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Sistema véli'v, de Lyon: pioneirismo no uso da bicicleta como transporte público.

Sistema vélo’v, de Lyon: pioneirismo no uso da bicicleta como transporte público.

Encravada na confluência dos rios Ródano e Saône, a cidade francesa de Lyon foi pioneira ao incluir a bicicleta no “menu” do sistema de transporte público – modelo hoje copiado em mais de 500 cidades ao redor do mundo e que começa, timidamente, a ser implantado em algumas cidades brasileiras.

A iniciativa partiu da empresa de mídia exterior JCDecaux no ano de 2005 após uma experiência laboratório em Viena, na Áustria, implantada dois anos antes . Atualmente, o sistema de bike-sharing da capital da região Ródano-Alpes, chamado vélo’v, conta com mais de 75 mil usuários cadastrados e registra cerca de 30 mil deslocamentos ao dia e 7 milhões ao ano.

“Não inventamos a bicicleta, mas inventamos um serviço que estimula o deslocamento multimodal e melhora a qualidade de vida nas cidades”, defende o diretor regional da JCDEcaux Pascal Chopin. Segundo ele, o sistema induziu o poder público a investir no modal bicicleta, com a construção de ciclovias e ciclofaixas, implantação de paraciclos, programas de educação para o trânsito. O resultado não foi apenas o aumento no número de usuários das bicicletas do vélo’v.

Pascal Chopin, diretor da JCDecaux:

Pascal Chopin, diretor da JCDecaux: ““Não inventamos a bicicleta, mas inventamos um serviço que estimula o deslocamento multimodal e melhora a qualidade de vida nas cidades”.

“O sistema público de aluguel de bicicletas teve um importante papel no estímulo ao uso de meios alternativos de deslocamento na cidade. Em oito anos, dobrou o número de usuários de bicicletas nas ruas”, explica Chopin. Hoje, em Lyon, 4% dos descolamentos urbanos são feitos sobre duas rodas.  “Lyon tinha pouca ciclovia. Elas vieram na sequência, com o aumento da demanda ocasionada pela oferta das bicicletas de aluguel”, completa.

Em Lyon, o vélo’v é integrado ao restante do sistema e permite o uso integrado da bicicleta com o sistema de ônibus, metrôs e trens urbanos. A anuidade do sistema custa 15 euros (cerca de R$ 47) e permite o uso gratuito da bicicleta por até meia hora, sem limite de retiradas.

De acordo com o executivo, o sucesso de qualquer sistema de aluguel, em qualquer cidade do mundo, depende de cinco fatores chaves para ter sucesso:

1)      Ter um serviço automatizado, acessível 24 horas por dia, 7 dias por semana, com a gratuidade da primeira hora de uso;

2)      Rede capilarizada, com uma estação a cada 300 metros e equipamentos de qualidade;

3)      Acesso facilitado por meio de cartão de crédito para turistas e visitantes;

4)      Sistema informatizado, com uso de tecnologia digital e compatibilidade com o sistema NFC, que permite identificação através de dispositivos móveis;

5)      Integração com os outros modais do sistema público de transporte.

Sistema público abriu caminho para construção de ciclovias e dobrou número de usuários da bicicleta em Lyon.

Sistema público abriu caminho para construção de ciclovias e dobrou número de usuários da bicicleta em Lyon.

“A bicicleta é o último elo da cadeia do deslocamento urbano e cumpre bem o papel em distâncias até dois quilômetros”, explica o executivo, ressaltando que o sistema de Lyon oferece uma ampla rede de metrô, BRT (sistema de ônibus em faixas exclusivas), veículo leve sobre trilhos (VLT), veículo leve sobre pneus (VLP).

A cidade francesa de Lyon é “cidade irmã” de Curitiba, São Paulo e Goiânia. A JCDecaux, que opera em 3,7 mil cidades em 55 países participa de uma licitação na cidade de São Paulo. O edital, entratanto, não prevê a implantação do sistema de aluguel de bicicletas. Nenhuma cidade latino-americana em que a companhia atua tem o sistema de compartilhamento de bicicletas. Ao redor do mundo, a JCDecaux opera cerca de 50 mil bicicletas em 67 cidades com mais de 300 milhões de aluguéis em 10 anos.

 

*O jornalista viajou a convite do Ministère des Affaires Étrangères do governo da França.

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