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Foto: Gabriela Biló/ Estadão
Foto: Gabriela Biló/ Estadão| Foto:

Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), declarou que a divulgação na íntegra do vídeo – daquele vídeo – é um ato impatriótico. Foi além: é um gesto que coloca em risco a segurança nacional, exclamação.

Estou de acordo com o general.

Como não seria impatriótico, e mesmo atentatório à reputação do país, à segurança nacional e, quiçá, à estabilidade da América Latina e arredores, que uma reunião como aquela – aquela – viesse à tona?

Recapitulemos.

No dia 22 de abril estiveram reunidas aproximadamente 30 pessoas, do presidente da República ao cinegrafista, dedicadas aos urgentes assuntos públicos, privados e familiares. Convenhamos, se segredos houvesse, não haveria segredos. Ignoro o que Augusto Heleno pensa sobre a segurança nacional, mas suspeito que tinha gente demais para sigilo de menos.

Ali foram ditas e tratadas coisas tremendas.

Damares Alves, ministra que se ocupa em aborrecer a mulher, a família e os direitos humanos, sugeriu a prisão de prefeitos e governadores que não concordassem com as diretrizes do Planalto.

Abraham Weintraub, ministro que se esmera em deseducar, cometer erros de português e combinar entrevistas, atribuiu às mães dos ministros do Supremo Tribunal Federal habilidades profissionais não exatamente apresentáveis em currículos de mães de ministros do Supremo Tribunal Federal.

Paulo Guedes e Rogério Marinho, por sua vez, à moda de Caim e Abel, trocaram acusações e ofensas como se de oposição fossem. De certa forma, é o que são.

E, como de costume, o dono da festa ameaçou expurgos (que se confirmariam com as saídas de Sérgio Moro e Nelson Teich), prometeu cargos ao Centrão (que se confirmarão em breve) e declarou mais o seguinte (que se confirma):

Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar foderem minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar, se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”.

Augusto Heleno está militarmente certo: as vergonhas a gente lava em casa. Não é de bom-tom que reuniões ministeriais – em especial, as brasileiras; entre as brasileiras, as deste governo – sejam publicadas sem as devidas edições, decupagens e melhorias técnicas.

Temos o direito de fazer ameaças, ofertas, promessas como bem quisermos; temos o direito de sabotar as instituições, a democracia, a impessoalidade como bem nos aprouver. Ninguém tem nada com isso – salvo uns duzentos milhões de trouxas, como diria o Guedes.

Caso contrário, se tudo o que for de interesse público vier realmente a público, o que vão pensar de nós?

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