No dia da morte de Silvio Santos, a “Veja” deu a seguinte manchete: “A ideologia política de Silvio Santos: beija-mão de militares a Bolsonaro”.
Vamos ser mais específicos: essa “notícia” foi publicada não apenas no dia da morte do dono do SBT, mas cerca de uma hora depois de informado o falecimento. Você nem sabia que os urubus poderiam ser tão velozes.
A primeira e inevitável conclusão dispensa todas as outras: Silvio Santos continua vivo e a “Veja” morreu.
Dito isso, vamos ao beija-mão.
Se você afronta o luto e sai correndo para expelir uma pensata de quinta categoria sobre a vida do falecido, você está beijando a mão de quem? A sordidez é um bom patrão? E se você atropela o luto de alguém para usar a morte como outdoor, qual é a sua ideologia política? Resposta correta: nenhuma. Você é apenas um bagaço moral.
Mas claro que você quer dar a impressão de ter uma ideologia política - calculando que o seu público (?) lhe atribuirá uma grandeza que você não tem. O que você faz, então? Usa a desonestidade intelectual - especialidade da casa. Pega uma foto de Silvio Santos no auditório diante de um telão com a imagem de Bolsonaro. Qual o efeito visual que você consegue, com a sutileza que só as aves de rapina têm? Bolsonaro fica maior que Silvio Santos na foto.
No dia da morte de Silvio Santos. Uma hora após o anúncio da morte de Silvio Santos.
O bolsonarismo e o fascismo imaginário viraram um anabolizante para os medíocres. Viraram a desculpa preferencial dos parasitas. Viraram o grande álibi dos inúteis
Como classificar uma imprensa que se demite da missão jornalística e abraça sofregamente uma cartilha politicamente correta, woke ou que nome se queira dar a esse sacolão de virtudes de mentira? Panfleto vip? Fake news de grife? Fique à vontade para escolher sua definição preferida.
Algumas horas depois do vexame da manchete “beija-mão”, a “Veja” voltou à carga, mostrando que seria implacável com os enlutados: “A relação complexa de Silvio Santos com a comunidade LGBT+”. Não é nada complexa a relação da revista com seus propósitos inconfessáveis: vamos pisar na morte para beijar a mão dos cínicos.
Claro que isso aí não é defesa de minoria alguma. Demagogia jamais serviu para proteger ninguém.
E outros veículos que já foram grandes entraram na mesma sanha de avacalhar o luto por Silvio Santos com “matérias” instantâneas sobre quem vai mandar no SBT, etc.
Muito triste o funeral da velha imprensa.
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