista. Tudo errado

Há suporte científico para isso: segundo um estudo da brasilianista Amy Erica Smith (Iowa State University) com Taylor C. Boas (Boston University), há evidência de uma correlação entre o aguçamento das políticas de sexualidade pela esquerda identitária e a ascensão da direita cristã na América Latina e no Brasil. Segundo o estudo Religião, política sexual e a transformação dos eleitorados latinoamericanos:

“A emergência de novas clivagens eleitorais ao redor das políticas de sexualidade e religião deve ser atribuída não a mudanças demográficas graduais, como o crescimento do evangelicismo ou do desenvolvimento humano e da pós-modernização (...), mas antes a ações específicas das elites políticas, frequentemente em aliança com movimentos sociais progressistas.”

Ora, do mero fato de que havia essa movimentação não se segue que ela fosse radical ou fascista, evidentemente. Mas, se há uma ligação causal entre identitarismo e radicalização à direita, essa possibilidade não pode passar sem checagem. Penso que não faltam razões para considerar a agressividade e o autoritarismo de setores da direita bolsonarista como uma reação à agressividade e ao autoritarismo de setores da esquerda identitária e de decisões políticas desastrosas de governos anteriores a Bolsonaro. Essa possibilidade precisa ser seriamente investigada; do contrário, o fenômeno do neopopulismo de direita continuará sendo visto enviesadamente, como uma creatio ex-nihilo.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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