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Cassandra em frente à cidade de Troia em chamas, em pintura de Evelyn De Morgan.
Cassandra em frente à cidade de Troia em chamas, em pintura de Evelyn De Morgan.| Foto: Reprodução/ Wikipedia

Já pensou se todo o espaço dado no noticiário ao PIB de 1,1% tivesse sido dado também à menor taxa de juros da história? Não dá pra imaginar, né? Então vamos ser mais modestos: já pensou se a menor taxa de juros da história merecesse metade do espaço dado ao PIB de 1,1%? Continua difícil de imaginar, né? Mas sonhar é de graça, então vamos passear um pouco mais no mundo da imaginação.

Como seria se a repercussão da alta do dólar fosse a mesma que a da queda do desemprego? Ia ter gente sem nem saber onde anda a cotação da moeda americana...

Imagina se a infinidade de manchetes sobre a subida do preço da carne se repetisse um mês depois, quando o preço da mesma carne caiu... Ok, vamos fazer por menos: se a queda do preço tivesse merecido um terço das manchetes de quando a carne cara virou sinônimo de crise nacional. Parece delírio? Então vamos continuar delirando, que a carne é fraca.

Solte sua mente e tente pensar como seria se a carne – ainda ela, a vilã temporária de uma disparada inflacionária que não existiu – reaparecesse dominando o noticiário quando os Estados Unidos decidiram, depois de quase três anos, voltar a comprar carne brasileira. Como seria se essa decisão tão importante para a economia nacional fosse para o topo do debate sobre a... economia nacional – a exemplo do surto catastrófico de dois meses antes com a subida do preço da mesma carne?

Aí você vai interromper este delírio para advertir: deixa de ser burro! Quer comparar a monotonia de uma boa notícia com o charme da catástrofe?! Você tem toda razão, não dá nem pra saída.

Mas vai dar uma voltinha aí no jardim das cassandras em flor que nós vamos dar mais uma delirada aqui.

Imagina se a barulheira com a queda da bolsa tivesse acontecido durante um ano inteiro de recordes sucessivos na mesma bolsa? Aí você interrompe o passeio para explicar: só a queda faz barulho. Subida é silêncio – a não ser que bata no teto. Alguém poderia argumentar que a bolsa furou o teto em 2019, o que você rebateria com facilidade: teto é metáfora, chão é realidade.

Claro que 100 mil pontos na bolsa não é nem nunca será chão – mas ninguém aqui vai querer estressar a sua jardinagem fúnebre. Continuemos nosso devaneio sem querer ofender ninguém.

Lembra a mobilização do debate nacional em torno da notícia (falsa, mas isso é problema dela) de que a Amazônia estava desaparecendo numa progressão sem precedentes e escandalizando o mundo? Então tenta imaginar uma fração desse interesse para difundir que o mundo está voltando a confiar no Brasil, como mostra o menor risco país da década. Difícil imaginar, né? Ok, nessa nós fomos longe demais.

Então vamos para de imaginar e falar das coisas como elas são. O PIB tão comemorado pelos fracassomaníacos não revoga a realidade que eles deploram: todos os setores da economia aumentaram suas previsões de investimento e voltaram a contratar. As reformas fiscais, a queda dos juros e a desburocratização (Liberdade Econômica) estão favorecendo o empreendimento – o que já aparece no próprio PIB, com o aumento do crescimento do setor privado em relação ao setor público.

Tem muita gente trabalhando duro contra os parasitas e as epidemias. A pior delas é a do cassandra vírus.

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