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Na última semana, circulou com força nas redes sociais um vídeo com falas do governador de Nova York, Andrew Cuomo, supostamente colocando em dúvida as políticas de distanciamento social.

Trata-se de uma montagem com frases coladas sem contexto. O pretexto deliberado é o de distorcer o sentido do que foi dito, colocando na boca de Cuomo uma análise que ele não fez.

Mas vamos ao que de fato Cuomo reporta em sua coletiva:

O levantamento a que ele se refere foi feito com um número limitado de pessoas. As informações foram colhidas durante 3 dias de 1269 pacientes em 113 hospitais de Nova York.

Notem: o número não é relativo ao total de infecções, e sim de uma parte dos que foram internados.

Vale ressaltar: não se trata de pesquisa científica, são informações sobre pacientes recentes. Como um formulário. Esse formulário não trata nem mesmo do universo de internações anteriores, muito menos dos infectados anteriores (que compreende um número ainda maior de pessoas).

A maior parte dos internados são de fato pessoas que estão em casa, mas isso não significa que sejam pessoas praticando isolamento social, ou em lockdown. Pessoas em casa podem receber visitas, passear e conviver com outras que estão trabalhando ou estudando.

No vídeo editado, a legenda insere a palavra lockdown entre parenteses para se referir a esses que "estão em casa". Ocorre que eles não estão lockdown, já que NY não decretou essa medida. É simplesmente uma mentira!

Alguns detalhes importantes que precisam ser destacados: 96% dos pacientes que forneceram informações para o levantamento feito em NY tem comorbidades, a maior parte deles tem acima de 51 anos de idade e são de uma área específica do Estado.

Em nenhum momento Cuomo e sua equipe se colocam contra o isolamento social. Muito pelo contrário, reforçam a mensagem a favor dessa medida. Eles atribuem essas novas internações ao comportamento desse grupo de pessoas, que podem não estar seguindo as recomendações sanitárias.

A rede bolsonarista quer pegar um recorte de 3 dias num quadro de meses de uma pesquisa com um número limitado de pessoas, sendo elas apenas as que foram internadas e com isso fazer uma contestação definitiva das quarentenas.

Vídeos assim circulam pelas redes sociais com um grau de contágio ainda maior do que o coronavírus. A disseminação da desinformação acaba sendo também um vetor de contaminação da doença, já que mobiliza o espectador a se expor, submetendo-o a um risco ainda maior.

É fake News que pode matar.

>> O vídeo original e na íntegra pode ser assistido no link que aparece aqui.

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