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Foto: Isac Nóbrega/ Presidência da República
Foto: Isac Nóbrega/ Presidência da República| Foto:

A demissão de Luiz Henrique Mandetta vinha sendo planejada desde que seu trabalho no Ministério da Saúde começou a dar resultado. Trazer resultado é um insulto quando o resultado, ainda que positivo, contraria as expectativas presidenciais ou joga luz sobre seu obscurantismo.

Ninguém esperava que o ministro da Saúde fosse se transformar no mais importante entre os apóstolos do Messias. Ele não é – nunca foi – herói. Aliás, quem quer que tenha aceitado trabalhar neste, para este, governo, merece desconfiança já na largada.

Mas, por infelicidade do acaso, o mundo se viu refém de uma pandemia que alterou o curso da história recente, inverteu a ordem de prioridades e redimensionou papéis. No princípio, Bolsonaro se orgulhava do subordinado eficaz. Até perceber que essa eficácia podia lhe trazer “prejuízo”.

Desse momento em diante, Mandetta deixou de ser bem visto nas trincheiras do Planalto. De soldado exemplar se converteu em mau exemplo. Seu pecado foi insistir nas diretrizes ortodoxas de combate à pandemia, que ainda reputam o isolamento como principal medida. Desagradou o chefe, que gosta de heterodoxia.

O futuro do novo ministro, Nelson Teich, dependerá apenas de seus próprios deméritos. Se for ruim, fica; se for razoável, sai.

Líder de ímpeto autoritário e vocação de colaboracionista, Bolsonaro não nega a própria natureza. Precisa eliminar aqueles que lhe questionam os meios. Como o escorpião da fábula, sabe que é o que é. Sua paranoia não lhe permite pensar com acuidade, nem agir com gratidão. Não faz troca ministerial: faz expurgo político.

“O Estado sou eu”, bradaria logo de uma vez, se conhecesse a história e a anedota. Porque age tal e qual. Mas não conhece nada.

É só um presidentezinho.

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