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Plenário do STF
Plenário do STF| Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O Supremo Tribunal Federal embarcou num truque dos advogados da bandidagem e atentou contra o próprio Poder Judiciário. Usar uma premissa sobre o cronograma dos processos – não amparada em lei – para tornar sem efeito condenações já sentenciadas é muito grave. O STF é uma vergonha maior do que você supunha.

E agora? Agora, nada. Tudo igual. Esse truque específico ainda não tinha sido tentado pelos supremos companheiros, mas várias outras cascas de banana e malandragens do direito tarja preta já tinham sido lançadas contra a operação Lava Jato. Inquéritos sobre a Odebrecht já foram fatiados pelo STF, por exemplo, para que saíssem das mãos do então juiz Sergio Moro na eterna tentativa de aliviar Lula. Não adiantou nada.

Algumas investigações acabam sendo prejudicadas ou retardadas com essas rasteiras, puxões de cabelo e dedo no olho praticados por suas excelências togadas. Mas a Lava Jato é a Lava Jato – e não qualquer das outras forças-tarefa que não chegaram aos seus pés – porque seu padrão de investigação é impecável. A forma como Sergio Moro sentenciou Lula é uma aula de estratégia. Foi um longo cerco, porque uma alma honesta como a do ex-presidente conta com inúmeras coreografias acima da lei, montadas por seus advogados milionários e executadas com a ajuda de muita coação e pressão política.

Se a Lava Jato não morreu na praia com Lula, não morre mais.

O STF confirmando em definitivo a decisão surrealista do caso Bendine – mandando os processos retrocederem para a defesa poder ler as alegações dos outros réus antes de apresentar as suas – uma série de punições serão prejudicadas. Por outro lado, a força-tarefa tem uma infinidade de frentes de investigação abertas e várias delas, a todo momento, chegam a termo para novas condenações – desses mesmos réus e de outros comparsas que ainda não tinham entrado no radar da operação. O STF é uma vergonha mas não tem o poder mágico de apagar crimes (embora desejasse ter).

Se o processo do sítio de Atibaia voltar à primeira instância, por exemplo (um escândalo), Lula ficará sem a pena recebida em sua segunda condenação – 12 anos e 11 meses a menos. Um retrocesso em termos de justiça, sem dúvida. Mas ele é réu em outros oito processos, com alguns chegando a termo – como o que envolve corrupção em Angola via BNDES – e aí está o que importa: a elucidação do assalto ao Estado brasileiro e a punição dos criminosos prosseguirá. Não apenas desmascarando esse populismo cleptocrático travestido de progressismo, como vacinando as instituições contra o sequestro político.

Com um detalhe importante: Lula vai ganhar tempo no caso de Atibaia, mas vai ser condenado de novo – pelo simples fato de que é ladrão e isso está solidamente demonstrado no processo. Passará a poder ler as delações dos outros réus antes de apresentar suas alegações finais? Divirta-se, vai pegar cana do mesmo jeito. E aí não vai mais adiantar pedir para voltar o filme.

Atibaia e o Triplex do Guarujá são duas provas visíveis da corrupção de Lula associado a um cartel de grandes empreiteiros para roubar o Brasil, mas há várias outras – e os agentes da Lava Jato têm uma multidão de dados sobre a ação da quadrilha e suas ramificações. A delação-chave de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, por exemplo, traz uma massa colossal de informações que vão gerar novas linhas de investigação e de acusação. Essa devassa não tem volta.

O povo continuará indo às ruas contra a picaretagem do STF – o que até aqui dissuadiu o circense tribunal de soltar Lula na mão grande – e os integrantes da Lava Jato ganham uma motivação adicional. Uma alta corte agindo em conluio com advogados nadando em dinheiro roubado é uma razão de viver para qualquer verdadeiro homem da lei. Que esse escárnio seja transformado em oportunidade para fortalecer as investigações onde elas foram constrangidas – como no plano de fuga de Cerveró, que envolve gente graúda do assalto ao pré-sal e não teve as devidas punições.

A Lava Jato já mostrou ao Brasil – e vai mostrar de novo – que o Padrão Moro veio para ficar.

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