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Deputado Felipe Francischini (PSL-PR)
Deputado Felipe Francischini (PSL-PR)| Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A semana que passou não foi boa para o deputado federal Felipe Francischini (PSL-PR). Certamente não foi boa para nenhum deputado do PSL, mas os problemas do presidente da Comissão de Constituição e Justiça foram além da querela partidária que dominou a semana.

A semana começou com um confiante Francischini chamando uma coletiva de imprensa no fim da tarde de segunda-feira (14) para anunciar que no dia seguinte colocaria para votação em uma reunião extraordinária da CCJ o relatório da Proposta de Emenda à Constituição que permite a prisão de condenados em segunda instância. A matéria está na comissão presidida por Francischini desde o começo de abril, mas o deputado não a havia colocado para apreciação do colegiado.

O que motivou a decisão de incluí-la na pauta sem antes negociar com outras lideranças foi o fato de o Supremo Tribunal Federal ter agendado a análise do mesmo assunto para a quinta-feira (17). Francischini não escondeu essa motivação.

Os membros da CCJ, entretanto, não gostaram da manobra de Francischini. A reação mais óbvia veio da oposição, que apresentou requerimentos para tentar impedir a análise do texto.  Os partidos do chamado centrão, que poderiam orientar seus parlamentares para a derrubada desses requerimentos, liberaram a bancada. Com isso, diversos deputados engrossaram o coro da oposição e passaram a criticar o Francischini.

No momento mais tenso da reunião, ele se despiu do manto institucional que parecia ter incorporado desde que assumiu a presidência da CCJ e insultou deputadas de oposição. “Você é chata demais, deputada”, disse à petista Maria do Rosário. Sem condições de fazer a pauta andar, o deputado encerrou a reunião da comissão. No dia seguinte, em novo encontro da CCJ o relatório favorável à proposta foi lido pela deputada Caroline de Toni (PSL-SC), mas logo outros parlamentares pediram vistas da matéria. Com isso, a proposta deu um pequeno passo a um custo político muito alto para Francischini.

Brigas no PSL

Conforme as disputas dentro do PSL foram se intensificando ao longo da semana, o deputado foi angariando novas dores de cabeça. O ápice foi a conversa gravada pelo deputado Daniel Silveira. Da ala bolsonarista do partido, ele se infiltrou em uma reunião fechada do grupo mais ligado a Luciano Bivar, do qual Felipe Francischini faz parte.

No encontro, o deputado paranaense expôs uma articulação incipiente que pretende fundir o PSL e o DEM. A revelação do áudio incomodou lideranças do Democratas que precisaram vir a público para desmentir os planos.

Na mesma gravação, Francischini fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro.

"A gente foi tratado que nem cachorro desde que ele ganhou a eleição. Nunca atenderam a gente em porra nenhuma. A única [inaudível] foi no Coaf e ele ainda [inaudível, mexendo na roupa e falando] ... o partido ... fode todo mundo e daí a gente vai lá e dá a liderança para ele achar que está tudo bem? Porra, o que ele tá oferecendo? Ele só liga na hora que tá precisando de favor para foder com alguém”, disse.

As falas do deputado trazem incômodos também para seu pai, o deputado estadual no Paraná, Fernando Francischini. Ele lidera uma bancada de sete deputados estaduais do PSL e precisa da força desse grupo para pavimentar seu caminho para a disputa pela prefeitura de Curitiba em 2020. Além disso, Francischini pai já deixou claro que a proximidade com Jair Bolsonaro é fundamental para o sucesso de sua campanha eleitoral no ano que vem.

Para tentar pacificar a relação com o Planalto, Fernando Francischini propôs que a secretária-geral do partido, Flávia Francischini, com quem é casado, entregasse o cargo para que a função fosse ocupada por alguém indicado por Jair Bolsonaro.

A fala de Felipe Francischini sobre a fusão de PSL e DEM joga incertezas também sobre a candidatura de seu pai à prefeitura de Curitiba. Isso porque o atual prefeito da capital paranaense, Rafael Greca, é filiado ao DEM e já deixou clara sua intenção de disputar a reeleição. Em uma eventual fusão, um dos pré-candidatos ficaria sem espaço.

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