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Alvaro, Arns e Oriovisto: as posições e as bandeiras dos senadores do Paraná
| Foto: Ilustração: Felipe Lima

Das 54 vagas em disputa no Senado Federal nas eleições 2018, 46 foram ocupadas por senadores que não estavam no cargo na legislatura anterior. A taxa de renovação de 85% prenunciava mudanças que agora começam a tomar forma. Com quatro meses de funcionamento da nova composição já há pistas do rumo do Senado, especialmente ao olharmos para a bancada do Paraná, que trocou Roberto Requião (MDB) e Gleisi Hoffmann (PT) por Oriovisto Guimarães (Podemos) e Flavio Arns (Rede). Mesmo Alvaro Dias (Podemos), que não precisou disputar as eleições para seguir no mandato, parece ter adotado novas estratégias após a frustrada candidatura à presidência da República.

Analisando a bancada paranaense coletivamente, três pontos se destacam: a união interna; o alinhamento com o governo estadual; e a postura independente em relação ao governo federal.

Tanto a coesão da bancada quanto o bom relacionamento com o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) já eram esperados. Alvaro e Oriovisto são do mesmo partido e o empresário, ao entrar na política, declarou sua admiração pelo agora colega senador. O entrosamento com Arns acontece porque, apesar de filiado a outra legenda, ele tem adotado posições políticas semelhantes a dos outros paranaenses. A predisposição ao diálogo do ex-petista é outra característica que colabora. Esse mesmo contexto ajuda a explicar a relação amistosa com o governador do Paraná, que em 2018 teve o apoio do Podemos em sua campanha.

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Já a postura independente e por vezes crítica em relação à gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem uma dose de surpresa. Oriovisto, que parecia ser o mais entusiasmado com o bolsonarismo durante a campanha eleitoral, agora não hesita em apontar problemas no governo. Ele já criticou diversas vezes a errática articulação política e os embates ideológicos descolados da realidade que o governo patrocina. Isso, entretanto, não o impede de declarar sua admiração pela política econômica conduzida pelo ministro Paulo Guedes.

Arns e Alvaro não embarcaram tanto no bolsonarismo durante a campanha eleitoral. Na atuação parlamentar, demonstraram independência do governo especialmente ao não seguir – e até censurar – a mudança de opinião do Palácio do Planalto em relação ao destino do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A mesma postura foi vista na discussão da Medida Provisória 867, que o Planalto queria aprovada a toque de caixa pelo Senado mesmo com dezenas de jabutis colocados pela Câmara na proposta. Os dois senadores se alinharam ao grupo de parlamentares que pressionou o presidente do Senado para não votar a medida.

Individualmente, cada senador do Paraná busca suas pautas e caminhos legislativos.

Novato na política, Oriovisto parece ter se assustado com o modo como os assuntos públicos são conduzidos em Brasília. Após longa carreira no setor privado, a impressão é de que ele olha os processos políticos com olhos de consultor. Essa leitura explicaria sua preocupação com questões estruturais e as constantes reclamações sobre a demora para as coisas andarem no Congresso Nacional. Desde que assumiu o mandato, propôs, entre outras medidas, a redução do número de partidos políticos no Brasil e a “responsabilidade compartilhada” do servidor público, inspirada na lógica da administração privada. O projeto prevê o congelamento dos salários de servidores em caso de déficit primário e o pagamento de bônus quando houver superávit.

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Flavio Arns tem se dedicado especialmente a matérias relacionadas à educação, área à qual foi ligado durante toda sua trajetória política. O principal projeto a que se dedica é a relatoria da PEC 65/2019, que torna definitivo o Fundeb, fundo que financia a educação básica. Na discussão do “novo Fundeb”, algumas de suas propostas são a oferta de educação em tempo integral em pelo menos 50% das escolas públicas e a destinação de 10% do PIB para a educação pública.

Ainda que esteja na continuidade do mandato conquistado em 2014, Alvaro também tem um pouco de novidade. Sua atuação parlamentar que desde a época do PSDB parecia descolada da composição partidária agora está mais coletiva. Como líder do Podemos, ele conseguiu levar senadores de outros partidos para a legenda e hoje lidera uma bancada de oito parlamentares. Em grupo, ele tem conseguido amplificar suas pautas, que, assim como na campanha de 2018, estão sintonizadas com os movimentos de rua que surgiram após 2014. Suas principais bandeiras são o combate à corrupção, a defesa da Lava Jato e o fim do foro privilegiado.

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