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Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete do governo Beto Richa (PSDB)
Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete do governo Beto Richa (PSDB)| Foto:

* Originalmente, o post informava que Deonilson Roldo ocupava oito cargos no governo do estado. Às 17h30 de sexta-feira (11), entretanto, o ex-secretário informou ao blog que deixou duas funções: a de conselheiro fiscal da Cutia Empreendimentos Eólicos e a de membro do Comitê de Indicação e Avaliação da Sanepar

Na conversa com o diretor-executivo da Construtora Contern em que foi gravado tentando dissuadir a empreiteira de participar da licitação da PR-323 para supostamente beneficiar a Odebrecht, o ex-chefe de gabinete do governador Beto Richa (PSDB), Deonilson Roldo, ofereceu, em contrapartida, a possibilidade de participação do Grupo Bertin, dono da construtora Contern, em possíveis obras da Copel. Quatro anos após a gravação, Roldo ocupava dois cargos de destaque na empresa estatal e outros quatro na estrutura do estado. Na sexta-feira (11), o governo anunciou a demissão do ex-chefe de gabinete do governador de todas as funções.

Até a sexta-feira, Roldo era Diretor de Gestão Empresarial da Copel. Ele foi indicado ao cargo pela governadora Cida Borghetti (PP) e assumiu no dia 12 de abril, depois de ocupar a chefia de gabinete desde 2011 até o último dia de Beto Richa no comando do estado.

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Além da diretoria da estatal, ele também integrava o conselho fiscal da São Bento Energia, Investimentos e Participações, subsidiária da Copel.

Deonilson também tinha cargos em outras estatais do governo do Paraná. Ele era membro dos Comitês de Indicação e Avaliação da Celepar, da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina e da Fomento Paraná.

Esses cargos nos Comitês de Indicação e Avaliação são remunerados, mas nem todas as estatais divulgam o valor de quanto é pago. No Porto de Paranaguá, os integrantes do Comitê recebem 1,4 mil por mês, independente da realização de reuniões. Na Fomento Paraná, o valor mensal é R$ 2,7 mil. Roldo também tem um assento no Conselho Estadual de Trânsito.

Até o começo de abril, como chefe de gabinete do governador, Deonilson Roldo integrou também o Conselho de Controle das Empresas Estatais.

Entre as atribuições do Conselho estão: assessorar o Governador na criação, alienação, fusão, cisão, liquidação e extinção de empresas sob controle direto do Estado; e emitir pareceres com orientação de voto do Estado nas Assembleias Gerais Ordinárias e Extraordinárias realizadas por empresas sob controle direto do Estado.

Outro lado

Em nota, Deonilson Roldo disse que nunca cometeu “qualquer irregularidade em 34 anos de exercício de funções na administração pública”. “Estou sendo vítima de chantagem continuada, a partir de uma gravação clandestina feita por pessoa que esteve uma única vez em meu gabinete, no governo do estado, em 2014, buscando informações sobre uma Parceria Público Privada. A própria conversa, repito, gravada de forma premeditada, ilegal e com interesses escusos, mostra que não houve pedido de favorecimento a ninguém. Tampouco os fatos posteriores indicaram que pudesse ter havido qualquer prejuízo aos interesses da administração pública. Nunca interferi ou sugeri qualquer direcionamento no processo licitatório da PR-323. Desde meados de 2015, quando houve a descoberta da existência dessa gravação clandestina, tenho sido vítima de ameaças e chantagens nos bastidores, com pessoas se utilizando inescrupulosamente de um suposto comportamento criminoso de minha parte – o que nunca ocorreu. Sou acusado caluniosamente de tratar de uma licitação com um empresário que não participou desse processo e de lhe oferecer vantagens na negociação de um empreendimento cuja venda não se efetivou. Isso para beneficiar uma terceira parte numa obra que nunca foi realizada. Ou seja, nada do que insinuam aconteceu. A existência dessa gravação, por si só, não compromete a minha postura de respeito e observância às leis e à ética. Até porque, como disse antes, a referida conversa não teve efeito prático nenhum. Só serve para alimentar interesses levianos de ex-políticos que provavelmente não se conformam de não obter, imagino eu, vantagens com chantagens ou práticas que nunca foram admitidas durante a minha passagem pela administração pública”, diz o texto.

Beto Richa

Em nota, o ex-governador Beto Richa informou que desconhece qualquer encontro do seu então chefe de gabinete com representante da construtora mencionada. “De qualquer forma garante que nunca autorizou qualquer pessoa a fazer tratativas para interferir em qualquer processo licitatório em seu governo”.

Odebrecht

A Odebrecht informa que está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. “Assinou Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador, Panamá e Guatemala. Implantou um sistema para prevenir, detectar e punir desvios ou crimes. E adotou modelo de gestão que valoriza não só a produtividade e a eficiência, mas também a ética, a integridade e a transparência”, registra em nota.

Contern

“A Contern, empresa de engenharia e construção pesada com inúmeras grandes obras realizadas, participou da licitação da PR 323, do mesmo modo que concorreu em outros tantos processos licitatórios. O engenheiro Pedro Rache exerceu durante vários anos funções de direção na Contern, tendo sob sua responsabilidade interação com os órgãos públicos aos quais as licitações estavam vinculadas. Em nenhum momento, a Contern recebeu sinais de que o referido processo licitatório estaria direcionado para uma ou outra determinada construtora”, informa a Contern em nota.

Copel

A Copel também nega irregularidades. “A Copel nunca recebeu do Governo do Estado pedido ou orientação para aquisição do Complexo Termoelétrico Aratu ou qualquer outro empreendimento ou ativo. A empresa tem administração independente e autonomia em suas decisões, vinculadas a protocolos de governança inerentes à regulação do setor elétrico, Comissão de Valores Mobiliários, Securities Exchange Commission e Lei Sarbanes Oxley (a Copel está listada na Bolsa de Nova Iorque), além de toda a legislação aplicável.

– Sobre o Complexo Aratu, informamos que, em 5 de março 2012 a Copel lançou a Chamada Pública 003/2012 para buscar oportunidades de negócios na área de energia.

– A Chamada teve inscrições encerradas em 14 de janeiro de 2014 e foram analisados 32 projetos de diversas empresas de todo o Brasil, entre eles dois da Bertin Energia, referentes ao Complexo Termoelétrico Aratu e à Usina Térmica Borborema.

– O Grupo de Trabalho responsável pelas análises emitiu parecer pela não aquisição de nenhum dos 32 projetos por não se enquadrarem nos critérios técnicos, regulatórios ou financeiros estabelecidos pela Chamada Pública.

– A Copel enviou à Bertin Energia carta de encerramento de oportunidade da Usina Térmica Borborema em 25 de abril de 2013 e do Complexo Termoelétrico Aratu em 31 de julho de 2014.

– Ou seja, os ativos da Bertin Energia oferecidos na Chamada Pública não foram adquiridos pela Copel.

– Adicionalmente, informamos que a Copel não tem parcerias nem nunca adquiriu ativos da Bertin Energia”, registra a Copel em nota.

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