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Os protozoários do Estado
| Foto: Pixabay

Um procurador pediu ao Tribunal de Contas da União a abertura de investigação sobre prejuízos causados à economia nacional pelo ministro Paulo Guedes – por conta de sua fala que mencionou o AI-5 (mencionou como algo indesejável, mas claro que isso sumiu no noticiário). O referido procurador disse que o ministro da Economia fez o dólar disparar. Cumpre fazer de saída um esclarecimento ao leitor: isto não é uma piada. Ou melhor: é, mas foi sem querer.

Você tem todo o direito de estar otimista com a agenda positiva de Paulo Guedes, que entregou em 2019 todas as metas fixadas por sua equipe – inclusive metas ousadas, como a lendária reforma da Previdência. Mas o seu otimismo, em se tratando de Brasil, não pode ficar cego para certos choques de realidade paleozoica como a descrita acima. Sim, o país ainda tem em seu serviço público, em áreas de alta responsabilidade – e com excelente remuneração – figuras carnavalescas como esse tal procurador.

Não o citaremos nominalmente apenas pelo singelo detalhe de que o objetivo de um procurador carnavalesco é procurar carnaval, como o nome já diz, e aí o melhor a fazer é economizar confete e serpentina para deixá-lo requebrando sozinho, sem música, sob as manchetes amigas.

A pirueta ridícula desse personagem nem mereceria qualquer comentário – por ser ridícula – mas, ainda que desprezível, ela tem sua importância: é uma representação alegórica do Brasil fisiológico que lutará com todas as suas forças contra a libertação do país. A agenda liberal em curso fará sumir do mapa boa parte desses parasitas de boa aparência apadrinhados pelos populistas simpáticos que arrancam as calças do povo, que ninguém é de ferro. A prova disso é que o primeiro-ministro Rodrigo Maia – aquele grande brasileiro que passa a vida tentando sabotar Paulo Guedes e depois vira pai das reformas dele – adotou o mesmíssimo discurso. Maia é hoje um dos despachantes dessa casta perfumada e reacionária que dorme e acorda pensando naquilo: sabotar o governo.

Rodrigo Maia disse – em sua enésima tentativa de estigmatizar Paulo Guedes – que a fala do ministro era um fator de insegurança para o país e negativa para a confiança dos investidores. Pare de ler este texto, dê uma rápida volta ao mundo e pergunte em todos os continentes quem poria seu dinheiro sob a responsabilidade de Paulo Guedes e quem o poria aos cuidados de Rodrigo Maia.

Perguntou? Pois é. Conclusão: Rodrigo Maia dizer que Paulo Guedes afasta investimento é mais ou menos como o capim declarar que o sol ameaça a vegetação. Ficou claro? Admita que nunca foi tão fácil entender a fotossíntese.

O procurador semianalfabeto que resolveu usar o TCU para fazer sua panfletagem colegial contra o fascismo imaginário deveria ser punido. Um servidor público pago por você não pode fabricar uma premissa vagabunda – o AI-5 como fator de pressão cambial não serve nem para samba-enredo – com o intuito de transformar a obrigação de fiscalizar as contas públicas num arroubo de politicagem. O nome disso é contrabando. Não tem ninguém vendo? Quem é que cuida da birosca?

Esse negócio de tráfico institucional já deu cadeia no Brasil – Lula está condenado a mais de um quarto de século de prisão justamente por usar as instituições para enriquecer o seu bando – e vem mais por aí. A decisão do TRF-4 condenando o ex-presidente em segunda instância no processo de Atibaia (e aumentando a pena em 5 anos) foi um recado claríssimo ao Supremo Tribunal Federal – que estava tentando melar esse processo na mão grande, com tramoias como aquela do caso Bendine. O sonho do STF é fazer os crimes da Lava Jato desaparecerem com uma varinha de condão.

O problema é que o Brasil real acordou e já avisou nas ruas que a grana do cartel fez o diabo pelos seus prepostos – menos lhes dar uma varinha de condão. Entendam de uma vez por todas, prezados protozoários de butique: o truque não funciona mais.

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